Em nota divulgada no último dia 14, a Federação Nacional das Distribuidoras de Combustíveis, Gás Natural e Biocombustíveis (BRASILCOM) comunicou aos consumidores o risco de desabastecimento de gasolina e óleo diesel no Brasil no mês de novembro devido a “uma série de cortes unilaterais nos pedidos feitos para fornecimento”.
Segundo a BRASILCOM, “as reduções promovidas pela Petrobras, em alguns casos chegando a mais de 50% do volume solicitado para compra, colocam o país em situação de potencial desabastecimento, haja vista a impossibilidade de compensar essas reduções de fornecimento por meio de contratos de importação, considerando a diferença atual entre os preços do mercado internacional, que estão em patamares bem superiores aos praticados no Brasil”.
As distribuidoras brasileiras alertam ainda para o risco no “estabelecimento de condições comerciais com preferências a determinados clientes, desequilibrando o ambiente concorrencial do mercado de combustíveis.”
Há mais de quatro anos, a FUP e seus sindicatos vêm alertando para as consequências da subutilização das refinarias da Petrobras por decisão da gestão, que vem reduzindo a produção de combustíveis para favorecer os importadores, beneficiados pela política de Preços de Paridade de Importação (PPI) implementada no governo Temer e mantida por Bolsonaro. Nos últimos anos, o fator de utilização de refinarias brasileiras (FUT) caiu de 94% para 70%.
Por conta disso, somente este ano, a gasolina já subiu 56,2% nas refinarias da Petrobrás e 35,5% nos postos de revenda. Em igual período, o óleo diesel aumentou 50,9% nas refinarias, e 31,5% nos postos. A título de comparação, nos mesmos meses, a taxa de inflação acumulada, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), ficou em 6,90% e, nos últimos 12 meses, em 10,25%. Enquanto isso, o salário-mínimo não tem aumento desde 2016.
“Essa política de paridade de importação, adotada pela direção da Petrobrás, provocou a escalada de preços na economia. O PPI serve apenas para maximizar dividendos para os acionistas da Petrobrás, fazendo a sociedade brasileira pagar a conta com os combustíveis caros. Além de favorecer as importações de derivados, em mais uma ação antinacional deste governo, a redução do fornecimento de combustíveis para as distribuidoras brasileiras vai encarecer ainda mais os preços da gasolina e do diesel nas bombas”, alertao coordenador geral da FUP, Deyvid Bacelar.
Em audiência na Cãmara dos Deputados, no último dia 13, a FUP cobrou investigação sobre atuação dos gestores da Petrobrás para beneficiar empresas importadoras de combustíveis, alertando os deputados para a possibilidade de formação de cartel.