Globo e ditadura, tudo a ver
Jornal O Globo, em 02 de abril de 1964: “Salvos da comunização que celeremente se preparava, os brasileiros devem agradecer aos bravos militares que os protegeram de seus inimigos. Este não foi um movimento partidário. Dele participaram todos os setores conscientes da vida política brasileira, pois a ninguém escapava o significado das manobras presidenciais”. Um ano depois do editorial redigido por Roberto Marinho, as organizações Globo inauguravam em 26 de abril de 1965, aquela que se tornaria a grande vitrine do regime militar.
A Rede Globo nasceu e cresceu sob as benesses dos ditadores, financiada pelo Estado de exceção e em meio a uma série de ilegalidades, como, por exemplo, a associação com o grupo norte-americano de comunicação Time-Life (hoje, Time Warner), o que é inconstitucional.Nestes 50 anos de existência, a TV Globo consolidou sua hegemonia, distorcendo e narrando a história do Brasil, de acordo com seus interesses políticos e econômicos.
Documentos que hoje são públicos comprovam as relações de Roberto Marinho com o governo dos Estados Unidos, agindo nos bastidores para garantir a manutenção da ditadura militar e a nomeação de generais mais afinados com seus interesses. Enquanto centenas de jovens morriam nos porões da ditadura, os noticiários da Globo eram só elogios aos militares.
Recentemente, nas manifestações do dia 15 de março, a Globo, suas afiliadas e canais a cabo transformaram-se novamente no quartel general dos golpistas, superdimensionando os protestos transmitidos ao vivo como se fossem uma grande festa democrática, apesar das faixas exigindo intervenção militar, dos cartazes fascistas transbordando ódio de classe e das palavras de ordens para derrubar a presidente da República. “Precisamos ter um novo marco regulatório que garanta a liberdade de expressão como um direito de todos e não somente dos que detém a concessão das emissoras de rádio e TV”, ressalta Rosane Bertotti, diretora da CUT e coordenadora do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação.
50 anos de manipulação serão marcados por protestos
No dia 26 de abril, quando a TV Globo completa 50 anos de existência, a CUT e os movimentos sociais farão manifestações em todo o país, denunciando as violações cometidas pela emissora contra a democracia e exigindo a democratização dos meios de comunicação. No dia 27 de abril, o Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé realizará em São Paulo o seminário "TV Globo: 50 anos de poder e hegemonia". O evento conta com o apoio da FUP e do Sindipetro-NF e será transmitido ao vivo pela TV dos Trabalhadores (www.tvt.org.br). Já confirmaram presença no debate, os professores e pesquisadores da área de comunicação César Bolaño (UFSE), Marcos Dantas e Susy Santos (UFRJ), que dissecarão como foi construído o império global; e os jornalistas Rodrigo Viana (Escrevinhador), Luciano Martins Costa (Observatório da Imprensa) e Laura Capriglione (Ponte.org), que discutirão o padrão Globo de manipulação.
Fonte: FUP