Nov 25, 2024

Manual para entender por que a Lava Jato tem motivação política

A literatura política brasileira está recheada de histórias que comprovam a máxima “aos amigos, tudo; aos inimigos, a lei”. É uma tradição das elites brasileiras o uso da polícia e da Justiça como arma, quando o voto não é favorável aos seus interesses. A ofensiva contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a presidenta Dilma Rousseff e o PT não desmentem a história.
 
Antes da Constituição de 1988, o aparelho policial e Judiciário dependiam diretamente dos donos de votos nos Estados e no governo federal. Nos Estados, os oligarcas mantinham-se poderosos graças ao clientelismo; a uma Justiça a ele submisso; a uma polícia que era a extensão de seus interesses; e à mídia (jornais, rádios e televisões) que, se não era de propriedade do próprio chefe político, recebia dinheiro do governo suficiente para que apenas escrevesse o que fosse autorizado.
 
São inúmeras as histórias que se pode contar sobre esse tempo – como é o caso de um chefe político do Nordeste que, governador mandato sim, mandato não, mantinha os inimigos continuamente processados por um Tribunal de Justiça cujos desembargadores compareciam a uma reunião semanal em sua casa, para receber as ordens de como julgar os seus desafetos e os seus amigos.
 
Todas as mudanças promovidas na Justiça, na Polícia e no Ministério Público pela Constituinte não foram capazes, todavia, de imunizá-los contra a sedução que o poder econômico e político exerce sobre eles. A mídia tradicional é capaz de tornar um simples procurador ou juiz em rei da pátria, desconhecer as mazelas de aliados e manipular a opinião pública para aceitar uma condenação injusta. Os interpostos dos aparelhos policial e judicial, ao atuarem em favor do status quo, passam a ter direito ao ingresso nesse seleto grupo de pessoas muito poderosas que, se não estiverem no governo, têm instrumentos suficientes à disposição para inviabilizar o oponente que venceu as eleições – e voltar ao poder.

Esse é o maior poder de sedução que a elite exerce sobre o aparelho burocrático do Estado: os que ocupam o poder em oposição a eles são intrusos, o aparelho de Estado é deles, por direito divino e, quando a ele retornarem, o conjunto das forças que contribuíram para derrubar o inimigo com o uso da Justiça – e a ajuda inestimável da polícia e do Ministério Público -- estará no poder. O aparelho burocrático, se tiver algum sentimento de pertencimento, será esse: às forças que se juntam para evitar que a realidade social e política do país mude o menos possível, e manter os interesses historicamente estabelecidos. A burocracia é facilmente cooptável pelo status quo.
 
Nessa estrutura política, o voto é descartável. Duas louváveis leis para moralização das eleições, ao longo dos anos, por exemplo, têm se mostrado facilmente manipuláveis, sem que instrumentos efetivos de controle dos agentes que as executam protejam as vítimas de seus desmandos. A lei que proíbe o abuso do poder econômico, por exemplo, chegou a cassar o mandato do senador João Capiberibe (PSB-AP) por conta de uma única denúncia, da qual nunca se provou a veracidade, de que um único voto havia sido comprado por R$ 5. Assumiu no seu lugar o candidato que perdeu a eleição por muito mais do que esse voto. A Lei da Ficha Limpa, se pode livrar o país de corruptos comprovados, também tem o poder de inviabilizar políticos importantes na vida nacional que não tem respaldo dessa elite político-burocrático-midiática. A deputada Luiza Erundina (PSB-SP) quase perdeu o direito de se candidatar porque o Tribunal de Contas do Município (TCM), com quem teve sérias divergências quando prefeita, a condenou mais de uma década depois. As leis estão sujeitas aos agentes, e boa parte deles têm lado.

Fonte: Carta Maior
Créditos da Imagem: Waldemir Barreto

 

 

Sindicatos mobilizarão sociedade contra cessão de campos de petróleo e venda de ativos

Reunidos no último fim de semana (5 e 6/03), em Salvador (BA), os sindicatos de petroleiros dos Estados da Bahia, Ceará/Piauí, Espírito Santo, Sergipe/Alagoas e Rio Grande do Norte decidiram deflagrar uma ampla campanha de sensibilização da opinião pública, com o propósito de mobilizar a sociedade civil para a defesa da permanência da Petrobrás nas atividades de exploração e produção de petróleo e gás em campos terrestres.

 

A deliberação foi tomada após um amplo debate de avaliação da conjuntura econômica e política nacional e internacional, no qual foi identificado um intenso açodamento das forças políticas entreguistas, ávidas por desconstruir a Petrobrás e abrir a exploração do petróleo brasileiro, especialmente, nas áreas do pré-sal, para grupos privados e grandes empresas petrolíferas estrangeiras.

 

Durante o encontro, que teve a participação dos diretores Márcio Dias e Pedro Lúcio, pelo SINDIPETRO-RN, os representantes sindicais também traçaram estratégias e diretrizes para a construção de um plano de ação conjunta a fim de barrar a entrega dos campos terrestres em seus respectivos estados, assim como o processo de alienação de ativos.

 

Na última quarta-feira, 4, a Petrobrás anunciou ao mercado financeiro, por meio de um boletim denominado “Fato Relevante”, que deu início ao processo de “cessão dos direitos de exploração, desenvolvimento e produção de petróleo e gás natural". Além desta operação, a Diretoria da Companhia também informou a aprovação da venda de ativos ligados às concessões dos mesmos campos terrestres.

