Mulheres debatem desafios das lutas coletivas diante do avanço do fascismo

A coordenadora de pesquisa do Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep), Fernanda Brozoski, e a diretora da FUP, Miriam Cabreira, participaram da mesa que abre os debates desta terça-feira (27) no 2º Encontro Nacional e Unificado das Mulheres Petroleiras, fazendo uma análise de conjuntura sobre o setor Petróleo no âmbito internacional e nacional. O encontro, que teve início ontem, reúne trabalhadoras das bases da FUP e da FNP em Xerém, na Baixada Fluminense.

A pesquisadora do Ineep fez uma rápida análise sobre os impactos da crise sistêmica da economia global, que tem como um dos efeitos a queda da demanda por petróleo e, consequentemente, dos preços internacionais da commodity. Ela afirmou que, diante da imprevisibilidade que impera no atual cenário econômico, o Brasil não pode se limitar ao papel periférico de fornecedor de matérias primas, alertando que a previsão do brent para este ano é de 68 dólares, o que trará impactos nas receitas da Petrobrás, que ainda destina mais de 70% de sua carteira de investimentos para o segmento de E&P.

“A empresa precisará rever suas estratégias de investimentos, mudar a visão de longo prazo e avançar no papel social, promovendo segurança energética com desenvolvimento nacional em um cenário de transição para uma matriz de baixo carbono”, disse Fernanda. Ela destacou que a política de austeridade da Petrobrás não pode comprometer os investimentos nacionais. “Se a empresa tiver que apertar os cintos, que os cintos dos acionistas também sejam apertados”, declarou.

“Não há transição justa sem diálogo social”, afirma diretora da FUP

A diretora da FUP, Miriam Cabreira, lembrou que o Brasil sediará em novembro a COP 30 (Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas) e que a Petrobrás é atualmente a única empresa nacional estatal de energia e, portanto, precisa ter protagonismo no debate da transição energética justa. Ela afirmou que as trabalhadoras petroleiras precisam disputar os rumos da Petrobrás, ressaltando que a empresa faz propagandas sobre a transição energética, mas não tem diálogo nem com os trabalhadores, nem com as comunidades impactadas.

“Não há transição energética justa sem diálogo social”, comentou Míriam, ao enfatizar que os recursos provenientes das novas fronteiras de petróleo têm que ser utilizados de fato na transição energética, “se não vai acontecer o que já acontece com o pré-sal, cujos recursos são utilizados para pagar dividendos e não para promover o desenvolvimento nacional”. Ela alertou que o capitalismo já capturou a pauta da transição energética, para que seja uma nova forma de acumulação de capital.

“Nas negociações coletivas com o Sistema Petrobrás, temos sempre que apresentar uma pauta que vá além da corporativa, que tenha propostas de projeto para a empresa que inclua as mulheres. Se não fizermos essa disputa agora, a Petrobrás no futuro não será mais uma empresa pujante e terá perdido a oportunidade de protagonizar a transição energética justa”, afirmou a diretora da FUP.

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