Nov 25, 2024

IMPEACHMENT: O processo e as opiniões dos principais juristas do Brasil por Lúcio Costa

O recente acolhimento do pedido de impedimento da Presidente Dilma Rousseff pelo deputado Eduardo Cunha suscitou curiosidade na população sobre como se desenrolará o processo, assim como provocou manifestações dos principais juristas brasileiros.

A seguir, é trazida uma rápida síntese sobre o processo de impedimento e a opinião de alguns dos mais notórios juristas do País sobre o assunto. Boa leitura.

O RITO DO IMPEDIMENTO

Segundo a Lei 1.079/50, que trata dos crimes de responsabilidade e do processo de Impeachment, agora que foi recebida a denúncia, esta será despachada a uma comissão especial eleita que emitirá parecer sobre se a denúncia deve ser ou não julgada objeto de deliberação.

Este parecer consultivo é encaminhado para votação em discussão única da Câmara de Deputados, onde é necessária a aprovação (em votação nominal) de 342 dos 512 deputados federais para o prosseguimento do processo de Impeachment. A partir disso, o decreto de acusação, a depender do resultado da votação, é recebido no Senado, que conduzirá a segunda etapa sob a presidência do presidente do Supremo Tribunal Federal. Nesse caso o Presidente da República seria suspenso até a sentença final. No Senado, seria necessário o voto de 54 dos 81 senadores para a destituição do cargo e inabilitação por prazo a ser fixado. 

AS OPINIÕES DOS JURISTAS

CARLOS AYRES BRITTO

O ex-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) Carlos Ayres Britto afirmou não enxergar motivos que justifiquem o impeachment da presidenta Dilma Rousseff. "Pelo que foi até agora apurado, acho que não (sobre a existência de motivos que justifiquem o impeachment). [...] A presidente pode até perder o mandato se a Justiça eleitoral der provimento à ação de impugnação de mandato eletivo. Mas isso não é crime de responsabilidade. É crime eleitoral", disse. Para ele, apesar da possibilidade legal do afastamento da presidente sem que haja de fato um motivo concreto, a situação poderia resultar em um quadro de insegurança jurídica para os futuros governantes.

O crime de responsabilidade é muito grave. “Não há que se confundir o crime de responsabilidade com a infração penal comum, com infração de contas ou com crime eleitoral, improbidade administrativa. Crime de responsabilidade é um atentado à Constituição. Pressupõe uma gravidade tal que signifique insulto, uma afronta à Constituição", salienta o jurista.

Britto, que nas últimas eleições prestou serviços na área jurídica à campanha eleitoral do senador Aécio Neves (PSDB-MG) à Presidência da República disse que o impeachment da presidente Dilma sem um motivo real deverá resultar em insegurança jurídica para os próximos governantes. "Segurança jurídica máxima é respeitar a Constituição. Não se pode pular a cerca da Constituição", analisou.

Acesse a entrevista Carlos Ayres Britto a Folha de São Paulo:

http://www1.folha.uol.com.br/poder/2015/09/1684673-falta-fundamento-juridico-para-impeachment-diz-ex-ministro-do-stf.shtml

DALMO DALLARI

O jurista Dalmo Dallari, um dos nomes mais respeitados do meio jurídico brasileiro, disse estar "surpreso" com a notícia que "acabara de receber" a respeito da abertura do pedido de impeachment.

Dallari diz que continua "absolutamente convencido de que não existe fundamento legal para a propositura do impeachment" e de que o pedido "não tem a mínima chance de levar ao impedimento da presidente".

"De fato não há consistência jurídica. Eu examinei todas as hipóteses, todos os pareceres e argumentos do pedido de impeachment. Estou absolutamente convencido de que não existe nada de consistente neste pedido", afirma.

Questionado especificamente sobre as chamadas pedaladas fiscais do governo para fechar suas contas, principal argumento do pedido de impeachment formulado pelos juristas Hélio Bicudo e Miguel Reale Jr e aceito nesta quarta-feira, Dallari diz não ter identificado crime de responsabilidade fiscal.

"As pedaladas não caracterizam o crime de responsabilidade fiscal porque não houve qualquer prejuízo para o erário. As pedaladas configuram um artifício contábil, mas o dinheiro não sai dos cofres públicos, então não ficam caracterizados os crimes de apropriação indébita ou desvio de recursos", diz.

"Não há nada nas pedaladas ou no pedido de impeachment que identifique uma responsabilidade da figura da presidente da República", complementa o jurista.

Para Dallari, aceitar o pedido de impeachment era "a única e a última carta na manga" do presidente da Câmara dos Deputados.

"Ele está muito pressionado pelo risco de perda de seu próprio mandato, porque há muitos elementos contra ele. Com este artifício ele vai tentar coagir o PT e outros partidos que apoiam a presidente para que deem apoio a ele", diz.

