Nov 26, 2024

Camponeses, Petroleiros, FUP e quilombolas ocupam o Ministério de Minas e Energia contra a 11ª Rodada

Na manhã desta segunda-feira (13/5), cerca de 600 camponeses organizados pelo MST, MCP, MAB, além de quilombolas e dos trabalhadores  petroleiros, ligados à Federação Única dos Petroleiros (FUP), e jovens de Brasilia ocuparam o Ministério de Minas e Energia, em Brasília.

A ação faz parte do conjunto de protestos contra a 11ª rodada de licitações de blocos para a exploração de petróleo e gás natural, prevista para os dias 14 e 15 de maio, e contra a privatização de diversas barragens cujas concessões vencem até 2015.

“A 11ª Rodada de Licitações é um grande retrocesso para o Brasil, que, desde 2008 havia suspendido os leilões de petróleo, após muita luta e pressão dos movimentos sociais. Ao retomar essa agenda, o governo brasileiro, equivocadamente, atende aos anseios das multinacionais, ávidas por abocanhar nossas valiosas reservas de óleo e gás”, disse João Antônio Moraes, coordenador da Federação Única dos Petroleiros.

Além de Brasília, devem acontecer atos no Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Curitiba. Em São Paulo, haverá distribuição de jornais nas estações dos metrôs. Com as mobilizações, os manifestantes querem demarcar posição contrária à privatização dos 289 blocos de petróleo, localizados em 11 estados brasileiros. O volume a ser leiloado poderá ultrapassar 40 bilhões de barris, o que equivale a um lucro próximo a R$ 1,16 trilhões que será apropriado por empresas transnacionais do petróleo. Ao todo 64 empresas estão disputando os blocos.

 

O lucro obtido com os barris de petróleo deveria ficar com o povo brasileiro. Os leilões são uma ameaça à soberania nacional. Se eles se realizarem, estaremos entregando para as transnacionais as nossas riquezas. É dinheiro que deveria ser investido na reforma agrária, no passivo com os atingidos por barragens, com as comunidades quilombolas, nos territórios indígenas, na educação”, afirmou Francisco Moura, integrante da coordenação nacional do MST.

 

As manifestações cobram também que o governo brasileiro não faça a licitação de 12 usinas hidrelétricas e de 23 pequenas centrais que estão encerrando seus prazos de concessão até o ano de 2015. A usina hidrelétrica Três Irmãos, localizada em Andradina, interior de São Paulo, será a primeira delas. Antes controlada pela estatal Companhia de Energia de São Paulo (CESP), a usina teve seu contrato de concessão vencido em 2011 e já está sob propriedade da União.

“A privatização das hidrelétricas também não é interessante ao povo. Se o Estado mantém a gestão, a tarifa de energia pode ser mais baixa. Para citar um exemplo, na mão de consórcios privados, a Hidrelétrica Três Irmãos, em São Paulo, repassa cada megawatt/hora por R$ 182, enquanto que a Eletrobrás vende o mesmo megawatt por R$ 32 a hora”, explicou Moisés Borges, integrante do MAB.

Mais de 50 organizações assinaram uma carta que será entregue à presidenta Dilma exigindo o cancelamento do leilão do petróleo e da privatização das barragens.

FUP cobra na Justiça cancelamento da 11ª Rodada

A FUP e o Sindipetro-PR/SC ingressaram com Ação Civil Pública na 2ª Vara da Justiça Federal de Curitiba, cobrando a suspensão da 11ª Rodada de Leilões, prevista para esta terça e quarta-feira. A ação denuncia a inconstitucionalidade dos leilões de "concessão” de petróleo. Além disso, a Ação questiona a licitação de blocos da Bacia do Espírito Santo, já que nesta região há grandes possibilidades de existência de reservas do pré-sal, que estão enquadradas no regime de partilha, através da Lei 12.352/2010, e, portanto, não podem ser objeto de "concessão". A FUP e o Sindipetro cobram a imediata retirada destas reservas da 11ª Rodada.

A CONSTITUIÇÃO NÃO AUTORIZA A "CONCESSÃO"

Segundo o assessor jurídico da FUP, Normando Rodrigues, não existe qualquer previsão constitucional para o contrato de concessão para exploração e produção de petróleo e gás natural. “Como a concessão é uma modalidade muito mais nociva ao interesse público, a autorização à mesma deveria ser explícita”, declara.

Ele explica que a Constituição explicitou a possibilidade de "concessão" em todos os demais casos: telecomunicações (Art. 21,XI); radiodifusão sonora, e de sons e imagens; energia elétrica e o aproveitamento energético dos cursos de água; navegação aérea, aeroespacial e a infra-estrutura aeroportuária; transporte ferroviário, aquaviário e rodoviário; portos marítimos, fluviais e lacustres (Art. 21, XII); energia nuclear (Art. 21, XXIII), até o advento da Emenda Constitucional 49, de 2006; gás canalizado (Art. 26, Parágrafo 2º); serviços públicos municipais (Art. 30, V), e para os serviços públicos em geral (Art. 175); garimpo (Art. 174, Parágrafos 3º e 4º); e mineração em geral Art. (176).

