Com adesão de cerca de 90% dos trabalhadores próprios e terceirizados, a greve na Petrobrás Biocombustível (PBio) começou forte na manhã desta quinta-feira, 20, paralisando as atividades nas usinas de Montes Claros, em Minas Gerais, e de Candeias, na Bahia. O movimento é por tempo indeterminado e conta também com a participação dos trabalhadores do escritório da subsidiária, no Rio de Janeiro. O objetivo da greve é denunciar os prejuízos da privatização da PBio e abrir negociação com a gestão da Petrobrás para manutenção dos empregos de todos os petroleiros que, mesmo sendo concursados, estão sob ameaça de serem demitidos, se a venda das usinas for concretizada.
"A privatização da PBio é mais um ataque do governo Bolsonaro às políticas ambientais, pois significa a saída da Petrobras do setor de energias renováveis. A subsidiária é uma das maiores produtoras de biodiesel do país. Abandonar o setor de biocombustível, além de impactar a agricultura familiar, desempregando mais brasileiros e brasileiras em plena pandemia, é condenar o futuro da Petrobrás, que vem sendo apequenada pelas últimas gestões, caminhando para se tornar uma empresa suja, sem compromisso com o meio ambiente", alerta o coordenador geral da FUP, Deyvid Bacelar.
O Brasil é o terceiro maior mercado de biodiesel do mundo, mas a despeito de sua importância, a PBio está sendo desmontada desde 2016, quando a gestão indicada pelo governo de Michel Temer fechou a usina de Quixadá, no Ceará, interrompendo a produção de cerca de 100 mil metros cúbicos de biodiesel por ano. Além disso, a Petrobrás abriu mão da participação em diversas outras usinas. A gestão bolsonarista intensificou o desmonte da subsidiária e colocou à venda as usinas de Montes Claros (que tem capacidade produtiva de 167 mil metros cúbicos de biodiesel por ano) e de Candeias (que pode produzir 304 mil metros cúbicos), anunciando a saída da Petrobras do setor de biocombustíveis, na contramão das grandes empresas de energia.
Na Usina de Biodiesel Darcy Ribeiro, em Montes Claros, um ato com participação de movimentos sindicais e sociais da região reuniu dezenas de pessoas na entrada da unidade. Nenhum trabalhador entrou e a greve começou forte com forte adesão da categoria, inclusive todos os supervisores da usina. Na Usina de Candeias, na Bahia, a greve também começou forte, com participação de todos os supervisores e a tendência é que a produção seja interrompida, já que a categoria aderiu integralmente ao movimento (saiba mais aqui).
O coordenador do Sindipetro Minas Gerais, Alexandre Finamori, ressaltou a importância da greve começar forte, destacando que a luta dos petroleiros é também em defesa da agricultura familiar e pelo desenvolvimento da região de Montes Claros, que já está sendo afetado pelo desmonte da Petrobras Biocombustível. "Mais uma vez, estamos em greve em defesa de um projeto nacional que a Petrobrás faça parte. Nossa luta é em defesa dos empregos de todos os trabalhadores da PBio e da cadeia produtiva que as usinas de biocombustível movimentam no país".
FUP
O ato em Montes Claros contou com a participação do coordenador da FUP e de dirigentes da Federação de outras bases da Petrobrás, como a petroleira de São Paulo, Cibele Vieira.