Nov 24, 2024

10º Encontro Nacional de Mulheres Petroleiras da FUP: Lugar de mulher não é só na suplência

O terceiro e último dia do 10º Encontro Nacional de Mulheres Petroleiras da FUP foi um momento para as participantes debaterem os desafios da categoria petroleira frente ao próximo mandato federal e a Eleição FUP que ocorrerá em 2023.

O primeiro momento do encontro foi marcado pela leitura do poema “A Lua que Menstrua”, de Elisa Lucinda, que fala do universo feminino (veja no final desta matéria).
Na sequência, a petroleira Cibele Fogaça Vieira, do Sindipetro Unificado de SP, tomou a palavra explicando detalhadamente a estrutura e o funcionamento da FUP, como o Coletivo de Mulheres se coloca nesta estrutura e formas de ampliar sua atuação. “Nosso objetivo é focar na questão organizativa da FUP para as mulheres saberem como se movimentar neste espaço, especialmente frente a um ano de eleição que escolherá os dirigentes para o próximo mandato de três anos”, disse a dirigente.

Ela lembrou que, em 2014, a aprovação das cotas representou um importante momento, que ficou ainda maior com as diversas barreiras que tiveram que ser superadas para se chegar até aqui. Neste sentido lembrou que a pior coisa que pode acontecer é que as mulheres não consigam efetivamente cumprir estas cotas, um direito fruto de muita luta. “Foi uma luta do coletivo, que garantiu cotas para as mulheres, aprovada como Resolução para que as mulheres ocupem espaços na direção e em todos os espaços deliberativos da FUP”, pontuou.

Cibele lembrou, também, a importância dos Congressos Estaduais, que antecedem a PlenaFUP. “A plenária debate tudo que é levado pelos delegados dos congressos estaduais, por isso a importância da participação das mulheres também nestes congressos, elegendo as suas pautas”.

Segundo ela, muito mais do que participar, é preciso que as mulheres compreendam as relações de poder, como se dão os debates e os caminhos para chegar aos espaços de decisões, o que passa por organizar as mulheres em todas as bases. “A força das mulheres e o número de cargos dependerá, fundamentalmente, da organização nas bases e de muito embate. Porque lugar de mulher não é só nas suplências”, concluiu, chamando todas a se manterem unidas e mobilizadas para os desafios que virão pela frente.

Ultimo-dia-Encontro-de-Mulheres-8
Ultimo-dia-Encontro-de-Mulheres-9
Ultimo-dia-Encontro-de-Mulheres-7
Ultimo-dia-Encontro-de-Mulheres-6
Ultimo-dia-Encontro-de-Mulheres-5
Ultimo-dia-Encontro-de-Mulheres-4
Ultimo-dia-Encontro-de-Mulheres-2
Ultimo-dia-Encontro-de-Mulheres-3
Ultimo-dia-Encontro-de-Mulheres-1
Ultimo-dia-Encontro-de-Mulheres-20

Confira o poema de abertura do terceiro dia do encontro:

Moço, cuidado com ela!
Há que se ter cautela com esta gente que menstrua…
Imagine uma cachoeira às avessas:
cada ato que faz, o corpo confessa.
Cuidado, moço
às vezes parece erva, parece hera
cuidado com essa gente que gera
essa gente que se metamorfoseia
metade legível, metade sereia.
Barriga cresce, explode humanidades
e ainda volta pro lugar que é o mesmo lugar
mas é outro lugar, aí é que está:
cada palavra dita, antes de dizer, homem, reflita..
Sua boca maldita não sabe que cada palavra é ingrediente
que vai cair no mesmo planeta panela.
Cuidado com cada letra que manda pra ela!
Tá acostumada a viver por dentro,
transforma fato em elemento
a tudo refoga, ferve, frita
ainda sangra tudo no próximo mês.
Cuidado moço, quando cê pensa que escapou
é que chegou a sua vez!
Porque sou muito sua amiga
é que tô falando na “vera”
conheço cada uma, além de ser uma delas.
Você que saiu da fresta dela
delicada força quando voltar a ela.
Não vá sem ser convidado
ou sem os devidos cortejos..
Às vezes pela ponte de um beijo
já se alcança a “cidade secreta”
a Atlântida perdida.
Outras vezes várias metidas e mais se afasta dela.
Cuidado, moço, por você ter uma cobra entre as pernas
cai na condição de ser displicente
diante da própria serpente
Ela é uma cobra de avental
Não despreze a meditação doméstica
É da poeira do cotidiano
que a mulher extrai filosofando
cozinhando, costurando e você chega com a mão no bolso
julgando a arte do almoço: Eca!…
Você que não sabe onde está sua cueca?
Ah, meu cão desejado
tão preocupado em rosnar, ladrar e latir
então esquece de morder devagar
esquece de saber curtir, dividir.
E aí quando quer agredir
chama de vaca e galinha.
São duas dignas vizinhas do mundo daqui!
O que você tem pra falar de vaca?
O que você tem eu vou dizer e não se queixe:
VACA é sua mãe. De leite.
Vaca e galinha…
ora, não ofende. Enaltece, elogia:
comparando rainha com rainha
óvulo, ovo e leite
pensando que está agredindo
que tá falando palavrão imundo.
Tá, não, homem.
Tá citando o princípio do mundo!


Assessoria de Comunicação
27/11/2022 21:33:27

Facebook