Nov 24, 2024

SindBancários reverte seis demissões do Santander por motivos de doença do trabalho

SindBancários

A rotina desgastante nos bancos. O trabalho que exige do bancário e da bancária que eles se multipliquem para cumprir inúmeras tarefas ao mesmo tempo. Toda essa exigência tem levado os bancários à exaustão e à doença. As demissões que o Santander promoveu na semana passada demonstraram que o banco espanhol não só não cuida dos seus trabalhadores como demitiu pessoas incapacitadas para o trabalho de forma ilegal. O SindBancários já reverteu seis casos demissões do Santander por doenças incapacitantes para o trabalho.

"Os demitidos começaram a chegar aqui e, quando perguntados se tinham algum problema de saúde, respondiam que não. Quando perguntávamos se tinha algum tipo de dor ou estava nervoso, respondiam que sim. Levamos os trabalhadores para consulta com médico do trabalho e, de fato, foram constatadas doenças crônicas e psicológicas. Como o banco demitiu bancários e bancárias com mais tempo de trabalho, estamos esperando mais casos", disse o presidente do SindBancários, Mauro Salles.

Das 40 demissões na área de atuação do SindBancários, até a quarta-feira, dia 12 dezembro, seis foram suspensas por inaptidão. Ou seja, 15% dos demitidos até agora no Santander apresentaram LER (Lesão por Esforço Repetitivo) ou sofrimento psíquico. Os casos foram clinicamente comprovados.


Um desses casos foi de uma bancária com 19 anos de serviços prestados ao Santander. A bancária desenvolveu, nos dois ombros, bursite crônica. Tão grave quanto o processo inflamatório, foi saber, esta semana, que talvez ela não consiga se curar. Deverá precisar de cirurgia. A doença não é fruto da casualidade. Está sim diretamente ligada ao mergulho por vários anos na rotina de coordenadora do Santander e à sua condição pessoal de saúde. Hipertensa, a trabalhadora não pode tomar anti-inflamatórios. O jeito era tomar um poderoso analgésico à base de morfina. Estancar a dor e não tratar a doença: essa é a grande violência que o trabalhador, pressionado e inconsciente de que a pressão do banco é a causa, faz contra si mesmo.

A causa da doença é facilmente detectada, mas os bancários muitas vezes nem sabem. O caso da bancária é exemplar. Ela precisava cumprir a jornada de trabalho desgastante, duríssima, de mais de oito horas. Cumprir e vencer as metas. Tudo isso, num ambiente de pressão e de assédio moral. Nesse contexto, a dor não é vista como um sinal de que algo vai mal com a saúde e de que é preciso fazer algo. É visto como incompetência.


Algo que a diretora da SindBancários, Natalina Gué, refere como sendo uma prática que os bancos procuram tornar invisível. “O banco não reconhece que tem problemas nas rotinas de trabalho e que os bancários adoecem por causa disso. O trabalhador já nem procura se tratar das doenças de tão envolvido com a rotina que está. Acaba tomando analgésico e aprende a conviver com a dor. Até que chegam ao limite da doença em que o tratamento é quase irreversível como no caso da funcionária do Santander”, diz a diretora.


A bancária foi demitida, em 4 de dezembro, na semana em que o banco espanhol mandou embora cerca de 2 mil funcionários, em todo o Brasil. Na manhã desta terça-feira, 11 de dezembro, o médico que fez o exame demissional atestou que a bursite adquirida estava ligada ao desempenho da função. O médico, imediatamente, afastou-a, com atestado por 15 dias.


A demissão foi suspensa e a funcionária deverá fazer perícia no INSS. “O banco vive dizendo que compra o trabalho dos bancários e bancárias. Nós sabemos que os trabalhadores vendem sua saúde. Dedicam-se muitos anos, resistem a jornadas estafantes e se acostumam a isso. Se acostumam até a tomar remédio para dor e nem desconfiam que estão com doenças graves”, acrescenta a diretora Natalina.

“O conselho que dou para meus colegas é que não trabalhem doentes”

