Atos contra juros e ajuste fiscal alertam sobre prejuízos para trabalhador
A CUT protestou hoje (28) de manhã contra a política econômica do governo, em frente ao Ministério da Fazenda, em Brasília. Segundo a organização do ato, mais de mil pessoas estiveram no local lembrando que os ajustes promovidos pelo atual ministro da pasta, Joaquim Levy, estão prejudicando a classe trabalhadora.
O protesto ocorreu hoje por ser a data do início da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que define a nova taxa básica de juros (Selic) da economia. A reunião do Copom termina amanhã (29). Os manifestantes planejam, à tarde, sair da área em frente ao Ministério da Fazenda e seguir até o Palácio do Buriti, sede do governo do Distrito Federal.
Segundo Quintino Severo, secretario de Administração e Finanças da CUT, a tendência é que a taxa sofra novo aumento. “Esse ato tem uma importância muito grande, mais uma vez virá um aumento da taxa de juros. Estamos aqui para demonstrar que somos contra o aumento da taxa de juros, estamos lutando contra isso, para que a classe trabalhadora não seja ainda mais prejudicada. Entendemos que dessa forma, o governo segue investindo na especulação financeira”, afirmou Quintino, que elencou os prejuízos à classe trabalhadora.
“Em primeiro lugar, o desemprego, que vem crescendo. Depois, as medidas de ajuste que retiraram direitos dos trabalhadores, restringindo o Seguro Desemprego, mexendo no abono salarial e outras sanções. Por último, a redução do consumo, que desacelera a produção e faz girar a roda do desemprego”, explicou o secretario de Administração e Finanças da CUT.
Para Rosane Silva, secretária da Mulher Trabalhadora da CUT, o foco da política econômica de Levy está equivocado. “Ele (ministro da Fazenda) coloca o mercado no centro da suas ações, nós entendemos que a classe trabalhadora deva estar no centro. Não vamos tolerar a retirada de nossos direitos.”
Junéia Martins Batista, secretária da Saúde do Trabalhador da CUT, lembrou da MP 656 para explicar o impacto que as medidas econômicas atingem o funcionalismo público. “Essa medida provisória autoriza a entrada do capital estrangeiro na saúde, no SUS (Sistema Único de Saúde). Isso vai contra tudo que temos lutado nos últimos 25 anos para garantir, por exemplo, um plano de carreira aos trabalhadores da Saúde. O que vai ocorrer é mais precarização e terceirização.”
A política econômica adotada pelo atual governo tem afastado a presidenta Dilma Rousseff (PT) das bases populares, afirma Julio Turra, diretor executivo da CUT. “Trocar o rumo da economia no País é uma questão de sobrevivência política. O Ministério da Fazenda quer provocar a recessão para retomar o crescimento, é uma roda sem fim, isso nunca vai acabar”, afirmou o dirigente, que pediu a “urgente baixa da taxa de juros e lembrou que impeachment e tentativas de golpe não serão toleradas pela CUT. “Seremos os primeiros a sair às ruas para defender a democracia e ir contra os golpistas.”
Em São Paulo, os protestos das centrais tiveram concentrados na avenida Paulista, em frente à sede do Banco Central. Participam do ato Força Sindical, CTB, Nova Central e UGT. De acordo com o secretário-geral da Força Sindical, João Carlos Gonçalves, o Juruna, ainda não há estimativa de quantas pessoas participam do protesto, mas a expectativa é que 1,5 mil pessoas cheguem ao local.
“A crise atual tem muitos motivos, e um deles são os juros altos que acabam encarecendo os investimentos na produção, e aumentando também a demissão”, declarou Juruna.
O secretário-geral da CTB, Wagner Gomes, também defende que o governo baixe os juros. “O país está paralisando e, quanto mais se eleva os juros, mais os investidores vão para a ciranda financeira, em vez de investir na produção. Aí, as empresas começam a fechar, e é desemprego na certa”, afirmou. As centrais planejam dar continuidade ao protesto amanhã (29), em frente ao Banco Central, em Brasília.
Ontem (27), as entidades divulgaram nota na qual afirmam que “essa política derruba a atividade econômica, deteriora o mercado de trabalho e a renda, aumenta o desemprego e diminui a capacidade de consumo das famílias e, mais, reduz a confiança e os investimentos dos empresários, o que compromete a capacidade de crescimento econômico futuro”.
A nota também destacou que “a indústria encontra-se, em termos de produção física, abaixo da média do ano de 2008. O comércio apresenta uma inflexão negativa consolidada após anos de crescimento. Os serviços já se encontram em trajetória de desaceleração e os investimentos, não só permanecem em trajetória de queda, como a piora sobre a percepção futura limita qualquer expectativa de recuperação no curto prazo. Nesse contexto adverso somente os bancos estão ganhando. Depois de acumularem lucros muito maiores em 2014 (o do Itaú foi 30% maior e o do Bradesco, 25%) a despeito da estagnação econômica geral, os balanços do primeiro trimestre de 2015 atestaram novos aumentos dos respectivos lucros”.