Os bancários da base do SindBancários se reuniram nesta segunda, 5/10, no Clube do Comercio, para reafirmar o repúdio à proposta indecente da Fenaban, e o início da greve por tempo indeterminado nesta terça, 6/10. Além da votação, a assembleia definiu uma agenda de mobilização para a primeira semana d paralisações e convocou os trabalhadores àparticipação e à pressão.
Na quarta, 30/9, os bancários já haviam decidido pelo início da paralisação por tempo indeterminado, em assembleia unânime no Hotel Embaixador. Os bancários mostraram indignação relação à proposta da Fenaban, que, em 25/9, apresentou reajuste de 5,5% nos salários e demais verbas, frente a uma inflação de 9,88% no período.
O presidente do SindBancários, Everton Gimenis, lembrou que o Brasil está atualmente passando por um momento diferente economicamente, entretanto os bancos vêm mantendo seus lucros nas alturas, inclusive batendo recordes. “Tanto aqui em Porto Alegre quanto colegas de outros Estados vem se mostrando muito indignados com a proposta da Fenaban. Os banqueiros passam chorando nas mesas de negociação contra crise financeira. Mas, para eles não tem crise. Essa proposta nos desrespeita e vai servir de combustível para nos mobilizarmos”, explica Gimenis.
Seis dos mais importantes bancos do país (Itaú, Banrisul, Bradesco, Santander, Banco do Brasil e Caixa) lucraram juntos R$ 36,6 bilhões. Esse montante é 27,4% do lucro obtido no primeiro semestre de 2014. Segundo o presidente do SindBancários, a tendência é que a GREVE deste ano se inicia forte e que esta será uma paralisação marcada pelo diálogo com a população e pela indignação dos trabalhadores.
Agenda de mobilização
Terça-feira, 6/10
10h: Ato de Mobilização de bancários de bancos públicos e privados na Praça da Alfândega, entre o Banrisul e a Caixa.
12h: Almoço co9letivo com salchipão.
À tarde: Saídas de caravanas para as agências
Quarta-feira, 7/10
A partir das 9h: Caravanas nas agências.
14h: Atividade de mobilização e formação na Casa dos Bancários
Quinta-feira, 8/10
A partir das 9h: Caravanas nas agências.
14h: Assembleia organizativa de avaliação em local ainda não definido.
Sexta-feira, 9/10
9h: Caravanas nas agências
O que pensam os bancários
“Não são somente os bancários que estão indignados”, afirmou o secretário-geral do SindBancários, Luciano Fetzner. “Os bancos, com seus altos lucros, ganham muito e valorizam poucos os seus funcionários. Temos que levar, a partir da próxima semana, essa indignação para as ruas e denunciar a proposta vergonhosa que nos fizeram”, analisou Luciano.
A diretora de Comunicação do SindBancários, Ana Guimaraens, lembrou que, todo ano, os grandes veículos de comunicação fazem uma forte campanha para colocar a população contra a categoria. “Preparamos uma carta aberta para denunciar à população a realidade que enfrentamos nas agências e como tentam lucrar em cima de todos, aumentando, por exemplo, em até 169% as tarifas que são cobradas da população”, explicou.
O diretor Paulo Stekel pediu que os bancários também não deixem de conversar com os clientes. “Temos o dever de informar à população que a nossa greve não é somente por melhores salários e condições de trabalho. Buscamos um atendimento melhor, menos filas e bancos públicos que atuem ainda mais em pról do desenvolvimento econômico do País”, complementou.
Para o diretor do SindBancários Ademir Weiderkher, os 5,5% apresentados pelos bancos são um deboche aos bancários frente a inflação do período, de 9,88% e os lucros exorbitantes das instituições financeiras. “Precisamos ir para a rua, fechar agências, mostrar que não aceitaremos uma proposta como essa. O que queremos é aumento real, é assim que vamos melhorar nossa vida e de nossas famílias”, concluiu.
O que pedem os bancários
– Reajuste salarial de 16%. (incluindo reposição da inflação mais 5,7% de aumento real)
– PLR: 3 salários mais R$7.246,82
– Piso: R$3.299,66 (equivalente ao salário mínimo do Dieese em valores de junho último).
– Vales alimentação, refeição, 13ª cesta e auxílio-creche/babá: R$788,00 ao mês para cada (salário mínimo nacional).
– Melhores condições de trabalho com o fim das metas abusivas e do assédio moral que adoecem os bancários.
– Emprego: fim das demissões, mais contratações, fim da rotatividade e combate às
terceirizações diante dos riscos de aprovação do PLC 30/15 no Senado Federal, além da ratificação da Convenção 158 da OIT, que coíbe dispensas imotivadas.
– Plano de Cargos, Carreiras e Salários (PCCS) para todos os bancários.
– Auxílio-educação: pagamento para graduação e pós.
– Prevenção contra assaltos e sequestros: permanência de dois vigilantes por andar nas agências e pontos de serviços bancários, conforme legislação. Instalação de portas giratórias com detector de metais na entrada das áreas de autoatendimento e biombos nos caixas. Abertura e fechamento remoto das agências, fim da guarda das chaves por funcionários.
– Igualdade de oportunidades: fim às discriminações nos salários e na ascensão profissional de mulheres, negros, gays, lésbicas, transexuais e pessoas com deficiência (PCDs).
Proposta feita pelos bancos no dia 25 de setembro
– Reajuste de 5,5% (4,38% abaixo à inflação de 9,88%).
– Piso portaria após 90 dias – R$ 1.321,26.
– Piso escritório após 90 dias – R$ 1.895,25.
– Piso caixa/tesouraria após 90 dias – R$ 2.560,23 (salário mais gratificação, mais outras verbas de caixa).
– PLR regra básica – 90% do salário mais R$ 1.939,08, limitado a R$ 10.402,22. Se o total ficar abaixo de 5% do lucro líquido, salta para 2,2 salários, com teto de R$ 22.884,87.
PLR parcela adicional – 2,2% do lucro líquido dividido linearmente para todos, limitado a R$ 3.878,16.
– Antecipação da PLR
Primeira parcela depositada até dez dias após assinatura da Convenção Coletiva.
Pagamento final até 01/03/2016.
Regra básica – 54% do salário mais fixo de R$ 1.163,44, limitado a R$ 6.241,33 e ao teto de 12,8% do lucro líquido – o que ocorrer primeiro.
Parcela adicional – 2,2% do lucro líquido do primeiro semestre de 2015, limitado a R$ 1.939,08.
Auxílio-refeição – R$ 27,43.
Auxílio-cesta alimentação e 13ª cesta – R$ 454,87.
Auxílio-creche/babá (filhos até 71 meses) – R$ 378,56.
Auxílio-creche/babá (filhos até 83 meses) – R$ 323,84.
Gratificação de compensador de cheques – R$ 147,11.
Requalificação profissional – R$ 1.294,49.
Auxílio-funeral – R$ 868,58.
Indenização por morte ou incapacidade decorrente de assalto – R$ 129.522,56
Ajuda deslocamento noturno – R$ 90,67.
Fonte: Imprensa/SindBancários