Leia a entrevista com Dallari:

http://zh.clicrbs.com.br/rs/noticias/noticia/2015/12/nao-ha-fundamento-e-um-jogo-politico-diz-jurista-sobre-impeachment-4921403.html

CELSO BANDEIRA DE MELLO

O jurista Celso Bandeira de Mello é professor emérito da PUC-SP e um dos expoentes do Direito brasileiro. “Eu não acho que vai haver impeachment. O que há é o seguinte: você perde em campo, você foi esmagado no campo, então você vai querer ganhar no tapetão se puder. Mas não existe base nenhuma para impeachment. A demonstração disso é que chegou a haver gente que queria responsabilizar [a presidenta] por um mandato anterior. Isso é um absurdo, uma coisa ridícula. Daqui a pouco, se o sujeito for presidente, 10, 20 anos depois, você vai responsabilizar ele pelo mandato anterior?”, questionou o jurista.

Sobre o pedido de impeachment assinado pelo seu colega, o jurista Hélio Bicudo, Celso Antônio Bandeira de Mello informou que sequer leu a peça. “Achei que não valia a pena. Para mim, é evidente que tudo isso é um espernear dos coxinhas. Juridicamente, essas coisas são todas sem sentido. Não é o caso de eu perder meu tempo lendo isso, coisas que, de antemão, você desqualifica”, afirmou, para em seguida ressaltar que admira Bicudo pela coragem que teve ao combater o esquadrão da morte. “Mas daí a imaginar que ele esteja qualificado [para avalizar o impeachment]… Não vi ninguém até agora com qualificação na área do direito público [fazer isso].

Para o jurista, as motivações da oposição em campanha pela derrubada da presidenta são apenas políticas. “É preciso um grande cuidado para não confundir aquilo que é um sentimento político pessoal com aquilo que, na verdade, o Direito estabelece. Há casos em que, se você não consegue fazer por bem, quer fazer por mal. Nessa situação, não pude deixar de pensar em um personagem de Eça de Queiros, que dizia assim: se não vai na palavra, vai na murraça”, compara.

Bandeira de Mello defendeu ainda que um eventual impedimento da presidenta seria “uma catástrofe” para o país. “Seria a demonstração de que não adianta ser eleito. Milhões de pessoas escolhem um presidente, e algumas centenas tiram. Precisa de algo sério demais para acontecer isso. Do contrário, a democracia não vale nada. Tirar a Dilma sob acusações, eu diria, ingênuas seria para democracia algo muito ruim”, destacou.

Acesse a entrevista de Bandeira de Mello a Carta Capital:

http://www.cartacapital.com.br/revista/837/sem-base-para-o-impeachment-9323.html

FÁBIO KONDER COMPARATO

Questionado sobre a aceitação do pedido de impedimento o jurista Fábio Konder Comparato, professor emérito da Faculdade de Direito do Largo São Francisco (USP), doutor honoris causa da Universidade de Coimbra (Portugal) e doutor em Direito pela Universidade de Paris (França), disse que de certa maneira já se esperava, porque tudo isso é apenas um confronto entre políticos, no caso o presidente da Câmara e a chefe de Estado. Mas o fundamental e nós tentarmos entender que o impeachment hoje, sobretudo num país como o Brasil, é absolutamente ilegítimo”.

Acesse a entrevista de Fábio Konder Comparato:

http://noticias.r7.com/brasil/comparato-o-impeachment-hoje-e-absolutamente-ilegitimo-04122015

Fonte: Escritório Costa & Advogados associados

FUP discute com a Petrobrás GT da Pauta pelo Brasil, dias de greve e outras demandas

Em reunião realizada sexta-feira (04) com a Petrobrás, a FUP tratou de diversas demandas da categoria:

Dias de greve - ficou agendada uma reunião no início de janeiro para discutir o procedimento que será dado pela empresa. Foi cobrado do RH que reforce a orientação para que as unidades não proponham qualquer tipo de compensação ou pagamento até fechamento das tratativas com a FUP. Os trabalhadores, portanto, não devem assinar qualquer documento relativo aos dias parados.

GT paritário - a FUP propôs uma reunião dia 10 de dezembro para discutir a formação e implementação do grupo que tratará da Pauta pelo Brasil. A empresa ficou de confirmar.

Adiantamento da PLR - após cobrança da FUP do cumprimento do Acordo da PLR, o RH informou que está sendo concluído o fechamento das metas e indicadores correspondentes aos três primeiros trimestres para apresentar à entidade.

Benefício Farmácia - a Petrobrás anunciou que assinou no dia 2 contrato com a Funcional Card, que passará a operar o benefício a partir de 4 de janeiro. A FUP cobrou que o programa seja mantido nos mesmos moldes em que funcionava, antes de ser suspenso pela empresa. Também foi cobrada uma reunião com a Petrobrás e a nova operadora para discutir o funcionamento do benefício e o pagamento dos reembolsos acumulados nos últimos meses pelos trabalhadores da ativa, aposentados e pensionistas. 

Dobradinha - foi cobrado uma posição sobre as mudanças no pagamento das horas extras a partir do feriado de 7 de setembro, que foram pagas abaixo do que era praticado pela empresa. No próximo dia 9, haverá uma reunião específica para tratar dessa demanda.

Bi-tributação do INSS - a FUP cobrou que não haja desconto do INSS no pagamento das diferenças remuneratórias referentes à quitação do ACT para os trabalhadores que já contribuem no teto e para o Plano Petros-1. A empresa irá verificar e corrigir os casos em que houver bi-tributação.

