A multinacional alemã de especialidades químicas Lanxess Elastômeros, que neste 1º de abril celebra cinco anos de aquisição do controle acionário da brasileira Petroflex, está sendo muito criticada pelos trabalhadores, principalmente os que atuam na fábrica no município do Cabo de Santo Agostinho, em Pernambuco. Os funcionários, através do Sindborracha-PE, criticam o que chamam de "intransigência" da empresa, afirmando que há sete meses tentam negociações salariais sem sucesso.
A empresa, que tem mais duas fábricas em Duque de Caixas, no Rio de Janeiro, e em Triunfo, no Rio Grande do Sul, já selou o Acordo Coletivo de Trabalho/2012 no ano passado com os trabalhadores dos dois estados. Mas as negociações do grupo em Pernambuco - iniciadas em 1º de setembro de 2012 -, foram suspensas pela empresa em 26 de janeiro.
Os funcionários alegam que a Lanxess, desde a primeira negociação, ainda em 2008, tenta "tirar conquistas anteriores". Eles afirmam que nunca aceitaram, mas conseguiam negociar. Mas que a proposta da empresa se repetia no ano seguinte, sendo sempre rejeitada. Mas que neste ano de 2012 o grupo insitiu na proposta - seguidamente negada pelos trabalhadores nas reuniões quinzenais - e acabou por suspender as conversas.
O presidente do Sindborracha-PE, Geraldo Soares, afirma que a empresa quer diminuir o tempo que paga o pré-escolar dos filhos dos trabalhadores. Atualmente a Lanxess paga o estudo das crianças até os 83 meses (6 anos e 11 meses de idade), mas estaria querendo reduzir para 48 meses (4 anos). O vale-alimentação também estaria na lista de cortes da proposta da Lanxess aos trabalhadores. A empresa também teria estancado a proposta de aumento salarial em 7,31%, enquanto os trabalhadores reivindicam 10%.
"A empresa está crescento. O lucro na América Latina aumentou 15%, carregado pelas fábricas brasileiras. Como quer cortar as nossas conquistas?", reclama Geraldo Soares.
A Lanxess tem cerca de 140 funcionários próprios na fábrica do Cabo de Santo Agostinho, mas tem mais de 400 terceirizados. O Sindborracha afirma que a situação destes é ainda pior, com salários mais baixos, jornadas de trabalho mais altas e atuação em locais precários. O Sindborracha afirma ter apoio destes terceirizados, que legalmente não podem se filiar ao sindicato ou se mobilizarem.
Nesta segunda-feira (1º), quando os funcionários "celebram" sete meses de negociações, houve uma paralisação nacional de 30 minutos, nas entradas dos turnos, nas três Lanxess brasileiras, para discutir a situação dos trabalhadores na empresa do Cabo.
O Blog tentou contato com a assessoria da Lanxess, mas não foi atendido.
As críticas dos trabalhadores foram divulgadas num boletim que foi publicado esta semana em todo o país no Informativo Unificado dos Sindicatos dos Trabalhadores da Lanxess. Veja abaixo.
Sindicato cobra melhores condições de trabalho
O Sindicato dos Trabalhadores na Indústria de Artefatos de Borracha no Estado de Pernambuco (Sindborracha-PE) cobra melhores condições de trabalho e garantias de segurança às conquistas adquiridas pelos funcionários da empresa Lanxess, que fica no Cabo de Santo Agostinho. Os 140 trabalhadores efetivos e 400 terceirizados se queixam dos riscos à saúde, da falta de acordo na última campanha salarial, com data-base em 1º de setembro de 2012, e que os benefícios históricos não sejam retirados.
De acordo com o presidente do Sindicato dos Trabalhadores na Indústria de Artefatos de Borracha no Estado de Pernambuco (Sindborracha-PE), Geraldo Soares, a atividade em petroquímica lida com manipulação de petróleo e transformação de líquido em sólido, que inclui produção de gases nocivos, e péssimas condições de temperatura e pressão.
Recentemente, segundo ele, 20 toneladas de solvente vazaram de um equipamento da empresa por causa de um problema de funcionamento de uma válvula. “Se uma faísca ocorresse, causaria um incêndio grave”, disse. O vale alimentação no valor de R$ 175 e a redução do auxílio pré-escola, que oferece apoio a trabalhadores com filhos que precisam pagar creche ou hotelzinho estão entre os benefícios que sofrem riscos de serem retirados.
A empresa comprou as ações da Petroflex em 2008. O diretor do sindicato Gilson de Góz explicou que a primeira ação foi reduzir os postos de trabalho em 30%, demitindo, inclusive, pessoas experientes.
A reportagem tentou contato com a empresa, mas não obteve sucesso.
Fonte: Blog de Jamildo