Nov 27, 2024

Margaridas alertam: golpistas não passarão

A 5ª edição da Marcha das Margaridas coloriu Brasília mais uma nesta quarta-feira (12). Cerca de 70 mil pessoas deixaram o estádio Mané Garrincha logo no início da manhã e seguiram até o Congresso Nacional.

Diante da Casa, homens e mulheres de todas as regiões do país viraram as costas aos ataques do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), às mulheres e aos movimentos sociais. Sob regência do parlamentar, ações como a criação de uma cota de 15% para as mulheres em todos os parlamentos do país foram rejeitadas.  

Durante o trajeto, a maior manifestação popular que a capital federal viu neste ano manteve a pluralidade. Tinha verde e amarelo, mas também muito lilás e vermelho. Nenhuma cor era proibida. Os manifestantes, de diversas etnias, traziam demandas do campo e das florestas: a titulação das famílias já assentadas, o assentamento para quem ainda não tem chão, assistência técnica para quem já produz, mas quer crescer, e o limite da propriedade de terra para quem vê o agronegócio avançar sem freio.

Mas a essas demandas, somaram-se a defesa da liberdade e da democracia num país que conviver com uma onda conservadora. Cartazes que pediam Estado laico e apontavam que o corpo é das mulheres e não da bancada moralista pareceram se multiplicar em relação aos últimos anos.

Liberdade para acabar com a liberdade

Em todas as intervenções sobre os carros de som, o repúdio a qualquer tipo de golpe, dentro ou fora do parlamento, foram pontos comuns. Ali havia muita gente que conhecia de perto o que era perder a vida para garantir o direito à liberdade, inclusive de defender a ditadura, como lembrou a neta de Luís Carlos Prestes, Ana Prestes Rabelo, diante de cartazes fixados nos canteiros que pediam intervenção militar.

“Todos que, de alguma forma, somos herdeiros de uma luta pela democratização, que tivemos familiares muito próximos perseguidos, presos, torturados, muitos ainda desaparecidos, e, independente disso, todos que tem consciência do valor da democracia e da liberdade, estão totalmente atônitos. Não imagina ter que transitar pelas ruas de Brasília e explicar para minhas filhas de cinco e nove anos, em pleno de 2015, o que significa a volta do regime militar”, definiu.

Para ela, todos os partidos e movimentos preocupados com a garantia da legalidade democrática têm a responsabilidade e o desafio de enfrentar a mídia para desenvolver a conscientização político. “É preciso ir para dentro das casas das pessoas, conversar, se reunir, fazer atividades como essas porque, apesar de estarmos há 12 anos na liderança do governo central, não conseguimos enfrentar e avançar numa das principais batalhas que é a democratização da mídia.”

Novo modelo

Já diante do Congresso, a secretária de Mulheres da CUT, Rosane Silva, representou a Central que levou 15 mil mulheres à Marcha e apontou que nenhuma transformação na igualdade entre gêneros será possível sem enfrentar o machismo e o patriarcado.

“O primeiro passo é considerar as mulheres sujeitos políticos que têm direito a políticas públicas que garantam creches para que possamos deixar nossos filhos e ter maior na vida pública, que promovam a igualdade no mundo do trabalho, onde ainda ganhamos menos, mesmo tendo maior escolaridade”, disse.

Ao destacar que a pauta das Margaridas é também a pauta da CUT, a dirigente lembrou que as conquistas da classe trabalhadora foram resultado da luta nas ruas, onde a Central permanecerá em defesa da liberdade e da democracia.

A mudança deve passar pela educação, mas para isso é preciso enfrentar liderançs parlamentares contrárias a uma educação não sexista e à discussão de gênero dentro da escola.

“Passamos por um período de grande enfrentamento recentemente com a direita e com os fundamentalistas religiosos, quando tivemos a discussão dos planos nacional, estaduais e municipais de educação, que pautaram a retirada da educação de gênero, enquanto nós defendemos discutir a violência cotidiana que a mulher sofre. Se não for através da educação, dificilmente mudaremos a cultura machista e patriarcal”, afirmou a professora Lirani, que leciona no Paraná.

“O governo reconhece a violência contra a mulher como crime. Não é natural, não é de família e na escola temos um espaço privilegiado para discutir isso, mostrar a importância de tratar os amiguinhos com igualdade, que a casa é um espaço onde tem de ter companheirismo e as tarefas também devem ser divididas. Temos que naturalizar o debate e não a violência”, definiu a amazonense Isis.

Histórias na bagagem

Apesar de não ter sido divulgado até o momento pela organização do evento, com base na marcha e na presença no Mané Garrincha, a delegação nordestina era a maior do encontro.

