O 2º Encontro dos Petroleiros da Região Sul, que acontece nesta terça e quarta-feira (31/05 e 01/06), em Laguna-SC, teve na programação da tarde a análise da conjuntura política nacional e o debate sobre as mobilizações da classe trabalhadora como forma de reação ao golpe e à agenda liberal de retirada de direitos da classe trabalhadora.
As análise ficaram a cargo de Dary Beck Filho, diretor do Sindipetro RS e de formação da FUP, e do presidente do Sindipetro Paraná e Santa Catarina, Mário Dal Zot.
Dary disse não ter dúvidas que houve um golpe de Estado no Brasil. “Tivemos o 1º de abril de 1964 e agora entra para a história o 16 de maio de 2016. Um golpe da mídia, de parte da classe política e do judiciário”.
O dirigente gaúcho fez uma classificação dos agrupamentos que tramaram o golpe contra a presidente Dilma Rousseff. “Cada um daqueles que estão na aliança golpista tem seus respectivos motivos. Um grupo neoliberal entreguista, cujo cabeça é o José Serra. Outro da quadrilha do PMDB, do Romero Jucá, do Eduardo Cunha e do Michel Temer. Tem a turma dos neopentecostais, que são os representantes dos evangélicos. Existe ainda o grupo da extrema direita fascista que surgiu e se fortaleceu desde 2013. Por último o grupo da mídia, o interesse desses é meramente empresarial. Estão vendo que as novas tecnologias estão comendo o negócio deles. Têm perfil golpista, já apoiaram o golpe de 64 e as elites brasileiras. A quadrilha do PMDB achou que ia se safar das investigações com o golpe, mas parece que não vai ser fácil assim. Os neoliberais exerceram seu papel e querem entregar o país. Receberam muito dinheiro durante muito tempo para isso e agora têm que cumprir as promessas. Já os neopentecostais têm a visão baseada que o governo era muito liberal, dá muito direito para os gays, as mulheres, que estava acabando com a família tradicional. Uma visão bastante regressiva, que no fundo tem a ver com grana”.
Dary também destacou a fragilidade dos setores que arquitetaram o golpe. “É um ajuntamento heterogêneo e tem as suas disputas internas. Os vazamentos dos áudios do ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado evidenciam isso. Querem deixar o Temer o mais perto possível da visão entreguista, subalterna dos Estados Unidos. Estão derrubando todos mais próximos dele. Na mesma semana que o Romero Jucá caiu, apareceu a notícia do Serra se oferecendo para ser o ministro do Planejamento. Nisso a Petrobrás está em risco, faz parte do negócio do golpe e o pré-sal também”.
Ainda de acordo com Dary, há um processo de mobilização com a adesão de uma juventude que não é orgânica aos instrumentos normais. “Quem organiza os protestos é a Frente Brasil Popular e a Frente Brasil Sem Medo. Só que quando você faz uma manifestação aparece um público não-orgânico, não são filiados a partidos, nem a sindicatos. São pessoas que ouviram a palavra de ordem ‘defesa da democracia’ foram para a rua. Esse é o lado positivo desse processo político”.
Já o presidente do Sindipetro Paraná e Santa Catarina destacou o uso político que fizeram com a Lava Jato. “Foi uma operação que começou com o objetivo de investigar a lavagem de dinheiro do narcotráfico, mas até agora nenhum traficante foi preso. Quando descobriram a ligação de um doleiro com o Paulo Roberto Costa, virou o foco para a Petrobrás em um esquema de corrupção muito antigo. Foi o achado certeiro. O objetivo era vencer as eleições em 2014. Acharam nas manifestações de 2013 um povo que não era dos movimentos sociais disposto a ir pra rua. Apostaram tudo que iam levar a eleição, mas perderam por pouco. Só tinham que achar o momento certo, a mobilização certa. Diferente do que aconteceu com o governo Lula, houve uma intensidade muito grande do PMDB. Sem a eleição daquele projeto liberal representado pelo Aécio, prometeram tudo e mais um pouco, incluindo o pré-sal. Se antes estava difícil segurar com a Dilma, agora é que o projeto que acaba com a lei da partilha passa no Congresso. Não haverá mobilização de estudantes ou de trabalhadores que irá segurar nesta conjuntura política”, afirmou Mário.
Dal Zot também falou sobre o enfrentamento à agenda liberal que ataca os direitos da classe trabalhadora. “Temos a preocupação de construir um movimento mais efetivo porque sabemos o que vem pela frente. O primeiro ponto é não aceitar retirada de direitos. Precisamos levar isso para os congressos regionais e para a Plenária da FUP. Não dá para negociar direitos por ganho real, por gratificação, por absolutamente nada. Nosso movimento terá que ser algo forte e rápido. Porque a estratégia deles será levar uma greve para o TST para retirar direitos.
Após as exposições, os participantes do 2º Congresso debateram o cenário político e farão propostas para as ações de mobilização da categoria petroleira e da classe trabalhadora. Os debates sobre essas pautas prosseguem até ao meio dia de amanhã (01), quando será encerrado o evento.
Fonte: Sindipetro Paraná e Santa Catarina