Nov 28, 2024

Sob pressão, Câmara adia votação de emendas a PL 4330


Nesta semana não se vota mais o Projeto de Lei 4330/2004. O texto, porém, ainda não foi engavetado. Ainda. É fato, porém, que o Congresso acusou o golpe da paralisação nacional comandada pela CUT nesta quarta-feira (15), que pintou de vermelho todos os estados do Brasil.

Enquanto isso, dentro da Câmara dos Deputados, o presidente da Casa, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), grande defensor do PL que permite a terceirização sem limites, teve que suspender a sessão.

Foi necessário convocar uma reunião de líderes partidários para não votar os destaques ao texto-base sob o risco de ser derrotado nos temas centrais (leia no final) por não ter maioria no parlamento.  

Os pontos polêmicos, conforme já havia destacado o Portal da CUT, podem ser votados somente na próxima quarta (22) e quinta-feira (23). A decisão, porém, não é garantida, já que a definição dos parlamentares sobre a medida provisória 665, que altera as regras para acesso ao seguro-desemprego trancará a pauta.

Como já era visível na terça, quanto mais conhecem o projeto, mais parlamentares mudam de lado e, diante da pressão nas ruas, nas bases eleitorais e nas redes sociais temem ter o nome atrelado a um texto que rasga a CLT e acaba com direitos trabalhistas.

Partidos como PDT, PP e PSDB, que votaram majoritariamente a favor do PL 4330 no último dia 8, já não concordam com pontos como a terceirização da atividade-fim.

Secretária de Relações do Trabalho da CUT, Graça Costa, defende que a divisão das bancadas é resultado da postura truculenta de Eduardo Cunha, que insiste em evitar o debate sobre o tema e tentar acelerar a decisão. O próximo passo, define, é arquivar o texto.

“Teremos tempo agora para conversar com os deputados e solicitar que retirem o projeto da pauta, uma afronta à classe trabalhadora”, disse.

Pontos polêmicos

Para a próxima semana ficaram emendas sobre artigos polêmicos como a terceirização na atividade-fim, hoje proibida no Brasil.

A CUT e a esmagadora maioria do Judiciário trabalhista entendem que, se aprovada, a medida abrirá brechas para que as empresas possam substituir trabalhadores contratados diretamente por terceirizados com a redução de salários e benefícios. Há uma emenda do PT para impedir esse modelo de relação trabalhista.

Outro item é a responsabilidade solidária. O texto do PL 4330 determina que, em caso de calotes das terceirizadas, a empresa tomadora de serviço somente arcará com as dívidas trabalhistas se comprovada a ausência de fiscalização. Com isso, o trabalhador somente acionaria a companhia principal após esgotados todos os recursos de cobrança contra a terceirizada.

A Central cobra que a responsabilidade seja solidária para que a cobrança possa ser feita diretamente à empresa principal e o PCdoB apresentou emenda nesse sentido

Outra questão polêmica é o enquadramento sindical. Um dos artigos da lei determina que, quando o contrato de terceirização se der entre empresas da mesma categoria econômica, os empregados da contratada envolvidos serão representados pelo mesmo sindicato dos da contratante.

Porém, em diversos casos a empresa especializada não é da mesma atividade econômica. Por exemplo, uma metalúrgica não contratará necessariamente outra metalúrgica para fazer determinado serviço terceirizado, abrindo a possibilidade de uma fragmentação da representação sindical dentro do ambiente de trabalho e diminuindo o poder dos trabalhadores.

Para a CUT, a representação sindical deve considerar sempre a atividade essencial da empresa tomadora de serviços.

Representação sindical e PJ

A Central é contrária também a qualquer forma de subcontratação (permissão para que a terceirizada contrate outra empresa num processo de quarteirização) e de “pejotização”, a transformação do trabalhador em pessoa jurídica (PJ), sem carteira assinada e direitos trabalhistas. O ponto conta com uma emenda do PT para impedir esse modelo de contratação

Alguns poucos mecanismos de barreira, como a permissão de contratar o mesmo funcionário no modelo apenas após 24 meses, têm encontrado resistência.

A extensão da terceirização para o trabalhador rural pode ainda dificultar a fiscalização das condições do trabalho e, conforme defendem entidades como a Anamatra (Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho), pode colocar em xeque a PEC (Proposta de Emenda Constitucional) do Trabalho Escravo.

O PSDB também apresentou emendas por isonomia de direitos entre terceirizados e contratados diretos e para que sejam considera a soma entre trabalhadores direitos e terceiros no cumprimento da lei de cotas para contratação de trabalhadores com deficiência.

Caso esse ponto não seja aprovado e o PL 4330 aprovado como está, as empresas poderão burlar a atual legislação.

Fonte: CUT

No Dia Nacional de Paralisação contra o PL 4330, trabalhador terceirizado se acidenta em Manaus

Exatamente no dia em que os trabalhadores e movimentos sociais se uniram para protestar contra o projeto de lei que amplia a terceirização no Brasil e, para mostrar à sociedade os riscos que o PL 4330 representa à classe trabalhadora, mais uma vez a precarização do trabalho mostra a sua face mais cruel. Segundo informações do Sindipetro Amazonas, na tarde desta quarta-feira, 15, um petroleiro terceirizado da Distribuidora Equador (empresa situada próxima à Refinaria de Manaus), foi vítima de um choque elétrico. Ainda segundo o sindicato, o trabalhador foi encaminhado ao hospital em estado inconsciente.

O Sindicato dos Petroleiros do Amazonas está em busca de maiores informações.

Petroleiros do RS entram em greve por 24h

Dia Nacional de Paralisação

 

Os trabalhadores e as trabalhadoras da REFAP deflagraram greve por 24h na manhã dessa quarta-feira, 15 de abril, contra o PL 4330, mais conhecido como o PL da escravidão. Além da refinaria, também houve atraso na entrada do expediente do Tedut, terminal da Transpetro.

 

Os protestos contra o PL da escravidão acontecem em todo o país, com a adesão de diversas categorias, como metroviários, rodoviários, bancários, metalúrgicos, químicos e trabalhadores do setor de serviço e comércio.

 

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Repercussão assusta Câmara e pode brecar lei da terceirização

 

PL 4330

  •  Estima-se que há no Brasil 12 milhões de pessoas em regime de trabalho terceirizado.

  •  Com a aprovação do projeto, esse número subiria para 33 milhões. Será esse o universo dos atingidos pelo   retrocesso proposto pelo 4330, num dos maiores ataques aos direitos trabalhistas, que rasga a CLT e destrói a relação de trabalho. 

  • Terceirizados trabalham, em média, 3 horas a mais por semana do que contratados diretamente. Com mais gente fazendo jornadas maiores,  deve cair o número de vagas em todos os setores.
     
  • Na Petrobrás, mais de 80% dos mortos em serviço entre 1995 e 2013 eram subcontratados. A segurança é prejudicada porque companhias de menor porte não têm as mesmas condições tecnológicas e econômicas. Além disso, elas recebem menos cobrança para manter um padrão equivalente ao seu porte.

  • O salário de trabalhadores terceirizados é 24% menor do que o dos  empregados formais, segundo o Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos).

 

 

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