Acidente aconteceu na Unidade de Destilação; há risco de contaminação do rio Barigui e de desabastecimento do mercado
O rompimento de uma tubulação nas proximidades da bomba de carga para os fornos da U2100 (Unidade de Destilação) causou uma explosão na Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar), em Araucária. O acidente ocorreu por volta das 22h30 de quinta-feira (28) e o incêndio só foi controlado por volta da zero hora de hoje.
Informações de trabalhadores dão conta que a equipe de combate de emergência ainda atua na U2100 para resfriá-la, que segue totalmente interditada. Apesar da grande proporção do acidente, não há registros de feridos. O calor do fogo causou grandes danos estruturais, chegando a entortar vigas de sustentação de equipamentos e dutos. Dirigentes do Sindicato dos Petroleiros do Paraná e Santa Catarina estão na Repar para averiguar os fatos.
Uma grande quantidade de óleo vazou para as canaletas de águas pluviais e o fluxo chegou à Unidade de Tratamento de Descartes Industrais (UTDI). Por enquanto o problema está controlado, mas existe o risco de contaminação do Rio Barigui. A equipe do Centro de Defesa Ambiental da Petrobrás (CDA-Sul), localizada em Itajaí-SC, foi acionada e se desloca para a Repar.
Desbastecimento
A U2100 é o primeiro setor industrial da cadeia de processamento do petróleo. Dessa forma, a produção de todas as demais unidades está comprometida. Algumas já estão paradas, como é o caso do Coque. Outras estão com carga reduzida, mas devem parar de operar em breve, como a unidade do craqueamento catalítico. “A perspectiva é de que refinaria pare de operar e prejudique o fornecimento de derivados ao mercado”, afirma Silvaney Bernardi, presidente do Sindipetro.
Procop e Efetivo reduzido
Há tempos o Sindipetro Paraná e Santa Catarina alerta para os riscos de acidentes na Repar. O motivo é o efetivo insuficiente de trabalhadores. Com as obras de ampliação do parque industrial, a capacidade de produção da Refinaria dobrou e o número de funcionários próprios não acompanhou a evolução. Existe uma situação emblemática, onde apenas um petroleiro é responsável por duas unidades de operação, sendo que estão há mais de cem metros de distância.
Além do efetivo reduzido, a situação se agrava com o Programa de Otimização de Custos Operacionais (Procop), que reduz os investimentos em manutenção de equipamentos e contratação de trabalhadores.
Tragédia anunciada
O Sindipetro protocolou em agosto deste ano um dossiê com mais de 500 páginas junto ao Ministério Público do Trabalho da 9ª Região (MPT) onde alertava para os riscos de acidentes na Repar em função do efetivo reduzido de trabalhadores próprios, elevada taxa de terceirização, principalmente na manutenção de equipamentos, cortes nos investimentos em serviços fundamentais, além de liberação de trabalhadores para outras unidades da Petrobrás. Na oportunidade, os petroleiros fizeram um ato em frente ao MPT (foto ao lado). Até hoje o Sindicato não recebeu qualquer notificação do MPT sobre as denúncias encaminhadas.
Sindipetro PR-SC