No final da tarde desta segunda-feira (29), a Petrobrás divulgou um comunicado à imprensa confirmando a demissão do gerente executivo de Recursos Humanos, Cláudio Costa, por descumprir estatuto interno da companhia que proíbe a negociação de ações da empresa por funcionários do alto escalão nos 15 dias que antecedem a divulgação de demonstrações financeiras da companhia.
O balanço financeiro foi publicado no dia 24 de fevereiro, referente ao 4º trimestre de 2020, quando a estatal registrou lucro líquido de R$ 59,89 bilhões. Entretanto, cinco dias antes, no dia 19 de fevereiro, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) já havia indicado a troca do economista Roberto Castello Branco pelo general Joaquim Silva e Luna no comando da Petrobrás – o que resultou na perda de R$ 102,5 bilhões nas ações.
O anúncio de mudança na presidência da companhia é alvo de quatro investigações da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), incluindo o uso de informações privilegiadas em operações com opções de venda de ações no mercado financeiro.
Cláudio Costa assumiu como gerente executivo de Recursos Humanos da Petrobrás em janeiro de 2019, após deixar o cargo de secretário adjunto de Gestão de Pessoas da Prefeitura de São Paulo na gestão de João Dória (PSBD), entre 2017 e 2019.
Logo no início da sua gestão na estatal, o executivo teve áudios vazados de uma reunião em que ameaçava trabalhadores do Edifício Sede da Petrobrás (Edisp) de demissão. “Dá para absorver todo mundo? Não, não dá. Algumas pessoas não ficarão na companhia. Dá para absorver todo mundo que aqui está? Não, algumas pessoas não ficarão. Algumas vão poder decidir por escolha própria não permanecer na companhia, os programas virão aqui para ajudá-los nesse processo decisório. O que a gente precisa ter em mente aqui é: ficará em São Paulo aquilo que é essencial”, afirmou.
Na época, discutia-se a desmobilização do Edisp, que de fato foi consumada posteriormente. “Talvez muitos de vocês aqui não permaneçam na companhia nos próximos ciclos de suas vidas, pessoais e profissionais, respeitando de novo todo o impacto que isso terá na vida de todos. É assim que a gente tem que tratar esse tema”, apontou o executivo.
Costa também foi responsável pela proposta de repassar a administração da Assistência Multidisciplinar de Saúde (AMS), atualmente de autogestão, para uma empresa privada.
Além disso, o gerente foi um dos responsáveis pelas cobranças abusivas do plano de saúde dos petroleiros – da ativa, aposentados e pensionistas – desde o início deste ano. Os descontos têm sido alvo de ações dos sindicatos da categoria.
Fonte: Sindipetro Unificado