Duas décadas após ser privatizada, a antiga Ultrafértil (rebatizada para Araucária Nitrogenados) foi reincorporada ao Sistema Petrobrás, como Fafen-PR. Nesta quarta-feira, 05, a diretoria executiva da estatal deu posse ao novo diretor da unidade, concluindo um processo de negociação, que se arrastava desde o ano passado. Ao longo desses 20 anos, os trabalhadores jamais desistiram da luta pela reintegração da fábrica. Mantiveram-se organizados, sempre denunciando os impactos na produção de alimentos que a privatização da indústria de fertilizantes gerou e cobrando a intervenção do Estado no controle desse estratégico setor.
A resistência valeu a pena e provou que a luta organizada constrói conquistas e vitórias. A FUP teve participação fundamental nesse processo, contribuindo na interlocução com o governo e os gestores da Petrobrás e fortalecendo a unidade dos trabalhadores do Sistema. Essa integração foi consolidada em fevereiro, quando uma assembleia do Sindiquímica-PR aprovou por unanimidade a filiação à FUP.
Resistência dos petroleiros impediu a privatização da Petrobrás
Em junho de 1993, a antiga Ultrafértil, responsável na época pela produção de 42% dos fertilizantes do país, foi privatizada em um dos mais escandalosos leilões do Programa Nacional de Desestatização (PND), que dizimou a Petrobrás Fertilizantes (Petrofértil), através da qual o Estado controlava esse setor estratégico para a agricultura.A Ultrafértil e as demais empresas que pertenciam à Petrofértil (Nitrofértil, Fosfértil, Goiasfértil, Arafértil e outras) passaram a ser controladas pela multinacional Bunge e em 2010 foram adquiridas pela Vale Fertilizantes.
O PND foi instituído em 1990 pelo governo Collor de Mello e teve continuidade nos governos de Itamar Franco e do tucano Fernando Henrique Cardoso, cujos planos eram também privatizar a Petrobrás. Foi o maior e mais escandaloso feirão do planeta, onde a Vale do Rio Doce, CSN, Embraer, Sistema Telebrás, diversas empresas do setor elétrico e petroquímico, entre outras estatais, foram vendidas a preços de banana e com subsídios do Estado. FHC acabou com o monopólio da Petrobrás na indústria de petróleo e só não entregou a estatal às multinacionais porque os petroleiros resistiram com greves e intervenções políticas na sociedade.
A reintegração da antiga Ultrafértil, assim como da Refap, que voltou a ser 100% Petrobrás, após FHC ter vendido 30% de seus ativos, são vitórias históricas que fortalecem a nossa luta contra as privatizações e em defesa de um Estado forte e soberano. Uma conquista que deve ser comemorada por todos os trabalhadores do Sistema Petrobrás, o qual defendemos 100% público e estatal.
FUP