Há muitos anos tenho dores nos dois ombros. Depois da demissão, procurei o Sindicato e um médico do trabalho. Eu não sabia que estava doente. Estou com bursite e não sabia. O médico disse que, no estágio da doença, talvez seja caso de cirurgia. Nunca diagnostiquei a doença porque não ia ao médico. Ir ao médico é perder quase um dia de trabalho. A gente tem que chegar tarde ou sair cedo do trabalho. Não é bom para a imagem. Ter um problema crônico, então, nem se fala. A pessoa então não cuida de si. Inclusive, o médico me disse: ‘A senhora tem que cuidar mais de si e não só dos outros. Deixe o trabalho de lado e cuide da senhora’. Essas foram as palavras do próprio médico. A gente nunca acha que está doente o suficiente para se afastar. Tu vai levando para não prejudicar a tua imagem no banco. Nunca quis procurar o médico. Dentro dos padrões da empresa, ter uma doença e precisar de tratamento não é bom para a imagem. O conselho que dou para meus colegas bancários é que não trabalhem doentes. Porque tu não rende. Vai ser pior pra ti. Eu tomo tilex diariamente. Combato a dor para poder trabalhar. Fiquei com uma doença muito grave. No estágio em que a bursite nos meus dois ombros foi detectada, o médico acha que só com cirurgia. E, no meu caso, o tratamento é mais complicado. Porque não posso tomar anti-inflamatório por causa da hipertensão. Minha pressão sobe. Fiquei doente de fazer muita coisa ao mesmo tempo. Era comum ter que atender um cliente, ao mesmo tempo em que atendia ao telefone e digitava no computador. Também fiquei doente por trabalhar em caixa. São todos movimentos repetitivos que causam problemas para a gente e que, de tão focados na rotina, nem percebemos que estamos fazendo e desenvolvendo doenças graves.

Municípios campeões de renda per capita apresentam baixo IDH

Agência Brasil

Rio de Janeiro - Os municípios que apresentam as maiores rendas per capita do país aparecem mal colocados no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). A situação paradoxal é explicada porque a renda per capita é resultado matemático simples da receita do município dividida pela população, sem levar em conta a distribuição dessa renda nem estatísticas sociais, como saúde ou educação.

O campeão da renda per capita é São Francisco do Conde (BA), com 33.172 habitantes e R$ 296.885,00 de renda per capita, mas que amarga a 2.743ª posição na lista do IDH dos municípios brasileiros. Os dados aparecem na pesquisa Produto Interno Bruto dos Municípios 2010, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgada hoje (12).

A distorção acontece porque o município, com IDH de 0,714, tem uma população pequena, mas abriga uma das maiores refinarias do país. Em segundo lugar, na lista do IBGE, está Porto Real (RJ), com 16.574 habitantes e uma renda per capita de R$ 290.834,00. O IDH do município, que possui uma grande montadora de automóveis, é de 0,743, ocupando o 2.082º lugar no país.

Em terceiro lugar, o município de Louveira (SP) abriga centros de distribuição de grandes empresas, o que elevou o PIB per capita para 239.951,00. São 37.153 mil habitantes, que usufruem um IDH de 0,80, o que os colocam na 565ª posição no país.
 
Em quarto, está o município de Confins (MG), com renda per capita de R$ 239.774,00 e IDH de 0,773, no 1.233º lugar, beneficiado pelas operações do aeroporto da cidade, que recebe a maior parte dos voos no estado. A cidade tem 5.943 habitantes. Na quinta posição, aparece Triunfo (RS), que abriga um polo petroquímico, com PIB per capita de R$ 223.848,00 e IDH de 0,788, em 869º lugar. O município tem 25.811 habitantes.

Entre as capitais, a maior renda per capita está em Vitória, com R$ 76.722,00, à frente de Brasília, com R$ 58.489,00. A boa posição da capital capixaba se explica pela baixa população, de um pouco mais de 325 mil habitantes, terceira menor do Brasil, e pelo Porto de Tubarão, por onde escoa boa parte do minério de ferro exportado pelo país.

No ranking do IDH, Vitória está com 0,856, em 18º lugar. O Índice de Desenvolvimento Humano é organizado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud). Os dados mais recentes têm como referência o Censo 2000. O organismo promete atualizar o índice utilizando dados do Censo 2010 no início do próximo ano.

Conselho aprova orçamento recorde de R$ 59,6 bilhões para o FGTS em 2013

Rede Brasil Atual

O orçamento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) em 2013 será de R$ 59,6 bilhões, valor recorde. No quadriênio 2012/2016, as áreas de habitação, saneamento e infraestrutura urbana terão R$ 240 bilhões em recursos. Os valores foram aprovados ontem (11) pelo Conselho Curador do FGTS.

Segundo o presidente em exercício do conselho, Luiz Fernando Emediato, os recursos vão beneficiar mais de 550 mil famílias, especialmente as incluídas no programa Minha Casa, Minha Vida, com renda mensal de R$ 3,2 mil.

No ano que vem, R$ 46,4 bilhões serão destinados à habitação, R$ 7 bilhões para a infraestrutura e R$ 5,2 bilhões, para o saneamento básico. Dos recursos para a habitação, R$ 36,7 bilhões vão para a construção de casas populares. De 2014 a 2016, período que inclui a realização da Copa do Mundo e das Olimpíadas, serão destinados R$ 60,2 bilhões por ano.

Também foi aprovada ontem uma suplementação, ainda para este ano, de R$ 400 milhões de subsídio para habitação popular. Com isso, o total nesse segmento chegará a R$ 6,8 bilhões.

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