Nov 25, 2024

Projeto de Serra transfere lucros do pré-sal dos brasileiros para multinacionais

O projeto de lei 131/2015, do senador José Serra (PSDB-SP), que tramita em regime de urgência no Senado e deve ser colocado em votação esta semana, pode transferir para as multinacionais os lucros que o povo brasileiro teria com a exploração dos recursos do pré-sal que, pela legislação atual, destinará 50% dos seus lucros para financiar as áreas de saúde e educação. E, para agravar o quadro, ainda colocar o país sob risco ambiental grave e desnecessário. 
 
Quem alerta é o consultor legislativo da Câmara, Paulo César Ribeiro Lima, especialista em petróleo e defensor da manutenção da Petrobrás como operadora única do regime de partilha do pré-sal. “Com este projeto, perde é o povo brasileiro, a receita social do país, a educação e a saúde. Quem ganha são as multinacionais que irão se apropriar dessa renda que o estado perde, e ainda com alto risco operacional”, afirma.
 
De acordo com o consultor, o regime de partilha aprovado para a exploração do pré-sal já é muito ruim, porque implica em alta lucratividade, investimentos baixos e risco praticamente zero para as multinacionais envolvidas. Entretanto, ele avalia que, com a estatal brasileira como operadora, pelo menos uma boa parte dos lucros fica com o Estado brasileiro, inclusive no fundo Social que destina 50% da sua receita à saúde e educação. 
 
Primeiro, porque o Estado brasileiro possui 47% do capital social da Petrobrás. Portanto, 53% dos lucros da empresa vai para os acionistas, mas o restante fica com a União. Segundo, porque os custos de operação da Petrobrás para o pré-sal são menores do que os de qualquer outra empresa do mundo: US$ 9,1 por barril, contra a média mundial de US$ 15 por barril. Portanto, pelas contas do consultor legislativo, se a Petrobrás não tivesse participado de Libras, o Estado arrecadaria R$ 246 bilhões a menos. “Sem a Petrobrás, o dinheiro do pré-sal vai para as mãos das multinacionais”, esclarece. 

Petrobrás como garantia de segurança operacional
 
Paulo César aponta um outro fator importante para a manutenção da Petrobrás como operadora única do pré-sal: a segurança operacional oferecida pela empresa. “A exploração do pré-sal não é para qualquer um. Exige uma perfuração complexa, que irá ultrapassar uma camada de sal. Não é algo nem perto de trivial. Tecnologicamente, para a Petrobrás não tem problema nenhum porque ela já domina a tecnologia, mas com outra empresa, os riscos ambientais são imensos”, alerta. 
 
Ele afirma que não faltam exemplos da inabilidade das demais empresas em operarem camadas profundas. No golfo do México, a multinacional BP, com ampla experiência em perfuração profunda, foi responsável pelo vazamento de óleo que se transformou no maior desastre ambiental dos Estados Unidos. “E lá a BP estava perfurando em uma condição muito menos hostil que a do pré-sal”, ressalta ele. 
 
Na bacia de Campos, foi a Chevron, outra multinacional muito conhecida, que tentou aprofundar a extensão de um poço e causou uma fratura na rocha do entorno. O resultado foi que começou a vazar óleo do fundo do mar. “Nós demos uma sorte danada, porque Deus é brasileiro, e essa fratura não abriu tanto. Se tivesse aberto mais, ia ser pior do que nos Estados Unidos, porque o poço você fecha. Mas aqui ia vazar pelo fundo do mar”, alerta. 
 
Para o especialista, a Petrobrás como operadora é garantia de segurança operacional. “Com outra operadora no pré-sal, é muito grande o risco para o país de que ocorra um acidente ambiental de grandes proporções”, afirma.
 
As falácias sobre a saúde financeira da estatal
 
O PL 131/2015, que tramita em regime de urgência, revoga a participação obrigatória da Petrobrás no regime de partilha do pré-sal, abrindo espaço para a participação de outras multinacionais. A justificativa é que, devido aos recentes escândalos de corrupção, a estatal brasileira acumula uma dívida cinco vezes maior do que seu patrimônio e, por isso, não possui os recursos necessários para investir na exploração do pré-sal. 
 
