Nov 24, 2024

10º Encontro Nacional de Mulheres Petroleiras da FUP: Participantes reforçam importância de fortalecer a organização das mulheres petroleiras

A parte da tarde do segundo dia do 10º Encontro Nacional de Mulheres Petroleiras da FUP foi dedicada a fazer uma avaliação dos 10 anos de criação do Coletivo de Mulheres da FUP. Diversas integrantes do coletivo que estiveram nesta caminhada, se manifestaram, todas destacando a necessidade de fortalecer cada vez mais a organização das mulheres.

Presente ao encontro, a primeira coordenadora do Coletivo, a companheira Marbe Cristina Noguerino, do Sindipetro Unificado de SP, lembrou o quanto este coletivo já caminhou nestes dez anos. “Foi uma luta árdua, rompemos várias barreiras, principalmente no meio sindical e inclusive junto a outras mulheres, que infelizmente ainda se mostram machistas”, pontou ela. Marbe lembrou que uma das primeiras conquistas já do grupo foi o uniforme feminino e até mesmo algumas mulheres não entenderam o significado desta conquista.

Ela destacou que muitas mulheres trabalharam para a criação deste coletivo a partir de um processo de unidade. “Em 2011 na FUP foi feita uma eleição e não tinha nenhuma mulher na direção. A gente falou sobre isso e o coordenador à época disse que tínhamos que nos organizar. E foi o que a gente fez. Assim, na PlenaFUP de 2012 colocamos um adendo – éramos seis delegadas – e conseguimos fazer com que fosse aprovada a criação do coletivo de mulheres. O assunto foi para a plenária do PlenaFUP em 2012, em Porto Alegre, e foi criado o Coletivo de Mulheres. Foi uma vitória muito grande e foi que aqui (em Porto Alegre) que nasceu o coletivo”, disse ela.
Segundo Marbe, no início a ideia foi de criar uma Secretaria, mas o Coletivo acabou se mostrando mais acertado e produtivo. Tanto que hoje temos mais mulheres na direção da FUP do que na Petrobrás proporcionalmente. “O meio sindical ainda traz muito machismo. Infelizmente muitos acham que não temos muita capacidade, mas as mulheres querem e tem que estar em todos os lugares, se empoderando. E esse coletivo, que me é muito caro, deve ser expandido, inclusive se unindo com outros coletivos”, finalizou.

Cibele Foçaça Vieira, também do Unificado de SP, lembrou que as primeiras pautas foram entregues à Graça Foster, na Petrobrás e para surpresa de todos, independente do cargo a gestora também relatou os problemas que passava por ser mulher. “Percebemos que os problemas de uma são os problemas de todas as mulheres que trabalham na Petrobrás”, ponderou.

A dirigente destacou que infelizmente algumas das conquistas foram sendo atacadas desde o golpe de 2016 e mais ainda pela gestão bolsonarista na empresa. E mesmo agora, com a eleição de Lula, as mulheres têm que se preparar para ocupar seus espaços. “Temos que estar sempre preparadas. Muitas vezes outras categorias nos olham e nem imaginam o que a gente passa. Mas já teve casos de mulheres que tiveram que sair do Sindicato porque alguns não aceitavam ter uma mulher na coordenação e não podemos deixar prevalecer os que têm tentado nos excluir destes espaços. Uma tarefa difícil num espaço masculinizado onde, felizmente, a resistência às mulheres não é unanimidade. Tem muitos que nos apoiam” disse ela, acrescentando que outra importante conquista foi a questão das cotas, garantida a partir da organização das mulheres n Coletivo.

Outras participantes do encontro também colocaram dificuldades encontradas em seus ambientes e na correlação de forças nas entidades sindicais. Mas muitas disseram que a militância e a vida sindical mudaram suas vidas, inclusive familiares.

Segundo elas, o Coletivo também se constituiu num espaço de importantes debates que ultrapassaram a questão de gênero e entraram em outros temas como racismo, luta de classes, LGTBQIA+, e as muitas dores que atravessam as mulheres no mundo do trabalho, entre outros. “Dentro do movimento sindical nossa luta não é fácil, muitas se sentem sozinhas em suas próprias entidades, mas este Coletivo nos dá uma condição de pertencimento”, definiram.

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VENCER BARREIRAS TODOS OS DIAS

Alguns depoimentos lembraram que todas que as mulheres têm que enfrentar barreiras desde o ventre de sua mãe. Elas mesmo avisam suas filhas: os filhos homens sofrem menos, as meninas sofrem mais. E para muitas, frente as dificuldades, coletivos/grupos de mulheres são uma grande força. Falando sobre as petroleiras, foram unânimes em avaliar que o Coletivo de Mulheres é um abrigo tranquilo, um medicamento e uma forma de expressas os setimentos de uma e outras.

A DOR É O PRIMEIRO MOTIVO EU NOS UNE

Muitos relatos apontaram que a dor é o primeiro motivo que une as mulheres, seja por atitudes de discriminação, de assédio, de isolamento, agressões machistas e outras situações. E, disseram elas, quando podemos fazer estas trocas estas dores ficam mais leves, são apontadas saídas. Mas os problemas do feminino vêm de longa data porque a humanidade tem problemas com o feminimo, desde a mitologia grega até as deusas de matriz africana. “A sabedoria e ciência nas mãos das mulheres sempre assustou e não por acaso, muitas forama queimadas como bruxas”, disseram elas.

Hoje, se mulher e ser trabalhadora incomoda muito. É uma violência para o sistema patriarcado. Antes matavam as “bruxas”, hoje matam as mulheres por motivos banais, às vezes pelo simples fato de não aceitar a separação, como tem demonstrado os absurdos casos de feminicídios. A pandemia também mostrou que a fome tem gênero e cor, é feminina e negra.

“Nossas revoluções são pequenas, mas fundamentais. E não podemos ficar esperando”, concluíram, alertando que é preciso incluir outras petroleiras, como as terceirizadas que em alguns locais são maioria e são invisibilizadas.

DESCONSTRUIR O MACHISMO É NOSSA TAREFA

Sobre machismo, as participantes do encontro alertaram que descontruir o machismo é tarefa das mulheres, porque os homens, por diversas razões, não têm interesse nisso. E isso passa por aumentar a representatividade das mulheres nos diversos espaços de debate e de decisões. E o Coletivo de Mulheres é um desses espaços. “Não viemos ao mundo só para tomar porrada”, concluíram com muita força e disposição para os enfrentamentos necessários.

Ao final do encontro do sábado à tarde, foi realizada uma atividade cultural
O encontro continua no domingo (27), com a seguinte programação:


9h – Café da Manhã
10h – Mesa – Desafios da categoria petroleira frente ao próximo mandato federal e Eleição FUP 2023
12h – Encerramento


Assessoria de Comunicação
27/11/2022 13:02:05

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