 

Doação

 

De acordo com o Jornal “Valor Econômico”, com a cessão da exploração em campos terrestres a Petrobrás espera arrecadar cerca de R$ 800 milhões. No entanto, segundo a análise feita pelos Sindicatos, apenas nessa primeira “liquidação” serão subtraídos ao povo brasileiro cerca de 257 milhões de barris de óleo e gás em reservas provadas.

 

Considerando que “reservas provadas” são aquelas já descobertas, em plena produção, e que o barril de petróleo ainda não extraído vale, hoje, cerca US$ 3, ou R$12, o volume repassado pela Petrobrás estaria avaliado em mais de R$ 3 bilhões. Para os petroleiros, essa diferença representa uma verdadeira “doação”, sem contar que, de brinde, os beneficiários ainda levarão toda a infraestrutura de escoamento, bombeamento, tratamento e transferência do petróleo e do gás para Refinarias e Terminais.

 

Plano de ação

 

Decididos a construir um plano unitário de ação, os sindicatos de petroleiros reunidos em Salvador entendem que a luta em defesa da Petrobrás não deve ser restringida à categoria petroleira. Para os representantes sindicais, a questão do petróleo se insere em um contexto mais amplo, que envolve a luta em defesa da soberania nacional, da democracia, dos direitos dos trabalhadores e contra a fascistização do regime, exigindo:

 

a)      A deflagração imediata de mobilizações junto à categoria petroleira já a partir da próxima quarta-feira, 9/03, nas áreas administrativas, e nos dias 10 e 11/03, nos principais campos terrestres;

 

b)      A intensificação das articulações junto aos governos estaduais, municipais e federal, onde for possível;

 

c)      A reunião imediata de todo o movimento sindical petroleiro, visando a construção de um calendário de ações unitárias, juntamente com os demais movimentos sociais;

 

d)      A abertura de discussão sobre a proposta de realização de uma greve em defesa dos campos terrestres;

 

e)      A elaboração de uma campanha midiática em nível nacional;

 

f)       O desenvolvimento de ações jurídicas contra a venda dos campos terrestres;

 

g)      A realização de seminários sobre a temática do petróleo brasileiro (geopolítica do petróleo, Pré-Sal, campos terrestres, etc.).

 

NOTA DE CONVOCAÇÃO À CATEGORIA PETROLEIRA

"Quando os nazistas levaram os comunistas, eu calei-me, porque, afinal, eu não era comunista. Quando eles prenderam os sociais-democratas, eu calei-me, porque, afinal, eu não era social-democrata. Quando eles levaram os sindicalistas, eu não protestei, porque, afinal, eu não era sindicalista. Quando levaram os judeus, eu não protestei, porque, afinal, eu não era judeu. Quando eles me levaram, não havia mais quem protestasse"
Martin Niemöller, foi um pastor luterano alemão durante a ascensão do nazismo.

 

Um dia que valerá por anos! Neste momento da história do nosso país, posições tem que se definir, pois seremos cobrados no futuro pelo que fizemos ou deixamos de fazer. No dia de hoje fomos acordados com a notícia da ação da Polícia Federal em relação ao Presidente Lula e sua família. De forma arbitrária e sem nenhuma necessidade foi conduzido de forma coercitiva para depor (sobre isso, leia a nota do Instituto Lula aqui). Mais uma ação midiática da dita operação Lava-jato. O objetivo do espetáculo não é o combate a corrupção, mas criminalizar o projeto político progressista representado por Lula. Mais que atacar o homem Luis Inácio, é a necessidade de destruir o símbolo, “o operário que ousou se eleger e fazer um governo de inclusão social e soberania nacional” que move a direita reacionária e conservadora. Isso com o objetivo claro de inviabilizar a candidatura de Lula em 2018. Por isso criam muitas inverdades para desgastar sua imagem e de seu projeto.

 

Martin Niemöller, citado acima, era um pastor luterano conservador, anticomunista e patriota que percebeu tarde demais o perigo que o nazismo representava. Só quando interviram na Igreja Evangélica Luterana Alemã ele reagiu questionando. Pois bem, a diretoria do Sindipetro-RS não fará isso. O que acontece hoje tem pouco a ver com Lula e tudo a ver com o projeto da direita para o nosso país. E só ver as propostas que estão no atual congresso nacional para entender o que eles querem. Privatização de todas as estatais(PLS 555), terceirização de todos os postos de trabalho (PL4330), entrega do pré-sal (PLS131), são só os exemplos mais gritantes. Muitos dirão que o PT é culpado, que o Lula também, que a Dilma é fraca e titubeia, mas nada justifica o atropelamento a Constituição feito hoje. Nossos direitos trabalhistas e grandes avanços sociais estão sob ataque. Caso o regime de exceção prevaleça teremos um futuro muito difícil para a nossa sociedade. Aqui cabe outra citação de Martin Luther King: “O que me preocupa não é o grito dos maus. É o silêncio dos bons.”

 

Por isso companheiros e companheiras, a diretoria do Sindipetro-RS esta convocando para as manifestações que a CUT e os movimentos sociais farão no próximo dia, 18/03, em Porto Alegre.


Diretoria Colegiada do Sindicato dos Petroleiros do Rio Grande do Sul

 

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