“Aumento de salário possibilita recuperação econômica antecipada, impedindo um ciclo vicioso de aumento de desemprego, queda nos salários e redução do consumo e da produção”. A afirmação consta no artigo “Aumento do piso regional é possível”, da economista Anelise Manganelli, do Dieese-RS, publicado na edição desta segunda-feira (22) do Jornal do Comércio.
Ela destaca a reivindicação do reajuste de 11,68%, defendida pelas centrais sindicais, aponta que o projeto do governo Sartori de reajuste de 9,612% está abaixo da inflação do período, que foi de 11,31%, e acentua a importância do salário mínimo regional para a economia do Rio Grande do Sul. “Serão 1,09 milhões de trabalhadores beneficiados, R$ 131,6 milhões no bolso dos trabalhadores e R$ 70,9 milhões em arrecadação de impostos por mês.”
Anelise salienta também que “dados da Pesquisa Industrial Anual/IBGE mostram que os salários representam, em média, 10% da receita líquida das empresas gaúchas”.
Leia a íntegra do artigo da economista do Dieese-RS.
Aumento do piso regional é possível
Está tramitando na Assembleia Legislativa o projeto de lei que trata do reajuste do piso regional para o Rio Grande do Sul com vigência a partir de 1 de fevereiro de 2016. Não existe legislação que estabeleça critérios de reajuste para definição do valor. A proposta do governo do Estado é de reajustar em 9,612%. A reivindicação das centrais sindicais é de que haja reajuste no mesmo percentual do salário-mínimo nacional, aumentado em 11,68%, e, dessa forma, mantendo a equidade anteriormente estabelecida.
A proposta do governo não repõe a inflação apurada pelo INPC no acumulado dos 12 meses para fevereiro de 2016, que foi de 11,31%. Além disso, o trabalhador gaúcho, que, em 2015, recebia salário igual à faixa 1 do piso (R$ 1.006,88), comprava 2,79 cestas básicas, com o reajuste de 11,68% (R$ 1.124,48) ele passaria a comprar 2,60 cestas, ou seja, no melhor cenário ainda há perda para os trabalhadores.
Sabe-se que uma das razões das crises econômicas contemporâneas é a incapacidade de a sociedade consumir produtos e serviços, em decorrência do desemprego. Aumento de salário possibilita recuperação econômica antecipada, impedindo um ciclo vicioso de aumento de desemprego, queda nos salários e redução do consumo e da produção. Serão 1,09 milhões de trabalhadores beneficiados, R$ 131,6 milhões no bolso dos trabalhadores e R$ 70,9 milhões em arrecadação de impostos por mês. Para as empresas, o impacto pode ser dimensionado a partir dos dados da Pesquisa Industrial Anual/IBGE, que mostra que os salários representam, em média, 10% da receita líquida das empresas gaúchas.
Nota-se ainda, através dos dados divulgados pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), que as microempresas seguem contratando e criaram mais de 7 mil postos de trabalho ao longo de 2015.
Anelise Manganelli
Economista do Dieese-RS