O SETEMBRO AMARELO é um mês dedicado a debater, refletir e conscientizar sobre o suicídio. A iniciativa é muito bem vinda, tendo em vista dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), que mostram que a cada 40 segundos uma pessoa morre por suicídio em algum lugar do planeta. No total, são cerca de 800 mil mortes por ano. Cerca de 96,8% dos casos estão relacionados a transtornos mentais como depressão. Já no Brasil, os números do Ministério da Saúde apontam que são registrados cerca de 12 mil suicídios todos os anos.
O desemprego, a precarização das relações de trabalho e outros fatores, acentuam ainda mais essa tendência. Sem ver uma saída para sua situação, o ser humano tem abalada as suas relações sociais, familiares e emocionais, abrindo espaço para pensamentos suicidas.
NA PETROBRÁS, A VIDA NÃO ESTÁ FÁCIL
O suicídio é um importante tema que deve estar na agenda dos sindicatos. O ambiente e as relações de trabalho são, por vezes, fonte de desenvolvimento de medos, de insegurança, de assédio moral, que podem levar a diferentes níveis de angústia, depressão e contribuir para um estado grave de depressão. São vários os casos de trabalhadores que se suicidaram, alguns inclusive no próprio ambiente de trabalho.
Entre os petroleiros, por exemplo, desde 2012 e somente no Departamento de Saúde do Sindipetro-NF foram registrados 13 suicídios. Mas a entidade acredita que o número deve ser maior, devido à subnotificação. No último ano (de 2020 e até agora em 2021), foram registrados quatro casos.
Em setembro de 2020, um trabalhador da RLAM/BA, se suicidou nas dependências da planta. Investigações da Auditoria Fiscal do Trabalho, vinculada à Sub-secretaria de Inspeção do Trabalho (SIT) do Ministério da Economia, e do Centro Estadual de Referência em Saúde do Trabalhador (Cesat) da Bahia, apontaram que a tragédia foi causada por condições de trabalho desfavoráveis, ambiente de insegurança, de tensão e de mal-estar coletivo. Em consequência, a RLAM recebeu seis autos de infração.
E se entre os fatores, o ambiente de trabalho contribui para a depressão e um consequente suicídio, é importante notar que na Petrobrás, a vida não está fácil. O brutal desmonte e a precarização das condições de trabalho, somada ao medo de ficar desempregado com a privatização da empresa, além de todos os ataques do governo e dos gestores, são um prato cheio para a depressão entre os trabalhadores. Até mesmo as transferências, que tem obrigado os trabalhadores a mudarem de região ou se desligarem da empresa, são fatores a serem considerados. Isso tudo, também tem sido agravado por um momento de pandemia e alto grau de crise na saúde e economia.
Em entrevista a CNN Brasil, a pesquisadora do Centro de Estudos do Trabalhador e Ecologia Humana (Cesteh/ENSP), Liliane Teixeira, falou sobre a deterioração das condições do trabalho sofrida pelos petroleiros: “O setor do petróleo e gás está entre os que mais implementaram mudanças em rotinas e escalas, com consequências na saúde mental dos trabalhadores. As mudanças de escala, essa rotina de até 28 dias embarcados, são muito ruins para a saúde e para a qualidade do sono, o que desregula todo o corpo. Fora a ansiedade e as preocupações relacionadas à Covid a cada embarque e reencontro com a família”, destacou.
AÇÕES O MÊS INTEIRO
Pela relevância do tema, o SINDIPETRO-RS, terá ações durante todo o mês para alertar sobre o tema. O PAPO DIRETO ONLIE terá a participação da assistente social da entidade, Jaqueline Domingues da Costa, especialista em Saúde Mental e Redes de Atenção Integral e especializanda em Luto, Cuidado e Morte. Terá também materiais especiais, box de como procurar ajuda com informações no site. Será um mês voltado para este tema.
AJUDA É URGENTE E FUNDAMENTAL
A luta e ações de prevenção ao suicídio é uma tarefa de todos, amigos, familiares, colegas de trabalho, sindicatos, seja conversando, orientando, ou encaminhando para setores que estejam habilitados para tratar o assunto. É preciso denunciar ambientes de trabalho de assédio moral, de riscos, de pressão, para evitar situações limite.
Além disso, saúde mental também integra o conceito de saúde no trabalho e por isso, deve ter atenção dos sindicatos, cipeiros e organizações por local de trabalho. É importante estimular os trabalhadores a conversarem sobre o assunto e, se necessário, pedirem ajuda, entendendo a importância de cuidarem de saúde mental.
CAMPANHA
Com estas ações, o SINDIPETRO-RS soma a campanha da FUP, CUT e Confederação Nacional dos Químicos (CNQ), que está desenvolvendo e incentivando diversas ações para promoção da saúde mental de trabalhadoras e trabalhadores da indústria do petróleo.