FUP, com informações do MST

Recurso repetitivo: STJ confirma direito à desaposentadoria sem devolução de valores

A Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça (STJ) confirmou, dia 8, em julgamento de recurso repetitivo, que o aposentado tem o direito de renunciar ao benefício para requerer nova aposentadoria em condição mais vantajosa e que para isso ele não precisa devolver o dinheiro que recebeu da Previdência. Para a Seção, a renúncia à aposentadoria, para fins de concessão de novo benefício, seja no mesmo regime, seja em regime diverso, não implica o ressarcimento dos valores percebidos.

“Os benefícios previdenciários são direitos patrimoniais disponíveis e, portanto, suscetíveis de desistência pelos seus titulares, dispensando-se a devolução dos valores recebidos da aposentadoria a que o segurado deseja renunciar para a concessão de novo e posterior jubilamento”, assinalou o relator do caso, ministro Herman Benjamin.

Posição unificada

Em vários recursos julgados nos últimos anos, contrariando a posição do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), o STJ já vinha reconhecendo o direito à desaposentadoria. Em alguns julgamentos, houve divergência sobre a restituição dos valores, mas a jurisprudência se firmou no sentido de que essa devolução não é necessária.

Assim, a pessoa que se aposentou proporcionalmente e continuou trabalhando – e contribuindo para a Previdência – pode, mais tarde, desistir do benefício e pedir a aposentadoria integral, sem prejuízo do dinheiro que recebeu no período. Esse direito dos aposentados nunca foi aceito pelo INSS, que considera impossível a renúncia ao benefício e nega todos os pedidos na via administrativa.

Repetitivo

A diferença entre os julgamentos anteriores e este da Primeira Seção é que a decisão tomada no rito dos recursos repetitivos vai orientar os cinco Tribunais Regionais Federais (TRFs) do país na solução dos recursos que ficaram sobrestados à espera da posição do STJ. O sistema dos recursos repetitivos está previsto no artigo 543-C do Código de Processo Civil. Com a consolidação do entendimento do STJ em repetitivo, os recursos que sustentem posição contrária não mais serão admitidos para julgamento no tribunal.

Os tribunais de segunda instância que julgaram em outro sentido poderão ajustar sua posição à orientação do STJ, e apenas se o TRF insistir em entendimento contrário é que o recurso será admitido para a instância superior.

Ressalva pessoal

O ministro Herman Benjamin, cujo voto foi acompanhado pelo colegiado, aplicou a jurisprudência já fixada pelo STJ, mas ressalvou o seu entendimento pessoal sobre a necessidade de devolução dos valores da aposentadoria. “A não devolução de valores do benefício renunciado acarreta utilização de parte do mesmo período contributivo para pagamento de dois benefícios da mesma espécie, o que resulta em violação do princípio da precedência da fonte de custeio, segundo o qual nenhum benefício pode ser criado, majorado ou estendido sem a devida fonte de custeio”, ressaltou o ministro Benjamin.

Ele disse ainda que a não devolução dos valores poderá culminar na generalização da aposentadoria proporcional. “Nenhum segurado deixaria de requerer o benefício quando preenchidos os requisitos mínimos”, afirmou o ministro em outro julgamento sobre o mesmo tema.

Dois recursos

A Primeira Seção julgou dois recursos especiais, um do segurado e outro do INSS.

Na origem, o segurado ajuizou ação com o objetivo de renunciar à aposentadoria por tempo de serviço, concedida pelo INSS em 1997, e obter benefício posterior da mesma natureza, mediante cômputo das contribuições realizadas após o primeira aposentadoria.

A sentença de improcedência da ação foi reformada pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região, que reconheceu o direito à desaposentadoria, mas condicionou a utilização do tempo de contribuição para futura aposentadoria à devolução do benefício recebido.

As duas partes recorreram ao STJ: o INSS, contestando a possibilidade de renúncia à aposentadoria; o segurado, alegando a desnecessidade de devolução dos valores e apontando várias decisões proferidas pelo Tribunal nesse sentido. O recurso do segurado foi provido por sete votos a zero. Pelo mesmo placar, a Seção rejeitou o recurso apresentado pelo INSS.

 STJ

Entregar petróleo aos estrangeiros vai aumentar preços no Brasil, alerta CUT

Dirigentes da CUT e representantes dos movimentos sociais se reuniram nesta quinta-feira (9), diante da sede da Petrobrás, em São Paulo, para cobrar do governo federal o cancelamento do leilão de 289 blocos de petróleo.