Formada por mulheres como a quebradeira de coco Maria da Conceição, de 65 anos, que deixou Igarapé Grande, no Maranhão, enfrentou três dias de viagem e passou a noite acampada no estádio ao lado da amiga Maria Aparecida, diretora do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Igarapé Grande.

Juntas, fizeram eco na defesa da reforma agrária, porque a maioria das quebradeiras é sem-terra, explicaram, e também da presidenta.

“Sabemos que Dilma sozinha não tem força para mudar tudo, por isso vamos pressionar o Congresso para mudar as coisas também. Esse movimento sabe disso e ainda apoia ela”, falou Aparecida.

Enquanto algumas são veteranas de luta, outras são recém-chegadas. Edilene Alves dos Santos, de Mata Grande, em Alagoas, estado de Margarida Alves, sindicalista assassinada em 1983 e inspiração para todas as Margaridas, dizia estar muito nervosa quando chegou ao Mané Garrincha.

Aos 20 anos, a estudante de educação física, enfrentou dois dias de viagem para participar da primeira marcha. “Vim para lutar pelo direito das mulheres. Na minha cidade tem muito preconceito”, dizia ela, que trazia duas malas e a expectativa de ver o estádio lotado de destemidas. 

Fonte: CUT

Marcha das Margaridas reúne mais de cem mil mulheres em Brasília

A esplanada de Brasília foi tomada por mais de cem mil mulheres do Brasil e da América Latina, que realizam nesta quarta-feira, 12, a 5ª edição da Marcha das Margaridas. A manifestação é composta por trabalhadoras do campo e da cidade. O objetivo é apresentar uma pauta de reivindicações que atenda às necessidades das mulheres que vivem e trabalham no campo e se contrapor ao conservadorismo político atual, que pode levar ao retrocesso das conquistas históricas dos trabalhadores brasileiros.

O Coletivo de Mulheres Petroleiras da FUP também está presente na marcha, bradando contra a violência que as mulheres sofrem em seus cotidianos, reivindicando a criação e implementação de políticas públicas que beneficiem as trabalhadoras do campo e da cidade e que reserve mais espaço para mulheres em cargos de poder.

A pauta da Marchas das Margaridas é densa, e resulta principalmente do diálogo e mobilização das mulheres. É um processo que leva um ano de conversa entre as reuniões municipais, nas comunidades, enfim, a pauta traz a voz das margaridas, das águas, das florestas, da juventude, indígenas. As mulheres camponesas têm como ponto central o questionamento ao modelo de desenvolvimento que tem acontecido no campo, principalmente demarcando as nossas posições em torno da soberania alimentar e da terra, água e agroecologia. São eixos centrais, como modelo alternativo para o meio rural. As proposições trazem não só o enfrentamento ao uso indiscriminado de agrotóxicos, e a defesa da agroecologia, como várias proposições com relação à participação das mulheres e o que a gente espera das políticas públicas.

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Margarida Alves, a mulher que inspira a marcha das margaridas

 

Estudo revela que Pré-sal do Brasil contém 176 bi de barris de petróleo e gás

Uma pesquisa realizada pelos professores Cleveland Jones e Hernane Chaves, do Instituto Nacional de Óleo e Gás da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), mostra a existência de pelo menos 176 bilhões de barris de recursos não descobertos e recuperáveis de petróleo e gás na área do pré-sal, que abrange os estados do Espírito Santo, Rio de Janeiro e São Paulo. Ou seja, isso é quatro vezes mais do que os 30 bilhões a 40 bilhões de barris que já foram descobertos na área. Segundo os pesquisadores, isso seria o suficiente para suprir as atuais necessidades do mundo por mais de cinco anos.

De acordo com o professor Jones, a previsão tem 90% de chance de se tornar realidade. Em tese, o total de recursos recuperáveis que ainda não foram descobertos no polígono do pré-sal pode chegar a 273 bilhões de barris, mas esse número só tem uma certeza estatística de 10%.

O professor afirma que as descobertas efetuadas no pré-sal até agora, que alcançam em torno de 40 bilhões de barris, estão incluídas no valor projetado. O trabalho prevê também aumento do número de campos descobertos por produtores no pré-sal, dos atuais 49 campos para “70 e poucos”.

A metodologia adotada é a mesma desenvolvida na Noruega e utilizada por várias empresas no mundo, como a Statoil. Ela usa o fator de recuperação, isto é, quanto petróleo e gás se consegue tirar do pré-sal, da ordem de 30%, e não o fator de 40% a 50% usado pela Petrobrás, por exemplo, explica Hernani Chaves. Segundo ele, usando o fator de recuperação de 30%, presume-se que 70% de petróleo ficam depositados na camada do pré-sal.

Sindipetro-RS com informações da EBC

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