Paulo César Ribeiro Lima, porém, garante que esta premissa é falaciosa. Segundo ele, a Constituição Federal diz, no seu artigo 20, que o petróleo é um bem da União. E, sendo um bem da União, não pode ser lançado como ativo da Petrobrás antes de ser produzido e estocado. “Ainda que a Petrobrás tenha o direito reconhecido de explorar pelo menos os 46 milhões de barris já descobertos no pré-sal - o que renderia, por baixo, R$ 615 bilhões - a Petrobrás não pode lançar nada disso na sua contabilidade”, informa ele. 
 
Para o consultor, as dívidas e investimentos feitos pela Petrobrás são perfeitamente justificáveis, quando são considerados os recursos que ela têm a explorar. Ele lembra que, há poucos dias, a empresa colocou umas notas globais no mercado e capitou US$ 2,5 bilhões, sendo que a demanda foi de US$ 13 bilhões. “Isso quer dizer que, se a Petrobrás tivesse colocado US$ 13 bilhões, teria vendido essas notas globais todas”, explica. 
 
O modelo predominante no mundo é o estatal
 
Paulo César lembra também que, no mundo, são as operadoras estatais que comandam a exploração de petróleo. De acordo com dados do Banco Mundial de 2010, as estatais têm 90% das reservas provadas e controlam 75% da produção mundial. “Por que nós, que temos este tesouro aqui e uma estatal com capacidade para explorá-lo, vamos colocá-lo nas mãos das multinacionais?”, questiona.
 
O especialista argumenta que até mesmo os Estados Unidos, país tido como altamente liberal, possui amplo controle da produção de petróleo. “Nos Estados Unidos, a exportação de petróleo é proibida. Então, as empresas que lá produzem têm que refinar nos Estados Unidos. E é isso qie cria um mercado próprio e faz com que o preço fique muito mais baixo do que no Brasil. Precisamos acabar com essa ideia de que petróleo é livre-mercado”, afirma.
 
A título de comparação, ele cita também o modelo norueguês, que aumenta a rentabilidade do Estado e permite que o país ostente o maior Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do mundo.  “O modelo norueguês não é o de partilha de produção e nem o de concessão. É uma joint venture, uma associação conjunta, um empreendimento conjunto. E na Noruega, ao contrário do Brasil, o Estado norueguês é o grande parceiro da Statoil, que é a Petrobrás de lá”, explica. 
 
Segundo o consultor, a Statoil, assim como a Petrobrás, tem ações em bolsas, mas muito menos do que a Petrobrás: 70% do capital social é do estado Norueguês. Além disso, na Noruega, o Estado pode investir em parceria com a estatal petrolífera, aumentando os seus rendimentos finais. “O Estado põe dinheiro e ganha dinheiro, porque a receita líquida é muito alta na indústria do petróleo. E esse modelo de parceria Estado com a Statoil faz com que a receita petrolífera lá, para o mesmo valor de produção, seja o dobro do que é no Brasil. Se o petróleo da Noruega fosse explorado por multinacionais, ela jamais teria um fundo nesse valor”, compara. 
 
Quem é o inimigo?
 
Paulo César alerta ainda que não são apenas os senadores que apoiam o projeto de José Serra que querem colocam em xeque a existência da estatal brasileira, tida como verdadeiro patrimônio do povo. Segundo ele, a atual diretoria da Petrobrás também tem dado sinais de que participa do movimento entreguista liderado pela direita brasileira. Exemplo seria o próprio plano de investimentos lançado agora pela Petrobrás, que corta a produção em oito unidades operacionais. 
 
“Eu costumo dizer que a maior inimiga da Petrobrás é sua atual diretoria. A empresa não precisava cortar a curva de produção como cortou. E nós precisamos entender que não estamos lutando apenas contra os senadores entreguistas. Este novo plano de investimentos da Petrobrás é criminoso. A luta também tem que ser contra a atual diretoria da Petrobrás, que é entreguista também”, conclui.

Por Carta Maior.

No primeiro dia de tarifa de ônibus a R$ 3,75, manifestantes tomam as ruas de Porto Alegre

Em um ato que lembrou as primeiras manifestações de 2013, milhares de pessoas marcharam no centro de Porto Alegre nesta segunda-feira (22), dia em que entrou em vigor o aumento de 15,38% na tarifas de ônibus. O transporte coletivo na capital gaúcha passou de R$ 3,25 para R$ 3,75, causando indignação na população.

