Nov 24, 2024

Ex-presidente da Transpetro no “olho do furacão”

Sérgio Machado é o pilar da primeira (e talvez derradeira) grande crise da gestão interina de Michel Temer

 

 

Os argumentos dos que diziam que o impeachment da presidente Dilma Rousseff não se tratava de um golpe caíram por terra após a divulgação das conversas do ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado, indicado ao cargo pelo PMDB, com os arquitetos do processo de afastamento.

 

No primeiro vazamento, o senador Romero Jucá (PMDB) escancarou de vez o golpe ao dizer a Machado que “você tem que ver com seu advogado como é que a gente pode ajudar. Tem que ser política. Advogado não encontra solução pra isso não. Se a solução é política, como é política? Tem que resolver essa.. Tem que mudar o governo pra poder estancar essa sangria”. Nas primeiras entrevistas, Jucá negou que a “sangria” era relativa à Operação Lava Jato. Disse que se referia a economia, mas na tarde do mesmo dia foi desmentido pela divulgação de trechos da conversa, onde ficou claro que estava falando sobre a Lava Jato.  

 

O teor da conversa veio a público na segunda-feira (23). Apenas 12 dias após assumir provisoriamente o cargo de presidente da República, Michel Temer (PMDB) já enfrenta uma crise de graves proporções, que causou a saída do senador Romero Jucá do Ministério do Planejamento. Jucá foi um dos maiores articuladores do impeachment no Senado Federal.

 

O que causa estranhamento é que o ex-senador Delcídio Amaral (ex-PT) foi preso e teve o mandato cassado por crime muito parecido com o de Jucá.

 

Dois dias depois, nova conversa envolvendo o ex-presidente da Transpetro veio à tona. Desta vez com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), que disse apoiar uma mudança na lei da delação premiada para impedir que um preso se torne delator, procedimento padrão utilizado na Operação Lava Jato. Calheiros indicou que, depois de resolver esse assunto, também poderia negociar com membros do Supremo Tribunal Federal (STF) “a transição” da presidente Dilma. Mais uma vez o golpe político-judiciário foi revelado.

 

Machado, assim como Renan, é alvo da Lava Jato. Temendo ser preso desde março, tratou de registrar suas conversas. Sentindo-se abandonado pela cúpula peemedebista, divulgou o teor das gravações e fechou um acordo de deleção premiada no STF.

 

Na terceira bomba envolvendo Sérgio Machado, o ex-presidente José Sarney (PMDB-AP) prometeu ajudá-lo a evitar que seu caso fosse transferido para a vara do juiz federal Sérgio Moro, em Curitiba (PR), mas “sem meter advogado no meio”. Em duas conversas, gravadas em março, o ex-presidente demonstrou preocupação sobre uma delação de Machado “Nós temos é que fazer o nosso negócio e ver como é que está o teu advogado, até onde eles falando com ele em delação premiada”, disse o ex-Sarney. 

 

 

Indicações políticas na Petrobrás

Afilhado político de Renan Calheiros, o cearense Sérgio Machado orgulhava-se de ser o mais longevo presidente da Transpetro, com 11 anos e 4 meses no comando da estatal. Indicado pelo PMDB, sua trajetória foi interrompida em novembro de 2014, quando pediu licença depois de ter seu nome envolvido nos escândalos de corrupção na Petrobrás. Três meses depois, renunciou ao cargo.

 

Se o teste de integridade, criado em 2015 pelo Ministério Público Federal como uma das medidas de prevenção e combate à corrupção, tivesse sido aplicado em Machado, jamais poderia assumir o cargo, quiçá se vangloriar como o gestor que ficou mais tempo à frente da Transpetro.

 

O caso de Machado mais uma vez evidencia o velho problema de gestão do Sistema Petrobrás: as indicações meramente políticas. Por diversas vezes a categoria petroleira denunciou que esse modelo dá poder a aventureiros incompetentes e abre caminhos para a corrupção. Basta do fatiamento político-partidário dos cargos de direção na Petrobrás!

Fonte: Sinidipetro Paraná e Santa Catarina

Nota conjunta da FUP e CUT: O Pré-Sal não será moeda de troca dos golpistas

A FUP e a CUT repudiam as medidas anunciadas pelo governo ilegítimo de Michel Temer, entre elas a intenção de abrir a exploração do Pré-Sal para as multinacionais. Como vínhamos alertando, o principal objetivo dos golpistas é tomar de assalto a mais cobiçada reserva de petróleo do planeta. Um tesouro que os especialistas estimam conter no mínimo 273 bilhões de barris de óleo.

