Nov 28, 2024

Corrupção vai custar caro às empresas

Entra em vigor amanhã a lei anticorrupção (Lei Federal nº 12.846/2013), que alcançará o caixa das empresas envolvidas em práticas ilícitas. Até então, as instituições privadas suspeitas de participação em esquemas de desvio de dinheiro público escapavam praticamente ilesas. Elas demitiam os empregados denunciados por fraude em licitação ou suborno de um agente do Estado, emitiam uma declaração pública, na qual repudiavam as ações, e seguiam tocando os negócios. Agora, perderão 20% do faturamento bruto e correrão o risco de ter a atividade encerrada. A responsabilização vai de funcionários a donos de empresas, chegando até aos famosos laranjas, sem considerar se houve dolo ou culpa.

De acordo com estudo da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), por ano, entre R$ 50 bilhões e R$ 84 bilhões, o equivalente a 2,3% do Produto Interno Bruto (PIB), são perdidos para a corrupção. Embora tenha sido aprovada e sancionada em agosto do ano passado, a lei anticorrupção precisa ser regulamentada, tarefa sob responsabilidade da Controladoria-Geral da República. As regras de aplicação da lei deverão ser publicadas no Diário Oficial da União de amanhã. Hoje, apenas Tocantins está preparado para pôr em prática as regras, entre elas a de aplicação da multa. O Governo do Distrito Federal (GDF) espera a edição do decreto federal para detalhar a aplicabilidade da lei na capital. Atualmente, o GDF resolve situações de corrupção por meio de declarações de inidoneidade, o que impede a empresa envolvida de renovar ou fazer contratos com órgãos da administração pública. A principal mudança é a responsabilização jurídica, dita como objetiva. Independentemente de provar quem cometeu o ato ilícito, quem pagou a propina, a companhia será punida. E o importante serão as penas, as severas multas, algo inédito no Brasil, que vão doer no bolso do empresário, explicou a secretária de Transparência do DF, Vânia Vieira. Boa parte das grandes empresas no DF tem como principal cliente o setor público. Desde a edição da lei, em 2013, já se prepararam para as mudanças. Entre elas está a CTIS, do ramo de eletrônicos e informática, cuja maior fatia do faturamento tem origem em contratos com o governo. Trabalhamos muito com licitação e desde 2013 temos um manual de boa conduta que já foi atualizado com as novas regras da lei. Além disso, trabalhamos com grandes parceiros internacionais que exigem esse tipo de conduta, disse o diretor executivo jurídico da rede, Alexandre Pinheiro.

A nova legislação aglutina punições previstas nas leis de improbidade administrativa, do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e do Código Civil. Para o presidente da ONG Contas Abertas, Gil Castelo Branco, a lei moderniza o que há de punições, hoje, como a Lei das Licitações (nº 8.666/1993). A corrupção é uma via de mão dupla, mas o foco era apenas o funcionário que cometia a ação. A empresa afastava, dizia que não concordava com aquilo e pronto. Agora, terá punições mais amplas, destacou.

Novas regras

Algumas mudanças impostas pela lei anticorrupção

» A empresa que não agir dentro das regras poderá perder bens, ter as atividades supensas, além de ser excluída do recebimento de incentivos, subsídios, subvenções, doações ou empréstimos de órgãos ou entidades públicas e de instituições financeiras públicas ou controladas pelo poder público.

» Administrativamente, as empresas poderão ser penalizadas com multa de até 20% do faturamento bruto. Quando não for possível esse cálculo, a multa poderá variar de R$ 6 mil a R$ 60 milhões.

» Prevê atenuantes de penas às empresas que tenham mecanismos e procedimentos internos de integridade, auditoria e incentivo à denúncia de irregularidades e aplicação efetiva de códigos de ética e de conduta (política de compliance).

» Possibilidade de celebração do chamado acordo de leniência com empresas que colaborarem ativamente nas investigações de irregularidades, o que poderá isentá-las de determinadas sanções e reduzir o valor de multas.

Fonte: JusBrasil

Diretor das Faculdades Anhaguera é afastado por assédio moral

Funcionários confirmaram que o diretor referia-se aos auxiliares como "incompetentes", "lesmas" e "vagabundos", além de proferir palavrões e ameaças de demissão

 

A juíza Deborah Beatriz Ortolan Nagy, da 2ª Vara do Trabalho de Sorocaba, determinou o afastamento do diretor local das Faculdades Anhanguera, Adriano Donizete Pila, por suposta prática de assédio moral contra funcionários.

A decisão liminar, divulgada nesta segunda-feira, 27, estabelece prazo de 15 dias para o afastamento, sob pena de multa diária de R$ 5 mil.

A juíza acatou pedido do Ministério Público do Trabalho (MPT), após denúncia de uma funcionária que teria sido ofendida e humilhada pelo diretor.

Outros funcionários confirmaram, no inquérito aberto pelo MPT, que o diretor referia-se aos auxiliares como "incompetentes", "lesmas" e "vagabundos", além de proferir palavrões e ameaças de demissão. O assédio moral teria ocorrido tanto na sala da diretoria, quanto em local aberto, na presença de outros funcionários.

O departamento de Recursos Humanos da faculdade teria sido alertado para os excessos do diretor, sem que tomasse qualquer medida. Ao justificar a concessão da liminar, a juíza alegou ter encontrado evidências de "completo abuso do poder diretivo, perseguições e assédio moral a funcionários da empresa-ré."

Além do afastamento do diretor, o MPT pediu a condenação do grupo Anhanguera ao pagamento de indenização por danos morais coletivos no valor de R$ 10 milhões. Pediu ainda a apuração de suposta falsificação de documento público, já que o diretor teria pedido a uma funcionária que registrasse uma docente como doutora sem a apresentação dos documentos.

Exame

Portuários organizam paralisação de 24 horas nesta quinta-feira

Trabalhadores de alguns dos principais portos do país devem fazer paralisação de 24 horas nesta quinta-feira (30), por regulamentação da guarda que atua nesses locais, implementação de plano de cargos e salários e soluções para problemas enfrentados no Portus, fundo de previdência complementar da categoria. No último dia 24, os portuários suspenderam as atividades por seis horas no Rio de Janeiro, Bahia, Rio Grande do Norte e Pará.

Segundo a Federação Nacional dos Portuários (FNP), o plano apresenta dificuldades para pagar os benefícios de seus assistidos devido à inadimplência das empresas patrocinadoras (companhias Docas) e da União. Eles afirmam que a dívida totaliza R$ 4 bilhões. Representantes dos trabalhadores se reuniram hoje com a direção da Superintendência Nacional da Previdência Complementar (Previc).  O fundo está sob intervenção da Previc desde agosto de 2011. O período foi estendido, hoje, por 60 dias.

Rede Brasil Atual

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