Nov 24, 2024

Eleição de Lula tem o DNA de resistência da categoria petroleira

A vitória de Lula abre a possibilidade de um novo futuro para a estatal e também para os trabalhadores que atuam no setor de óleo e gás

A vitória da democracia, expressa na histórica marca dos 60.345 milhões de votos que Luiz Inácio Lula da Silva recebeu neste segundo turno, é também a vitória da classe trabalhadora. Os petroleiros e petroleiras foram uma das categorias que se posicionou e foi à luta para derrotar o fascismo e o projeto bolsonarista de destruição das instituições democráticas, das políticas públicas e da soberania nacional.

A Federação Única dos Petroleiros agradece a cada trabalhadora e a cada trabalhador que contribuiu com essa vitória, tanto nas bases do Sistema Petrobrás, como das empresas do setor privado. Agradecemos o empenho fundamental de cada sindicato filiado, de cada dirigente e militante aguerrido, dos aposentados e pensionistas, de cada funcionária e funcionário das nossas entidades, das assessorias, enfim, de cada brasileira e brasileiro que vestem o jaleco laranja com orgulho e se entregam de corpo e alma à defesa do nosso país e da nossa Petrobrás.

A importância da vitória de Lula extrapola a magnitude da maior votação da história do Brasil, pois o adversário não era apenas o presidente da República, mas a extrema direita que se apoderou do Estado e utilizou a máquina pública a favor do seu candidato. Uma campanha marcada pelo abuso do poder político e econômico e pelo uso escancarado das estruturas governamentais, como jamais se viu desde a redemocratização do país.

A vitória de Lula é a vitória do Estado Democrático de Direito. Os mais de 60 milhões de votos que conquistou significam a ressurreição política de um brasileiro que foi perseguido, preso e reiteradamente atacado em sua honra e em seus direitos, como ele bem afirmou no discurso proferido, após ser confirmado o resultado das urnas.

Os petroleiros e as petroleiras jamais soltaram a mão de Lula. A militância sempre esteve ao lado dele, defendendo-o dos ataques sofridos e denunciando a prisão arbitrária que o manteve encarcerado por 580 dias.

E Lula sempre esteve lado a lado com a nossa categoria, na defesa da Petrobrás e dos seus trabalhadores. Junto com a FUP e seus sindicatos, ele participou de atos públicos contra a privatização da empresa, denunciando o desmonte promovido pela operação Lava Jato e sua motivação política.

Realizamos greves e mobilizações contra a entrega do Pré-Sal e da Petrobrás, promoveram atos e campanhas nas ruas, combatendo o preço abusivo dos combustíveis e participaram ativamente do acampamento da resistência, em Curitiba, durante todo o período de prisão arbitrária de Lula.

Reconstruir a Petrobrás

Com Lula livre, a FUP e seus sindicatos discutiram com ele e sua equipe propostas para a reconstrução do Sistema Petrobrás, que foram incorporadas ao capítulo de Energia do seu programa de governo.

Os petroleiros apontaram a necessidade da Petrobrás retomar o protagonismo no refino e garantir a autossuficiência na produção de derivados. Para isso, será urgente a retomada das obras do Comperj, a conclusão do trem 2 da Refinaria Abreu e Lima, a ampliação do atual parque de refino e a reestatização das unidades privatizadas.

É fundamental também que a Petrobrás volte a atuar na distribuição de derivados no Brasil, resgatando a marca da BR Distribuidora, que foi arbitrariamente cedida para a Vibra, durante o processo de privatização da empresa.

Da mesma forma, a FUP e seus sindicatos defendem a retomada da participação da Petrobrás na indústria petroquímica, em especial, no setor de fertilizantes nitrogenados, com a reabertura da FAFEN-PR, a conclusão da fábrica de Três Lagoas, no Mato Grosso do Sul, e o resgate das FAFENs BA e SE, que foram arrendadas.

Os investimentos em energia renovável são também fundamentais e fazem parte da proposta da FUP para que a Petrobrás possa atuar na ampliação de matrizes limpas, como a eólica e a solar, além de fortalecer a produção de biocombustíveis, que foi desmontada no governo Bolsonaro.

Essas premissas, assim como uma nova política de preços dos combustíveis, que se contraponha à paridade de importação (PPI), fazem parte do conjunto de propostas que a FUP e seus sindicatos discutiram com a equipe de Lula e que foram em boa parte incorporadas ao seu programa de governo.

Nossa luta é para que a Petrobrás garanta a soberania energética volte a ter protagonismo no desenvolvimento nacional. Seguiremos brigando para que a empresa gere investimentos e empregos no Brasil, resgatando a política de conteúdo local, com construção de plataformas, navios e equipamentos no país, como ocorreu nos governos anteriores do PT, com a revitalização da indústria naval.

Avançar nas pautas trabalhistas

A eleição de Lula abre a possibilidade de um novo futuro para a estatal e também para os trabalhadores que atuam no setor de óleo e gás. Buscaremos a negociação de acordos coletivos que garantam melhores condições de trabalho e ampliação de direitos para toda a categoria petroleira.

Temos pela frente a possibilidade de vencer os retrocessos ocorridos nos governos Temer e Bolsonaro, em função das desregulamentações das legislações trabalhista e previdenciária e das dificuldades de interlocução que tivemos nos processos de negociação com a Petrobrás e as empresas do setor privado.

A retomada da política de valorização do salário mínimo, um dos principais compromissos assumidos por Lula, será fundamental neste sentido, pois impactará diretamente nos pisos negociados durante as campanhas reivindicatórias.

No caso da Petrobrás, precisamos avançar na discussão das reivindicações dos petroleiros referentes à Petros e à AMS, visando recuperar e fortalecer os dois principais benefícios da categoria, que foram alvo de graves ataques nos governos Temer e Bolsonaro. Retomar o canal de diálogo com a nova gestão da estatal será um passo fundamental neste sentido.

Outro ponto essencial é a retomada dos concursos públicos para recompor os quadros de efetivos próprios da Petrobrás, que foram reduzidos pela metade, desde o fim do ciclo de governos petistas. O resultado desse desmonte se reflete nos acidentes de trabalho e adoecimentos físicos e mentais, em função da excessiva sobrecarga de trabalho e de jornadas extenuantes, impostas pela atual direção da empresa.

São muitos os desafios que teremos pela frente para reconstruir a Petrobrás e garantir condições dignas de trabalho para todos os petroleiros e petroleiras do setor. A eleição de Lula foi o primeiro passo. Precisaremos de todo mundo junto, fortalecendo essa luta. A unidade da organização sindical será fundamental para que a categoria petroleira possa ter protagonismo na reconstrução da Petrobrás. Vamos à luta, tendo o entendimento de que este será um governo de coalisão e, portanto, em constante disputa.

Direção Colegiada da FUP

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