Quando Temer anunciou nesta terça-feira (24) que irá priorizar a aprovação do Projeto de Lei 4567/16, que tira da Petrobrás a garantia de ser a operadora única do Pré-Sal e de ter participação mínima de 30% nos campos licitados, começou a pagar a conta dos financiadores do golpe.

Abrir a operação do Pré-Sal para as multinacionais é o primeiro passo para acabar com o regime de partilha, conquistado a duras penas pelo povo brasileiro para que o Estado possa utilizar os recursos do petróleo em benefício da população.

Além de ser a única petrolífera que movimenta a cadeia nacional do setor, gerando empregos e investimentos no país, a Petrobrás é também a única empresa que detém domínio tecnológico para operar o Pré-Sal com custos abaixo da média mundial. Menores custos significam mais recursos para a educação e a saúde, setores que o governo ilegítimo de Michel Temer anunciou que serão contingenciados.

O Pré-Sal, além de fazer do nosso país um dos principais produtores mundiais de petróleo, é a maior riqueza que a nossa nação dispõe para garantir desenvolvimento econômico e social ao povo brasileiro. Para isso, é fundamental que tenhamos uma empresa nacional de porte na operação destas reservas.

Abrir mão da Petrobrás como operadora do Pré-Sal é ir na contramão do mundo. As empresas nacionais e estatais de petróleo detêm 90% das reservas provadas de óleo e gás do planeta e são responsáveis por 75% da produção mundial.

Se a Petrobrás deixar de operar o Pré-Sal, nenhuma outra petrolífera investirá em nosso país, movimentando a indústria nacional, como faz a estatal brasileira. Mais de 90% das contratações do setor no país são feitas pela Petrobrás. Nenhum navio, sonda ou plataforma foram produzidos no Brasil a pedido das multinacionais que operam no país.

Os trabalhadores e a sociedade organizada não permitirão que o Pré-Sal seja entregue à Chevron e às outras multinacionais, como prometeu José Serra, autor do projeto de lei que Michel Temer que aprovar. Essa conta não será paga pelo povo brasileiro.

José Maria Rangel - Coordenador Geral da FUP

Vagner Freitas - Presidente Nacional da CUT

Temer quer abertura do pré-sal, fim do Fundo Soberano e teto de gastos

O presidente interino, Michel Temer, anunciou nesta terça-feira (24) medidas econômicas antipopulares e neoliberais, que incluem  limitar os gastos públicos – inclusive com Saúde e Educação - e acabar com o Fundo Soberano, espécie de poupança criada em 2008 para ser usada em períodos de crise. O governo também irá priorizar o projeto que acaba com a exigência de a Petrobras ser a operadora única e ter participação mínima de 30% na exploração do pré-sal.

Segundo Temer, estas são ações "iniciais" e "outras medidas virão". As declarações foram feitas durante uma reunião realizada no Palácio do Planalto com a presença de ministros e líderes partidários. 

Apesar de o pacote não incluir aumento de impostos, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, não descartou que isso ocorra no futuro. "Num primeiro momento, não estamos contemplando aumento de impostos". Segundo ele, o que deve ocorrer é corte de isenções de impostos. "Poderá haver diminuição de subsídios, e também não criaremos novos." 

Menos Petrobras no pré-sal

Temer também confirmou declarações do ministro Eliseu Padilha, que havia dito que o governo irá priorizar a provação do projeto já aprovado pelo Senado, que desobriga a Petrobras de ser a operadora única e de ter participação mínima de 30% nos grupos formados para explorar petróleo no pré-sal.

"Convenhamos, a Petrobras é uma empresa que tem que pautar-se pelos critérios de seu interesse, como se fosse quase um empreendimento privado", declarou Temer, sinalizando como pretende tratar o patrimônio público. 

Descapitalização do BNDES

A primeira ação proposta nesta terça foi a devolução, pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), de pelo menos R$ 100 bilhões em recursos repassados pelo Tesouro Nacional nos últimos anos.

