Na noite de sábado (26), uma atividade cultural abordou o feminino através de histórias místicas e mal-assombradas. Um passeio guiado levou o grupo a pontos da capital onde haviam sido cometidos crimes supostamente com a participação atribuída a uma mulher, suicídios, fugas por agressões machistas que remetiam a idade média, e ainda algumas que remetiam ao tempo da escravidão. O passeio “Porto Alegre Mal Assombrada – Você tem coragem de encarar sua própria sombra” levou as participantes do 10º Encontro de Mulheres Petroleiras da FUP a pontos da Capital com história que residem entre o real, o místico e a lenda.
A primeira parada foi no local onde, antigamente, ocorriam os “crimes da Rua do Arvoredo”, chamado Beco do Cemitério, porque à época se localizava ali, onde hoje é o pátio da Catedral Metropolitana, um cemitério. Conta a estória que uma mulher atraia homens do Porto até o local, onde seu marido, José Ramos, praticava os assassinatos e repassava os corpos a um açougueiro que fazia embutidos consumidos pela elite da época. Não há documentos que comprovem estes crimes, mas eles ganharam força na imaginação da população. Nunca se soube a verdade dos fatos, mas o que se conta é que a culpa recaiu sobre a mulher, que foi considerada louca e foi morta.
Em outro ponto de parada, foram feitos relatos do Beco da Formiga, por onde os corpos dos assassinados eram levados até um açougue para serem triturados. Na sequência, o grupo conheceu uma casa semelhantes a que morava José Ramos (a dele mesmo já foi destruída), muito comuns no que era um bairro de pobres, vagabundos, prostitutas e bandidos no centro de Porto Alegre.
Mais além, a parada foi em frente a um castelo – conhecido como “Castelinho do Alto da Bronze” onde uma mulher foi aprisionada por seu companheiro sofrendo todo tipo de tortura psicológica. Separada e com um filho, o suposto cavalheiro (Eurico Gomes), teria prometido a ela uma vida de princesa e por isso construiu um pequeno castelo, réplica de um castelo francês. Mas o que parecia a salvação para uma situação de desonra à época, se mostrou um pesadelo. A mulher, Neusa Link, depois de sofrer todo tipo de tortura física e psicológica fugiu e nunca foi encontrada pelo marido.
Também teve histórias de escravos enforcados em praça pública como indigentes, porque seus senhores não queriam ter despesas com seus enterros, e a lendária construção da Igreja de Nossa Senhora das Dores, hoje uma Basílica, que, conta a lenda, nunca foi inaugurada, por praga de um escravo acusado de roubo e morto enforcado injustamente. Sendo inocente, disse, antes de morrer, que seu senhor, que financiava a obra, jamais veria a igreja pronta. E foi o que ocorreu. O senhor morreu já muito velho, sem ter visto a inauguração da Igreja o que, de fato, não ocorreu até hoje. Ela sempre tem algum problema e está com alguma obra.
Essas e outras história da Porto Alegre mal-assombrada se passam em um tempo longínquo, e povoam a imaginação, com muito pouca ou nenhuma comprovação documental. Mas mostram uma realidade ainda comum nos dias de hoje: a violência contra as mulheres, o racismo e uma justiça que só chega, normalmente, para pobres e negros.
O 10º encontro continuou na manhã de domingo (27), com a seguinte programação:
Domingo 27/11
9h – Café da Manhã
10h – Mesa – Desafios da categoria petroleira frente ao próximo mandato federal e Eleição FUP 2023
12h – Encerramento
Assessoria de Comunicação
27/11/2022 20:37:30