No dia 11 de fevereiro, a FUP encaminhou ofício ao presidente da Petrobrás, Jean Paul Prates, denunciando a transferência de conhecimento estratégico na área da geologia, em favor de empresas concorrentes.
Em resposta, a estatal afirmou “compromisso com o protagonismo da equipe Petrobras de especialistas em operações geológicas e operações remotas nas perfurações de poços” e reiterou que “não há qualquer iniciativa ou planejamento para substituir total ou parcialmente o quadro de geólogos” da empresa.
A FUP manifestou preocupação com o curso de treinamento ministrado por especialistas da estatal para geólogos de empresas privadas, o que se configurava em transferência de informações estratégicas para profissionais de empresas de petroleiras concorrentes.
Segundo denúncias dos próprios trabalhadores do setor, geólogos de empresas concorrentes estavam se apropriando de conhecimento adquirido a muito custo e ao longo de anos de vivência operacional por parte da equipe de perfuração da Petrobrás.
“Tratam-se de informações e estratégias operacionais que ainda não são totalmente conhecidas por outras empresas que atuam e atuarão no pré-sal. Portanto, um conhecimento desejado pelas concorrentes, que visam obtê-lo a partir da contratação desses profissionais treinados pela própria Petrobrás”, afirmou na ocasião o coordenador da FUP, Deyvid Bacelar.
Ele questionou o fato de geólogos terceirizados estarem atuando em momento crítico do projeto de perfuração de poços e em circunstâncias que impactam diretamente na qualidade de aquisição de dados e na segurança da operação, podendo até mesmo resultar em perda do poço, o que configura prejuízo incalculável.
A FUP cobrou a suspensão imediata dos cursos, o que foi atendido pela Petrobrás: “informamos que suspendemos a oferta do referido treinamento para que não haja entropia no processo causado pela interpretação equivocada desta iniciativa”, afirmou a empresa em documento enviado à Federação.
No ofício, a empresa esclareceu que os treinamentos tinham por objetivo a “padronização na execução dos serviços de descrições de rochas, elaboração de documentação e fluxo de comunicação, de forma a propiciar um bom andamento dos serviços prestados e a segurança das operações, respeitando a matriz de atribuições e guardando a devida confidencialidade”.
Os sindicatos de petroleiros do Norte Fluminense e do Rio de Janeiro fizeram as seguintes considerações, em relação ao documento da Petrobrás:
“Sobre a afirmativa de que “não há qualquer iniciativa ou planejamento para substituir total ou parcialmente o quadro de geólogos da Petrobras”, além das informações citadas anteriormente, nos foi informado por parte da equipe da EXP/TAGG/AQG/OGEO-OR de que em uma reunião de 18 janeiro de 2023 (com ata de reunião comprobatória) foi divulgado pelo gestor a possibilidade de criação de “Posto(s) de especialistas em geomecânicas contratados” como uma alternativa para atingir o objetivo de aumentar a capacidade de monitoramentos geomecânicos (atividade diretamente relacionada a segurança da perfuração, até então realizada no centro de Suporte de Decisão (CSD) exclusivamente por geólogos Petrobras, com qualidade e eficácia inquestionáveis)”.
Os sindicatos questionaram se “a gerência acredita que profissionais terceirizados atuariam com a mesma qualidade? Ou seria necessário treinamento de terceirizados para uniformização de conhecimento?”.
Os Sindipetros NF e RJ ressaltaram que “embora tal situação não configure uma forma direta de substituição, a diluição do corpo técnico próprio através da agregação de profissionais terceirizados em funções que envolvem segurança de poço e tomadas de decisões, como é comum na rotina das operações de perfuração, (campo ou CSD), permite que conhecimentos desenvolvidos através destes grupos não se mantenham corretamente represados dentro da instituição”.
Por fim, foi cobrado a divulgação da programação dos treinamentos (agora suspenso), juntamente com a ementa de cursos anteriores para comparação, o número de profissionais treinados e a estratégia proposta pela gerência para enfrentar o previsto aumento nas atividades de perfuração.
“Entendendo que o setor EXP/TGG/AQG/OGEO-OR se integra a Petrobras e dela obtém as orientações e informações necessárias para o planejamento das operações em prazos minimamente compatíveis com eventuais ajustes no quadro de funcionários e condições de trabalho previstos, juntamente com todos os fatos citados acima, aguardamos os esclarecimentos a fim de minimizar eventuais diferenças de interpretações sobre práticas e estratégias gerenciais”, destacaram os Sindipetros NF e RJ.