Desde as 17h, coletivos integrantes do Bloco de Luta pelo Transporte Público se concentraram em frente ao Paço Municipal, em um ato visivelmente maior que o da última segunda-feira (15), quando ainda não se sabia o valor do reajuste. O aumento foi anunciado na sexta-feira (19) e entrou em vigor sem passar pelo crivo do Conselho Municipal de Transporte Urbano (Comtu).

Entoando “ai, ai, ai, ai, se lutar o ajuste cai”, por volta das 18h30, os manifestantes começaram a se organizar para sair em caminhada. Antes da marcha, uma “catraca” feita de papel e um boneco com uma máscara representando o prefeito José Fortunati (PDT) foram queimados pelos militantes.

Por cerca de duas horas, a caminhada seguiu pelas ruas do Centro em ritmo frenético, sem perder o ânimo, representando a indignação dos participantes com o aumento. “Muita gente decidiu se juntar à passeata conforme íamos passando, pessoas que já estavam no Centro”, afirmou Júlio Câmara, do coletivo Juntos, um dos organizadores do ato.

Iniciando pela avenida Júlio de Castilhos, os manifestantes deram a volta no Terminal Parobé e, diferentemente da semana passada, seguiram pelo Viaduto da Conceição, entrando no túnel. Desde o início do protesto, ônibus não circulavam no Centro. No túnel, em um dos momentos mais emocionantes da noite, os ativistas pulavam entoando “somos o povo e esse aumento nós vamos derrubar”. Em seguida, fizeram silêncio ao passar pela Santa Casa.

Após chegar à avenida João Pessoa, os manifestantes dobraram em direção à Salgado Filho, retornando ao Centro, de onde seguiram pela Borges de Medeiros e encerraram no Largo Zumbi dos Palmares. Ao passarem por áreas residenciais, os manifestantes pediam “quem apoia pisca a luz”, enquanto diversos moradores dos prédios no entorno seguiam a solicitação e os saudavam nas janelas.

A Brigada Militar acompanhou o ato pela parte de trás do protesto, enquanto a Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC) ia na frente, realizando bloqueios das ruas por onde os manifestantes passavam. Em determinados momentos, o protesto chegou a se dividir em mais de uma parte, entoando diversas músicas, devido à grande quantidade de pessoas.

O Bloco de Lutas estima que milhares de manifestantes tenham aderido, mas o número exato não foi consenso entre os participantes, que estimaram entre 2 mil e 5 mil pessoas. “Queremos chamar a população de Porto Alegre, dos bairros, sindicatos, estudantes, para que se somem à nossa assembleia no dia 24, no Simpa”, chamou Lorena Castillo, uma das integrantes, ao final do protesto.

O grande número de adesões foi explicado pelos organizadores como um reflexo da indignação geral da população com o aumento, além da descoberta da “farsa” que foi a licitação do transporte. “A postura da Prefeitura impactou negativamente. Fizeram campanha falando que havia frota nova, que era um momento histórico, mas não foi isso o que aconteceu na prática”, avaliou Matheus Gomes.

“A lorota desse novo sistema de transporte não foi aceita pelo povo. Desses novos ônibus que a Prefeitura anunciou, apenas 12 são realmente novos. Isso foi só para deixar palatável esse aumento, que é o maior do país”, destacou Júlio.

Um pouco antes do ato, parlamentares do PSOL protocolaram uma ação cautelar contra o aumento das passagens do transporte coletivo. Eles argumentam que a licitação está sendo contestada na Justiça pela Stadtbus, empresa que foi desclassificada — e era a única que não operava o sistema quando a licitação foi feita — , além do fato de o reajuste não ter passado pelo Comtu, que deveria ter sete dias para estudar o valor proposto.

Fonte: Sul21

Notas de Falecimentos

É com pesar que o Sindipetro-RS informa os seguintes falecimentos:

Do companheiro aposentado Valmor Souza Côrrea, ocorrido no dia 23 de fevereiro. O companheiro foi admitido na Petrobrás em 1969, como Técnico de Operação, e se aposentou em 1989.

Do companheiro aposentado Luiz Antônio Nunes da Silva, ocorrido no dia 20 de fevereiro. O companheiro foi admitido na Petrobrás em 1988, como Técnico de Enfermagem, e se aposentou em 2002.  

O Sindicato deixa registrado os pêsames aos familiares e amigos.

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