Petrobrás mata trabalhador e depois culpa o morto!
A lógica perversa da política de SMS da Petrobrás, que transfere para o trabalhador a responsabilidade pela segurança, punindo as vítimas e protegendo os gestores, atingiu o máximo da crueldade. Ao contestar a ação do filho de Luis Augusto Cabral, o técnico de operação da Reduc que morreu em 31 de janeiro de 2016, ao cair dentro de um tanque com óleo a uma temperatura de 75 graus, a empresa teve o desplante de culpar o petroleiro pelo acidente, que, comprovadamente, foi causado pela negligência e omissão da gerência da refinaria.
Contrariando todos os relatórios dos órgãos fiscalizadores que investigaram o acidente, a Petrobrás negou qualquer envolvimento na morte do operador e, pior, transferiu para ele toda a responsabilidade pelo ocorrido. A empresa chegou ao cúmulo de afirmar que desconhecia o que Cabral fazia no teto do tanque, que, apesar de estar visivelmente corroído pela ferrugem e condenado pelos fiscais do Ministério do Trabalho, só foi interditado pela Reduc, após a morte do operador.
Mais do que absurda, a inversão de papéis feita pela Petrobrás é um desrespeito não só à família de Cabral, mas a todos os trabalhadores. Cinicamente, a empresa tenta desqualificar um operador experiente, que era referência em Transferência e Estocagem na Reduc e que, absurdamente, acabou perdendo a vida em um acidente que poderia ter sido evitado, se os gestores cumprissem sua função de garantir a segurança. O que fizeram, no entanto, foi exatamente o oposto. Além de terceirizarem as inspeções de equipamentos próprios, ainda foram coniventes com uma série de fraudes cometidas na refinaria, inclusive na inspeção do tanque que causou a morte de Cabral. O descalabro foi tamanho que a Reduc teve o certificado de Spie cassado pela Comcer.
Como a FUP e seus sindicatos denunciam há anos, o modus operandi dos gestores é burlar as normas e procedimentos de segurança para depois tirarem o corpo fora, culpando e punindo os trabalhadores, como fez a Petrobrás ao contestar a ação em que o filho de Cabral responsabiliza a empresa pela morte do pai. Só falta a empresa querer processar por improbidade administrativa os técnicos que, anos antes do acidente, já haviam condenado a corrosão do tanque.
Mais do que nunca, é preciso denunciar as arbitrariedades de um sistema de consequências que tem por foco a punição e não a prevenção. Por isso, é fundamental que os trabalhadores utilizem o “Formulário de Não Conformidade”, que a FUP e seus sindicatos estão distribuindo em todas as unidades do Sistema Petrobrás, mais um instrumento de luta, que, junto com o Direito e Recusa, deve ser priorizado pela categoria na busca por condições seguras de trabalho.
Acesse https://goo.gl/LRmn7t , assista ao vídeo que explica como preencher o “Formulário de Não Conformidade” e ajude a divulgar essa importante ferramenta para denunciar as arbitrariedades e desvios cometidos pela Petrobrás. É preciso que deixemos claro para os gestores que colocar vidas em risco não é acidente e sim crime.
FUP