“A FUP está atenta aos caminhos que serão seguidos pela gestão da presidente Magda Chambriard”. A observação é do coordenador- geral da Federação Única dos Petroleiros, Deyvid Bacelar, ao comentar os resultados operacionais e financeiros da Petrobrás do segundo trimestre de 2024 divulgados pela estatal na noite desta quinta-feira (8). Foram os primeiros resultados anunciados pela administração Chambriard, há menos de dois meses no cargo.
A grande preocupação da FUP é quanto à redução entre 21,6% e 27,0% do volume de investimentos para o ano de 2024, sobretudo em exploração e produção (E&P), e a manutenção de pagamento exagerado de dividendos, em mesmos patamares observados desde o segundo semestre de 2023, com Jean Paul Prates na presidência da companhia. “Chama a atenção que, mesmo diante do prejuízo no segundo trimestre do ano, mantiveram os dividendos elevados e, para garantir o pagamento, lançaram mão de reservas estatutárias de remuneração de capital. Mais uma vez, a companhia garantiu robusta remuneração aos seus acionistas, um total de R$ 13,6 bilhões no segundo trimestre de 2024”, ressalta Bacelar.
Ele pondera, contudo, que, como Chambriard tem pouco tempo à frente da presidência da empresa, a FUP tem a expectativa de que haja mudança em relação à política de dividendos. Mesmo com o resultado negativo, mais uma vez, a companhia garantiu robusta remuneração aos seus acionistas: um total de R$ 13,6 bilhões no segundo trimestre de 2024. Somado ao primeiro trimestre, nos primeros seis meses do ano, a Petrobrás já distribuiu R$ 27 bilhões em dividendos, valor 31% superior ao lucro líquido registrado no período (R$ 20,6 bilhões).
“É preciso definir claramente o destino da renda petroleira. Se ela vai para investimentos ou para pagar dividendos robustos a acionistas, sobretudo privados e internacionais”, afirma o dirigente da FUP.
“A geração de caixa segue resiliente, mesmo com queda no volume de receitas e vendas no mercado interno, a qual foi compensada pelo aumento nas exportações, em especial, de petróleo nesse trimestre”, afirma o diretor técnico do Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep), Mahatma Ramos dos Santos.
Para o especialista, o resultado negativo de R$ 2,6 bilhões da Petrobras no 2T24 é explicado pelo impacto financeiro de itens não recorrentes, a adesão ao acordo tributário com União e variações cambiais. Segundo Deyvid Bacelar, os acordos tributários, que tiveram impactos sobre os resultados da companhia, foram importantes, pois, além de limparem pendências com a União, podem ajudar na corrida do governo federal em reduzir o déficit fiscal.
Outro destaque do 2T24 foi o anúncio da redução entre 21,6% e 27,0% do volume de investimentos para o ano de 2024, que, para Santos: “reflete, sobretudo, uma redução no patamar de investimentos no segmento de exploração e produção, associado às incertezas quanto ao avanço ou não sobre novas fronteiras exploratórias ainda em 2024.”
Bacelar afirma: “É necessário aumentar os investimentos em E&P para a exploração da Margem Equatorial, Bacia Leste, Bacia de Pelotas, entre outros. Precisamos de reposição de reservas, até porque a produção do pré-sal começa a cair a partir de 2030, segundo os especialistas”.
FUP