O Brasil vive um momento importante de disputa política. A atuação do Congresso, com sucessivos ataques à classe trabalhadora, às conquistas sociais e as ameaças a Petrobrás, entre outras situações, mostram que o povo brasileiro está diante de uma tentativa escancarada de golpe contra o Estado Democrático de Direito.
Eduardo Cunha e os que agora pregam o impeachment estão empurrando o país para um abismo, na contramão dos interesses nacionais, das conquistas dos trabalhadores e dos programas que atendem as camadas mais empobrecidas da população.
Os petroleiros não podem ficar alheios a esta situação. Quem se levantou e defendeu a Petrobrás, agora tem que estar junto na luta em defesa da democracia, dos direitos da classe trabalhadora e dos avanços sociais conquistados nos últimos anos.
Não se trata de defender um governo, mas um projeto político, que com todos os problemas que possa ter, inegavelmente mudou a vida de milhões de brasileiros. Trata-se de defender um projeto de Brasil que não existe só para uma elite; que investiga e pune quem usa o que é público em benefício próprio; e que proporciona acesso à educação e a outros bens para quem foi historicamente excluído.
Basta olhar um pouco para trás e se constata que os que hoje pregam a moral, a ética e a defesa do Brasil, foram os mesmos que privatizaram, entregaram o país às multinacionais, e impediam a Polícia Federal e o Ministério Público de investigar qualquer situação de corrupção.
Estas e outras inúmeras questões, são motivo mais que suficiente para que todos, no momento em que vemos conquistas de décadas de lutas serem ameaçadas, estejam na rua dia 11 de dezembro, participando da 20ª Marcha dos Sem.
A concentração será às 14 horas, na rótula do Papa (esquina das avenidas Érico Veríssimo e José de Alencar, próximo ao Estádio Olímpico, no bairro Azenha), em Porto Alegre.
PETROLEIROS CONTRA O GOLPE
Na 20ª MARCHA DOS SEM, os manifestantes sairão em caminhada pelas ruas da Capital até o Palácio Piratini, na Praça da Matriz. A tradicional passeata é organizada anualmente desde 1996, com objetivo de mobilizar a classe trabalhadora e unir os movimentos sociais para enfrentar o modelo neoliberal, que aumenta as desigualdades e precariza o trabalho.
A atividade tem um caráter reivindicatório e propositivo, apontando alternativas de desenvolvimento às instituições públicas e privadas.
FRENTE BRASIL POPULAR
No dia 11, às 9 horas, antecedendo a Marcha, será lançada a Frente Brasil Popular no RS. A atividade será no auditório da FETAG-RS (Rua Santo Antônio, 121, bairro Floresta), na capital gaúcha.
O lançamento oficial ocorre após vários atos de pré-lançamento, promovidos em diversas cidades no interior gaúcho, como em Rio Grande, Palmeira das Missões e Passo Fundo e em Porto Alegre onde, durante a nossa greve, levamos mais de quarenta grevistas para participar. Nos encontros, falamos sobre a necessidade de defender a Petrobrás e o pré-sal.
NÃO AO GOLPE
A participação dos trabalhadores nestas atividades é fundamental.
Como já referimos na primeira parte desta matéria (na capa), o povo brasileiro está diante de uma tentativa escancarada de golpe e de ataque contra o Estado Democrático de Direito. Eduardo Cunha e os que pregam o impeachment estão empurrando o país para um abismo, na contramão dos interesses nacionais.
A FUP divulgou nota onde se posiciona contra o Golpe em andamento no Congresso. "Os petroleiros mais uma vez se levantarão para defender a democracia e as conquistas da classe trabalhadora", diz a nota.
Impeachment sem base
Na nota a FUP também repudia veementemente a atitude irresponsável do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, de autorizar a abertura do processo de impeachment contra a presidente da República, Dilma Rousseff, sem qualquer base legal. "É temerário que um parlamentar investigado por crimes de corrupção, detentor de contas na Suíça irrigadas por propinas, coloque em risco as instituições brasileiras e a própria democracia", diz a Federação.
CHANTAGEM E RETALIAÇÃO
De fato, analistas, intelectuais e juristas têm atestado que não há qualquer ato ilícito que ponha sob suspeita a presidente da República. A atitude do presidente da Câmara é de caráter pessoal e uma chantagem e retaliação ao posicionamento dos parlamentares do partido da presidente que votaram pela continuidade de processo de cassação de Eduardo Cunha no Conselho de Ética da Câmara.
UM JOGO POLÍTICO
Dalmo Dallari, um dos mais respeitados juristas brasileiros, afirma que Eduardo Cunha apenas busca salvar seu mandato usando o impeachment como "moeda" de troca. "Não passa de uma tentativa desesperada do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB), de evitar a cassação do seu mandato, alvo de análise no Conselho de Ética do Legislativo".
Dallari diz que o impeachment não se sustenta por ausência de base jurídica. "Não há qualquer fundamento jurídico para o impeachment. Examinei atentamente a Constituição, a legislação, e os argumentos dos que propuseram o impeachment, e cheguei à conclusão de que não há qualquer consistência jurídica. Esse processo é apenas um jogo político".
Dallari ainda alerta que não se pode perder de vista que já está em campo aberto a disputa eleitoral. "Isso faz parte dessa encenação e teatralização que vem sendo feita ultimamente".