O desprezo que a gestão da Petrobrás demonstrou pela vida das petroleiras e dos petroleiros durante a pandemia, a exemplo do que fez o governo Bolsonaro, se revela uma prática de gestão. Só isso explica os gestores tratarem um acidente com uma morte e doze feridos - dois funcionários da estatal e os demais de empresas terceirizadas - como se fosse um mero incidente.
O trabalhador que morreu foi o piloto do helicóptero que levava funcionários da Petrobrás à plataforma de Manati, localizada na baía de Camamu, no baixo sul da Bahia, depois de fazer um pouso forçado na manhã do dia 16 de março. Ele chegou a ser socorrido por uma embarcação, mas não resistiu.
Neste ano um trabalhador terceirizado da C3 morreu, enquanto fazia manutenção no interior de um equipamento (espaço confinado) na Reduc. Em janeiro, outro terceirizado embarcado em plataforma da Petrobrás em Guamaré, na Região Oeste potiguar, passou mal e morreu.
De acordo com informações do Sindipetro-BA, a aeronave saiu de Salvador com destino a Manati, mas foi obrigada a pousar no mar, próximo à plataforma. Indícios apontam que o piloto tentou fazer um pouso forçado após um problema no helicóptero. Os trabalhadores foram resgatados pelo Grupamento Aéreo da Polícia Militar (GRAER).
A entidade vem acompanhando os desdobramentos do acidente desde a manhã do dia 16 e inclusive, conforme garantido no Acordo Coletivo de Trabalho da categoria petroleira, o Sindipetro-BA tem lugar garantido na Comissão de Investigação e Análise do Acidente que será criada pela Petrobrás. O representante da entidade sindical será um dos diretores do sindicato.
O Coordenador Geral da FUP também criticou o que considerou uma “insensibilidade da direção da empresa” com os trabalhadores e seus familiares, já que os gestores trataram a questão como um incidente.
NEGLIGÊNCIA
Para os trabalhadores, as questões de segurança estão sendo negligenciadas na empresa em nome do lucro. Aqui mesmo na Refap mesmo, têm sido feitos sucessivos alertas quanto aos problemas de efetivos, das equipes de segurança, dos brigadistas e dos eventos que tem ocorrido, alguns faltando muito pouco para se transformar numa tragédia.
O descaso e a destruição das equipes de segurança fazem parte da mesma lógica de destruição da empresa e, neste bolo, sequer a vida dos trabalhadores é levada em consideração.
Tanto os sindicatos, quanto a FUP vem sistematicamente cobrando medidas de segurança nas instalações da Petrobrás. Mas a empresa continua negligenciando este tema. O que é esperado de gestores indicados por um presidente que vem destruindo todos os espaços de debates e normas de segurança que tem como objetivo preservar a vida. Ou seja, a mesma política genocida que permeia o governo federal, está inserida na gestão da Petrobrás.
Segundo o GRAER, dois helicópteros foram usados para o resgate dos feridos e, em terra, foram levados a hospitais pelas ambulâncias da SAMU. O órgão informou, ainda, que a Santa Casa de Valença chegou a preparar o pronto-socorro para receber os feridos, mas devido à gravidade dos ferimentos de alguns deles, eles foram transferidos para Salvador. Foi a própria Santa Casa que informou que alguns poderiam precisar de UTI, que o hospital não tinha.
Agora, a Comissão que investiga o ACIDENTE tem 30 dias para emitir um relatório.