A direção da FUP decidiu suspender a negociação da PLR até que a Petrobrás realize uma reunião emergencial com as representações sindicais, em conjunto com a FNP, para discutir medidas efetivas de mudanças na política de SMS. A decisão foi comunicada à empresa na tarde desta quinta-feira, 10, no início do que seria a segunda rodada de negociação da PLR.
Em um intervalo de apenas 72 horas, três trabalhadores que prestavam serviço para a Petrobrás perderam a vida em situações trágicas que estão diretamente relacionadas à precarização das condições de saúde e segurança. A morte mais recente, ocorrida na terça-feira, foi a do projetista Petherson Katika, de apenas 25 anos, da empresa Jomaga, que presta serviços para a Repar, no Paraná. Sua partida precoce e inesperada deixou todos os colegas profundamente consternados.
“Estamos voltando àquele cenário de anos atrás, quando iniciávamos as reuniões de negociação sempre pedindo um minuto de silêncio pelas vítimas de acidentes. Um minuto de silêncio é muito pouco. É preciso parar tudo e começar do zero”, afirmou, indignado, o diretor da FUP e presidente do Sindipetro PR/SC, Alexandro Guilherme Jorge.
Na primeira rodada de negociação da PLR, a FUP já havia questionado a Petrobrás sobre a morte de outros dois trabalhadores, também vítimas da política de insegurança da empresa: a engenheira Rafaela de Araújo, de 27 anos, da MJ2 Construções, que foi atingida por um rolo compactador no Terminal de Cabiúnas, em Macaé, na segunda-feira (07); e o técnico Edson Almeida, que faleceu no sábado (5), a bordo do FPSO Cidade de Niterói, operado pela Modec.
A FUP enfatizou que não faz sentido algum falar de PLR, se o lucro e os resultados construídos pelos trabalhadores são às custas de mortes e de adoecimentos sucessivos, sem que a Petrobrás atue de forma efetiva para conter essa sangria. É inadmissível que os trabalhadores sigam expostos a ambientes inseguros, submetidos a jornadas extenuantes e a condições diferenciadas de trabalho, sendo que os petroleiros prestadores de serviço contribuem para os resultados do Sistema Petrobrás, tanto quanto os efetivos próprios.
Outra morte recente relatada pela FUP foi a de um petroleiro que havia atuado durante vários anos como operador na Recap e Replan e acabou aderindo ao PDV, assim como vários outros trabalhadores. Recentemente, ele havia passado no concurso da Petrobrás como PCD, mas foi barrado injustamente pela empresa, vindo a falecer antes do processo administrativo começar a tramitar.
“Esse caso foi muito chocante e abalou todos os trabalhadores que conviveram com ele, pois, se tivesse sido admitido, já estaria como empregado da Petrobrás. Assim como ele, vários outros companheiros PCDs estão sofrendo restrições injustas às suas atividades, como discriminações e recusa para atuarem embarcados e no turno das refinarias e de outras unidades do Sistema. Isso tem afetado a autoestima e a saúde mental desses trabalhadores e é mais um grave problema que precisa ser resolvido”, afirmou a diretora da FUP, Cibele Vieira.
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