FUP

Presidente da CUT-RS denuncia: “A agenda dos golpistas é contra os trabalhadores”

Acusado com provas substanciais de manter diversas contas na Suíça e de ter recebido propina de banqueiros, o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, num gesto de desespero para não ser cassado por corrupção, resolveu chantagear o governo da presidenta Dilma, acolhendo o requerimento da oposição para abrir um processo de impeachment. O pedido foi feito pelos inimigos históricos da classe trabalhadora. Veja:

1. Os golpistas do impeachment são os mesmos que querem instituir a TERCEIRIZAÇÃO SEM LIMITES, através da PLC 30/2015, oriundo do famigerado PL 4330, já aprovado na Câmara, agora em tramitação no Senado. Com isso, ELLES querem precarizar o trabalho, reduzir salários, cortar direitos trabalhistas e esfacelar a organização sindical dos trabalhadores.

2. Os golpistas do impeachment são os mesmos que defendem abertamente a FLEXIBILIZAÇÃO das leis trabalhistas, incluindo a prevalência do negociado sobre o legislado, que foi barrada na Câmara, e a IDADE MÍNIMA PARA A APOSENTADORIA, prejudicando quem começou a trabalhar mais cedo.

 3. Os golpistas do impeachment são os mesmos que querem o fim da POLÍTICA NACIONAL DE VALORIZAÇÃO DO SALÁRIO MÍNIMO, responsável por um aumento real de 70% nos últimos 12 anos, considerada como o maior instrumento de enfrentamento das desigualdades, mas ELLES afirmam que não é compatível com a “produtividade” do Brasil.

4. Os golpistas do impeachment são os mesmos que condenam a “gastança” do governo em programas como BOLSA FAMÍLIA, PRONATEC, PROUNI, MAIS MÉDICOS e tantos outros dirigidos aos pobres que antes não tinham vez.

5. Os golpistas do impeachment são os mesmos que apoiam o FIM DO REGIME DE PARTILHA DO PRÉ-SAL, através do PLS 131/2015, apresentado pelo senador José Serra (PSDB), pois são contra a utilização dos recursos do PRÉ-SAL PARA A SAÚDE E A EDUCAÇÃO do povo brasileiro. Também são contrários ao CONTEÚDO NACIONAL na produção de equipamentos para o PRÉ-SAL, o que foi responsável pela reativação da indústria naval brasileira, o gerou milhares de empregos.

6. Os golpistas do impeachment são os mesmos que combatem a TAXAÇÃO DAS GRANDES FORTUNAS e o FIM DO FINANCIAMENTO EMPRESARIAL DAS CAMPANHAS ELEITORAIS, uma das principais fontes da corrupção no Brasil.

7. Os golpistas do impeachment são os mesmos que estão envolvidos com os esquemas históricos de corrupção e TENTAM IMPEDIR QUE CONTINUEM AS INVESTIGAÇÕES, pois a lei anticorrupção que permite a prisão de corruptores é de 2012, assinada pela presidenta Dilma. ELLES gostariam que a corrupção fosse jogada para debaixo do tapete, como acontecia historicamente no Brasil.

8. Os golpistas do impeachment são os mesmos que protegem a meia dúzia de famílias que controlam os meios de comunicação no país, que definem o que deve ser discutido ou ignorado, que FALSEIAM E MANIPULAM AS INFORMAÇÕES e que jogam com a desinformação do povo como veremos fartamente nos próximos dias, quando estimularão a ida de pessoas para as ruas pelo golpe e depois farão cobertura de forma cinematográfica para criar um ambiente favorável aos golpistas.

9. Os golpistas do impeachment são os mesmos que querem aprovar um conjunto de violações aos direitos das mulheres, a redução da maioridade penal e o estatuto da família, dentre outros itens da pauta conservadora, na tentativa de ELIMINAR AVANÇOS NOS DIREITOS SOCIAIS e no respeito à diversidade.

É verdade que temos broncas com itens da política econômica do governo Dilma, Por diversas vezes ocupamos as ruas com as pautas dos trabalhadores, fazendo greves e mobilizações. Mantemos as críticas à agenda do ministro Levy, que tem gerado desemprego. Todavia, não temos dúvidas em afirmar que, o que poderá vir se os golpistas do impeachment tiverem êxito, é imensamente pior para a classe trabalhadora e à democracia brasileira.

Conclamamos os lutadores e às lutadores do movimento sindical, do campo e da cidade, e todos os movimentos sociais comprometidos com um país mais justo e igualitário, a disputar a opinião nos locais de trabalho e tomar as ruas para enfrentar democraticamente o ódio e a intolerância de quem não se conformou com o resultado das eleições e tenta mais uma vez emplacar o terceiro turno.

Estamos atravessando a maior luta de classes na história do Brasil. É preciso desmascarar os interesses que representam os golpistas do impeachment e cumprir o nosso papel de representantes classistas para organizar e orientar os trabalhadores, a fim de impedir o golpe e o retrocesso.

Fonte: CUT-RS

 

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