A diretora de SMS do Sindipetro-RS e da Federação Única dos Petroleiros (FUP), Nalva Faleiro, participou na manhã dessa quarta-feira (12) de uma roda de debate na COP30, em Belém (PA), sobre os impactos da Transição Energética no mundo do trabalho. O encontro realizado no espaço da Embrapa, na Agrizone, e promovido pelo Sindicato Nacional dos Trabalhadores de Pesquisa e Desenvolvimento Agropecuário (SINPAF), integra a iniciativa “Transição Justa e Unificação de Lutas: o trabalho no centro das transformações”. O evento reuniu representantes de empresas públicas, sindicatos e pesquisadores, discutindo soluções concretas, como articulação sindical e inclusão produtiva, para fortalecer uma agenda de sociobioeconomia e desenvolvimento sustentável.
Durante sua fala, Nalva ressaltou a urgência do debate sobre a transição energética e a necessidade de adequar essa discussão à realidade brasileira. “As mudanças climáticas não são um assunto do futuro, são um tema do presente, porque os impactos já estão acontecendo. No Rio Grande do Sul, vivemos uma catástrofe climática recente, e o agronegócio e o desmatamento seguem como os maiores vilões das emissões no Brasil”, afirmou. A dirigente destacou que 75% das emissões de gases de efeito estufa no país vêm do desmatamento e da agropecuária, enquanto o setor energético é responsável por apenas 18%, e a exploração de petróleo e gás representa cerca de 2,4%.
Nalva também enfatizou que o debate sobre o futuro energético do Brasil deve estar vinculado a um projeto nacional de desenvolvimento e a políticas que garantam soberania, justiça climática e igualdade social. “A transição energética precisa considerar nossas particularidades e combater a desigualdade. Ela deve promover justiça climática e energética, reduzir a pobreza e garantir soberania nacional. O Brasil precisa de um plano próprio de transição, construído a partir da nossa matriz e das nossas emissões reais”, defendeu.
Por fim, a dirigente do Sindipetro-RS e da FUP destacou que a Petrobrás tem papel estratégico na construção de uma transição energética justa, soberana e popular. Segundo Nalva, esse processo não pode ser conduzido de forma abrupta, mas precisa estar vinculado a um projeto nacional de desenvolvimento, com investimento em novas tecnologias, fortalecimento industrial e geração de empregos de qualidade. “A transição energética brasileira deve servir aos interesses do povo, reposicionando o país na nova divisão internacional do trabalho e agregando valor às nossas cadeias produtivas. Caso contrário, corremos o risco de perpetuar o modelo colonialista, “exportando” matérias-primas, vento e sol”, alertou. Para ela, a Petrobrás, por sua expertise, capacidade de investimento e responsabilidade socioambiental, deve liderar esse processo. “Precisamos garantir que os recursos do petróleo financiem a transição energética, e que ela seja construída com diálogo, desenvolvimento e soberania para o povo brasileiro”, concluiu.
Nesta quinta-feira, 13, a FUP conduzirá uma atividade, às 17h30, no Pavilhão Brasil, na Zona Azul, que integra a programação oficial da COP30. Com o tema “A ação sindical no Sul Global por uma transição energética justa e popular: ação coletiva, diálogo social, geração cidadã de dados e trabalho decente”, o painel contará com a participação do ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho, além de representantes de organizações sindicais e sociais, especialistas e pesquisadores do Ineep e do Dieese. A atividade terá transmissão ao vivo pelo canal da COP30 no Youtube.