Marcado para os dias 14 e 15 de maio, no Rio de Janeiro, a rodada de negociação entregará às multinacionais a exploração de uma reserva de 30 bilhões de barris, que representa um patrimônio em torno de três trilhões de dólares. Em troca, pagarão um bilhão de dólares.

“A Europa e os Estados Unidos estão em crise e querem buscar lucro aqui no Brasil pelo mesmo petróleo que causou a guerra na Líbia e recentes ameaça à Argélia pelos EUA. Estamos mobilizando nossas bases para dizer novamente que o petróleo é nosso”, disse o diretor Executivo da CUT, Júlio Turra.

O dirigente afirmou ainda que o repasse da riqueza para mãos estrangeiras impactam diretamente sobre o preço que o cidadão paga pelo que consome.

“Como é controlada pelo governo, a Petrobrás pode e vem praticando uma política de controle dos preços do petróleo, abrindo mão de parte dos lucros. Porém, quanto mais você internacionalizar a economia, mais permitirá que empresas estrangeiras tenham acesso ao nosso produto e optem por exportar porque é mais lucrativo. Um cenário que gera menor oferta e pressiona a inflação, porque os produtos dependem do combustível para o transporte”, avaliou.

Diante disso, o presidente da CGTB, Ubiraci de Oliveira, o Bira, a classe trabalhadora está mobilizada para defender o patrimônio nacional.

“Nós enfrentamos a ditadura, botamos para fora um presidente que queria acabar com o país e colocamos um operário na presidência. Não custará nada invadir um leilão no Rio de Janeiro para defender nossas riquezas”, alertou.

Grande negócio para as multinacionais – Para o vice-presidente da Associação de Engenheiros da Petrobrás, Fernando Siqueira, os leilões não se justificam.

“O Brasil descobriu no pré-sal 54 bilhões de barris. Somados aos 14 bilhões que já tínhamos, teremos 62 bilhões e isso nos dá autossuficiência para os próximos 60 anos. Então, por que precisamos realizar leilões para atrair investidores em pesquisa?”, questiona.

Paralisados desde 2008 por conta da pressão dos movimentos sociais, os leilões representam um grande negócio para as multinacionais.

Militantes cutistas reunidos diante da sede da Petrobrás

Em 1997, uma lei no governo Fernando Henrique Cardoso quebrou o monopólio da Petrobrás na exploração petrolífera por meio da Lei 9.478. A mesma lei determina que 100% do que é extraído vai para a exploradora e, no máximo, 10% dos royalties – valor sobre o que é produzido – chega às mãos do Estado.

Para piorar, a Lei Kandhir ainda garante a isenção de impostos para a exportação de matéria-prima, o que significa enviar o petróleo gratuitamente para as matrizes. Fator que explica as 60 transnacionais interessadas.

“Isso é um crime de lesa-pátria. No mundo todo, ao menos 80% da produção fica com o Estado. Inclusive, porque o governo brasileiro estrangula a Petrobrás a importar combustível e vender mais barato, mas não faz o mesmo com a Chevron, com a Shell. Temos que ir para as ruas dar respaldo à presidenta Dilma para que possa cancelar esse leilão”, defendeu.

Todos às ruas

Os movimentos sociais planejam organizar atividades em Fortaleza, Curitiba, Belo Horizonte e Brasília no dia 13. A grande manifestação, com a participação de diversas categorias cutistas, acontece no dia 14, data do leilão.

Algumas das organizações que participarão dessas atividades aproveitaram para destacar os prejuízos da entrega do patrimônio brasileiro a empresas estrangeiras.

Caso da União Nacional dos Estudantes, representada pela secretária-geral, Michele Bressan, que defendeu a manutenção do recurso nas mãos da Petrobrás para que os lucros sejam investidos em educação e no fortalecimento da indústria.

Coordenador geral do Sindicato Unificado dos Petroleiros de São Paulo (Sindipetro-NF), Itamar Sanches, disse que, ao invés de privatizar, o governo federal deveria investir no aperfeiçoamento da produção. “Temos que agregar valor ao refinamento e tirar propriedade do que extraímos ao invés de deixarmos que essa riqueza vá para o estrangeiro.”

Diretora regional de São Paulo do Partido Pátria Livre, Lidia Correa, lembra o papel da Petrobras para o desenvolvimento o país.

“A indústria naval voltou a crescer, voltamos a investir em plataformas e sondas. O que está em jogo é nosso desenvolvimento. Shell e Chevron não querem exploração planejada, visam somente o lucro.”

Porque somos Petrobrás – A CUT grafa Petrobrás, com acento, em repúdio à tentativa de mudança de nome da estatal pelas mãos do ex-presidente FHC, em 2000. Ele queria transformar a empresa em Petrobrax para tornar o nome mais palatável a fim de vender ao capital estrangeiro um dos maiores patrimônios brasileiros. Graças à mobilização da classe trabalhadora e ao fim do governo tucano, felizmente, só perdermos o acento.

CUT

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