Em 2014 a Petrobras apresentou seu primeiro prejuízo desde 1991, causado por um ajuste contábil (impairment) fruto da operação Lava a Jato.
A princípio a auditora Price havia levantado um valor de R$ 88 bilhões para o ajuste, valor este que foi aceito e divulgado pela então presidente Graça Foster. O mercado estimava um valor não superior a R$ 20 bilhões. Depois de muita discussão chegaram ao valor de R$ 44 bilhões, que foi aceito pela Price para assinar o balanço sem ressalvas.
Como podemos ver o cálculo do “impairment” varia com o gosto do cliente.
Agora, no balanço de 2015, foram lançados , inesperadamente, mais de R$ 49 bilhões de “impairment”, levando a Petrobras ao maior prejuízo de sua históris (R$ 34 bilhões). A justificativa para o “impairment” divulgada foi (sic) “principalmente em função do declínio dos preços do petróleo”.
Ora, a Petrobras é uma petroleira integrada, com situação completamente diferente de outras petroleiras, pois tem um excelente mercado cativo, que é o mercado brasileiro, e preços de vendas de combustíveis no mercado interno (sua maior fonte de renda) livres das oscilações dos preços do petróleo no mercado internacional.
Na verdade a queda do preço do barril melhora o resultado da empresa, pois reduz o pagamento de royalties e participações especiais, que são vinculados ao preço do barril, e aumenta a margem na revenda de combustíveis importados.
Isto pode ser constatado claramente nas demonstrações financeiras apresentadas, onde houve significativo aumento no lucro bruto e na geração de caixa em relação a 2014.
Inversamente, outras petroleiras, como Chevron e Shell, que tem suas receitas vinculadas ao preço do barril, sofreram expressivas reduções no lucro bruto e na geração de caixa.. Mas , mesmo assim, a Shell não registrou “impairment” e a Chevron contabilizou perdas de apenas US$ 1,1 bilhão, nesta rubrica.
Ao que tudo indica, os resultados de 2016, que certamente virão positivos, serão apresentados como um “fenômeno”, obtido pela atual gestão.
Estamos encaminhando esta contestação para as ouvidorias da Receita Federal e da CVM, com a finalidade de que seja avaliada a consistência dos argumentos utilizados no levantamento destes números, que prejudicam os acionistas (dividendos), os empregados (participação nos lucros) e a imagem da empresa.
Cláudio da Costa Oliveira
Economista Aposentado