Os valores foram transferidos pelo Tesouro Nacional, como parte da política aplicada durante o governo da presidenta eleita Dilma Rousseff, que valorizava o papel dos bancos públicos como indutores da economia. Nesse sentido, o BNDES recebeu recursos para ampliar empréstimos a empresas e, assim, estimular o crescimento econômico.

Segundo Temer, a ideia é que sejam devolvidos ao Tesouro Nacional R$ 40 bilhões neste momento. A equipe econômica explicou que a previsão é de receber outra parcela de R$ 30 bilhões dentro de um ano e o restante, em 24 meses.

A equipe econômica disse que os recursos podem servir para abater a dívida pública, e o seu retorno diminuiria o pagamento de subsídios pelo governo federal. A expectativa de Meirelles é que essa medida gere uma economia de R$ 7 bilhões no pagamento de subsídios relativos aos empréstimos do BNDES – que cobram juros mais baixos que os praticados pelo mercado – mas não informou em quanto tempo isso ocorrerá.

Limitar gastos públicos

Temer disse que mandará uma emenda constitucional ao Congresso para limitar os gastos públicos. De um ano para o outro, os gastos públicos poderão aumentar apenas o equivalente à inflação. A proposta é semelhante à que foi feita pela equipe econômica de Dilma na que ficou conhecida como “reforma fiscal”.

Revisar limite para despesas com saúde e educação

Meirelles confirmou que as despesas com Saúde e Educação também deverão obedecer ao limite máximo para crescimento de gastos públicos. Segundo ele, os estudos devem ficar prontos "em duas semanas". Ele estimou que, com a adoção desse limite máximo, haverá nos próximos três anos uma queda de 1,5% a 2% das despesas públicas em relação ao Produto Interno Bruto (PIB).

"É parte fundamental e componente estrutural dessa PEC que as despesas de saúde e educação sejam parte desse mesmo processo de mudança das regras de crescimento das despesas públicas no Brasil", completou ele. De acordo com o ministro, haverá, portanto, mudança nos critérios de vinculação da saúde e da educação, que terão de ser "compatilizadas a esse teto".

"Só isso já representa um fator de grande importância. É uma medida muito forte que sinaliza um programa de controle de despesa para os próximos anos. Ela é abrangente, forte e que tem efeito continuado", avaliou o ministro da Fazenda.

Fim do Fundo Soberano

O presidente anunciou, ainda, que pretende acabar com o Fundo Soberano e usar seus recursos (atualmente, cerca de R$ 2,4 bilhões) para reduzir o endividamento público.

O fundo foi uma reserva criada em 2008 com a sobra do superávit primário (economia para pagamento de juros da dívida) que existia naquele momento. O objetivo era abastecê-lo também com o dinheiro ganho com a exploração do pré-sal.

O fundo foi criado, originalmente, para garantir uma poupança contra crises, financiar empresas brasileiras fora do país e conter a queda do dólar.

Segundo o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, "a decisão é imediata". Como acabar com o fundo envolve vender ações do Banco do Brasil, ele disse que "o processo será cuidadosamente avaliado para não haver variação muito grande nos preços" das ações. 

Logo após o anúncio, as ações do banco chegaram a cair até 4,5%. Segundo seu último relatório de administração, referente ao segundo semestre de 2015, 7,84% da carteira do Fundo estão aplicados nos papéis do banco estatal, em um total de R$ 1,55 bilhões. Como o Tesouro agora irá vender esses papéis no mercado para embolsar o dinheiro, os investidores antecipam uma desvalorização e as ações caem. 

“É uma coisa paralisada [recursos do fundo soberano]. Vamos talvez extinguir o fundo soberano e trazer esses R$ 2 bilhões para cobrir o endividamento do país”, disse Temer.

Fundos de Pensão e Estatais

O governo vai resgatar o projeto para os fundos de pensão e estatais que já foi aprovado pelo Senado e está parado agora na Câmara. Ele determina, por exemplo, que 25% dos membros dos conselhos de administração não podem ter vínculo com a estatal, nem serem parentes de detentores de cargos de chefia no Executivo, como presidente da República, ministros ou secretários de estados e municípios.

Os presidentes dos conselhos de administração e diretores das empresas, inclusive presidente, diretor-geral ou diretor-presidente, deverão comprovar experiência profissional mínima de dez anos no setor de atuação da empresa ou experiência mínima de quatro anos em cargos de direção ou chefia superior.


Fonte:  Do Portal Vermelho, com agências

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