Os Desafios da esquerda e dos sindicatos na incorporação das pautas contra todas as formas de opressões foi tema da terceira mesa da IX Plenária Nacional da FUP (Plenafup) com Walmir Siqueira, coordenador do Coletivo Nacional LGBT da CUT, e a socióloga Luciane Soares da Silva, professora da Universidade Estadual do Norte Fluminense e coordenadora do Núcleo de Estudos Cidade Cultura e Conflito (NUC/UENF).
Antes de sua fala, a professora Luciane Soares exibiu um trecho do documentário “Linha de Montagem” sobre as greves do ABC na década de 80 para comentar sobre a formação da classe trabalhadora de São Paulo ter como base um grande deslocamento interno com os trabalhadores nordestinos oriundos da agricultura. E assim, o Lula passa a representar para esse trabalhador um líder muito além do movimento sindical.
Em seguida, durante sua apresentação Luciane explicou que na década de 90/2000 outras pautas identitárias ligadas ao movimento das mulheres, negros, juventude, movimento ambiental e LGBTQIA+ começaram a atravessar o movimento sindical e novos desafios passaram a surgir. Principalmente porque o movimento sindical identifica que a pauta Classe que é revolucionária.
“Precisamos achar coerência de onde está a utopia revolucionária de nossas pautas coletivas. O que nos une contra o capital é o grande desafio!” – questionou Soares que defende a importância de voltarmos a falar sobre ideologia.
“O mundo do trabalho mudou, mas não podemos perder de vista que todos pertencemos à classe trabalhadora. A luta tem centralidade na classe, na raça e no gênero” – afirmou Luciane.
Formação e acolhimento
O coordenador do Coletivo Nacional LGBT da CUT, Professor Walmir Siqueira, falou sobre a importância da organização de Coletivos LGBTQIA+ em todos os estados onde a CUT está presente e saudou a organização da Frente Petroleira LGBTQIA+.
Para Walmir a inclusão de pautas desse coletivo nas lutas sindicais passa pela formação e por isso a CUT deu o primeiro passo nesse sentido ao produzir uma cartilha que que aborda a diversidade, o fortalecimento da luta por direitos e a construção da igualdade no mundo do trabalho.
Ele explica que não se trata de pauta identitária, mas de defesa e acolhimento das necessidades de um coletivo de pessoas, que por muitas vezes passam por violência psicológica, física e alguns não tem sequer o direito de entrar no mercado de trabalho, como é o caso dos transsexuais.
“É de grande importância que os problemas desse coletivo e suas especificidades sejam pauta de discussão do mundo sindical, como o que acontece nessa Plenária” – ressaltou.
“Às vezes, uma bandeira ou uma camiseta LGBTQIA+ já é muito importante para esse grupo e mostra que naquele sindicato tem o debate sobre o tema. Isso é de tamanha grandeza para nosso movimento e uma força para diminuir a descriminação no mercado de trabalho” – comentou o professor que ressaltou a necessidade de evoluir muito esse debate. “A luta pelo respeito a diversidade deve ser uma constante em todos os espaços.”
Durante o debate, o coordenador do Sindipetro-NF, Tezeu Bezerra, lembrou que no movimento sindical o ambiente continua sendo hostil para essa comunidade e que o debate ainda é superficial. “Vemos que na nossa categoria petroleira o discurso segue bonito, mas na prática a atuação ainda é cruel e isso precisa ser mudado” – afirmou Tezeu.
Essa mesa foi coordenada pelos petroleiros Alex Frey (Sindipetro RS) e Marbe Cristina Noguerino (Sindipetro Unificado SP).
Fonte: Sindipetro NF