Essa quinta-feira, 18, foi marcada por mobilizações em todo o país. Na capital gaúcha, cerca de 6 mil trabalhadores participaram da passeata até o prédio da Receita Federal. Desde o começo da manhã, houve paralisações e assembleias nas portas de fábricas em diversas cidades do Rio Grande do Sul, muitos desses trabalhadores seguiram para a caminhada em Porto Alegre.
Na concentração, em frente ao prédio do INSS, os dirigentes explicaram a pauta da classe trabalhadora: 40 horas semanais sem redução de salários, fim do fator previdenciário, reforma agrária, igualdade de oportunidades entre homens e mulheres, política de valorização dos aposentados, 10% do PIB para a educação, 10% do orçamento da União para a saúde, correção da tabela do imposto de renda, ratificação da Convenção 158 da OIT, regulamentação da Convenção 151 da OIT e ampliação do investimento público.
Representantes de diversas federações de trabalhadores se manifestaram para lembrar que depois de realizar a Marcha das Centrais Sindicais e dos Movimentos Sociais, que reuniu 50 mil pessoas em Brasília, a CUT voltou às ruas neste dia 18 em uma mobilização nacional para destravar a pauta entregue ao governo e a parlamentares.
O presidente da Confederação Nacional dos Metalúrgicos, Paulo Cayres, afirmou que não está na pauta apenas questões específicas de categorias, mas lutas de toda a classe trabalhadora. Para ele, é fundamental organizar os locais de trabalho, pois é lá que se faz a disputa com o capital.
“Somente organizados vamos vencer nas nossas pautas. Lá no ABC Paulista, mais de 80% das fábricas já estão com a carga horária de 40 horas e eles também estão mobilizados hoje, em solidariedade a nossa pauta conjunta”, disse Cayres.
Outro ponto defendido pelo dirigente é o fim do fator previdenciário: “somos roubados em 30% com o fator previdenciário, os trabalhadores querem se aposentar com dignidade.”
Para o presidente da CUT-RS, Claudir Nespolo, os trabalhadores estão lutando pelo desenvolvimento do Brasil com distribuição de renda, aumento para os aposentados, fim das terceirizações e investimentos em políticas públicas.
“Há um setor no Brasil que defende medidas que visam apenas o crescimento do país, precisamos é de desenvolvimento”, acredita.
Nespolo lembrou conquistas recentes para a classe trabalhadora como os direitos adquiridos por empregados domésticos e vigilantes. “Isso tem que ser apenas o começo. Por isso os trabalhadores do campo e da cidade estão unidos hoje, para garantir o avanço da nossa pauta”, disse ele.
No prédio da Receita Federal, os trabalhadores encontraram os integrantes da Via Campesina, que estavam acampados no local desde terça-feira, 16.
Agricultura familiar
No começo da tarde, todos saíram em caminhada até o Palácio Piratini para entregar a pauta da agricultura familiar com a Via Campesina para o governador do Estado, Tarso Genro.
Em frente ao Palácio, o presidente da Federação dos Metalúrgicos do RS, Jairo Carneiro, falou em nome dos trabalhadores. Segundo ele, é fundamental para o desenvolvimento do país incentivar a agricultura familiar.
“Temos que investir nos pequenos agricultores, a população precisa de comida saudável e não de veneno como o que vem do agronegócio”, declarou ele. “Sem dúvida nenhuma, os trabalhadores metalúrgicos são parceiros nesta luta, apoiando a agricultura familiar”, finalizou.
Após, o governador, Tarso Genro foi até o caminhão de som e falou aos manifestantes. “Sempre senti falta de uma política específica para a agricultura camponesa. Hoje vamos apresentar para vocês a proposta de um programa para essa área e que espero que seja modelo para o resto do país”, disse.
A proposta apresentada por Tarso é de um programa custeado 50% pelo governo estadual e 50% pelo BNDES e visa investimentos nas unidades de produção, processamento da produção, indústria de insumos, criação de pontos populares de trabalho, centros de distribuição local de alimentos e estrutura de logística.
“Vamos fazer do Rio Grande do Sul um exemplo para o Brasil, pois esse programa intervém não apenas na produção, mas também na comercialização e isso redesenha a política para a agricultura campesina”, acredita Tarso.
Após um dia de manifestações em diversas regiões do Estado, o governador ainda falou da importância dos movimentos sociais e populares para a democracia. “Nossos policiais não estão aqui para bater em manifestantes. A ordem é que eles garantem a segurança para todo mundo se manifestar”, afirmou.
Participações
Diversas entidades participaram da atividade ao longo do dia, entre essas: MTD, Federação dos Metalúrgicos do RS, Federação Democrática dos Sapateiros, CNM, Sinpro, Feteesul, Sintae, Sintrajufe, Sindicato dos Metalúrgicos de São Leopoldo e Região, Sindicato dos Metalúrgicos de Sapiranga, Sitracom, CPERS/Sindicato, FEMERGS, CONTEE, SEMAPI, Sindicato Metalúrgicos de Porto Alegre, FTIA-RS, Sindiserf, MNLM, Sindisaúde, SindBancários e Sinttel.
CUT-RS