A greve dos petroleiros da Bahia começou às 5h30, dessa quinta (18), com uma boa adesão (aproximadamente mil trabalhadores). Não houve troca de turno na Refinaria Landulpho Alves (Rlam), localizada no município de São Francisco do Conde, no Recôncavo baiano. Os trabalhadores – próprios e terceirizados – permaneceram do lado de fora da unidade.
A Petrobrás manteve na refinaria operadores que já tinham terminado o seu turno de trabalho, o que segundo a assessoria jurídica do Sindipetro Bahia configura-se cárcere privado. A estatal também tentou interferir no legítimo exercício de greve da categoria, com pressão, atitudes antissindicais e o uso da polícia.
A luta da categoria é por direitos, empregos, soberania e contra a insegurança, a pressão e o assédio moral. Os petroleiros também reivindicam o cumprimento de cláusulas do Acordo Coletivo de Trabalho.
O coordenador da Federação Única dos Petroleiros (FUP), Deyvid Bacelar, explica que “além de garantir os empregos e os direitos dos trabalhadores próprios e terceirizados da Petrobrás que vão ser afetados com a venda da Rlam, nosso objetivo com a greve e com os atos que promovemos hoje em todo o país é denunciar os impactos negativos para a população das privatizações das refinarias, terminais e sistema logístico que a atual gestão da Petrobrás está promovendo. A venda da RLAM e de outras refinarias pode criar monopólios regionais privados, e isso vai aumentar ainda mais os preços dos combustíveis”.
Por volta das 7h petroleiros de todo o Brasil, dirigentes das centrais sindicais, a exemplo da CUT, de movimentos sociais e de diversas categorias, além de parlamentares, se juntaram aos grevistas em um grande ato em defesa do Sistema Petrobrás e contra a venda da Rlam, que deve ser adquirida pelo fundo árabe Mubadala por U$ 1,65 bilhão, sem a sua devida valoração (cálculos realizados pelo Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep) apontou que apontou que a refinaria valeria entre US$ 3 bilhões e US$ 4 bilhões).
Participaram do ato, o presidente nacional da CUT, Sérgio Nobre, o presidente nacional da CTB, Adilson Araújo, o presidente da IndustriALL, Aroaldo Oliveira da Silva, a presidente da CUT-Bahia Maria Madalena Oliveira (Leninha) e representantes de outras centrais sindicais como a CSPConlutas. Toda a diretoria da FUP também esteve presente, assim como um representante da FNP.
Estavam presentes ainda representantes de confederações e federações de trabalhadores e trabalhadoras de empresas públicas e estatais e de movimentos sociais e da juventude, a exemplo do MST, MAB, MPA e Levante Popular da Juventude. Além de dirigentes de diversos sindicatos filaidos à CUT e outras centrais sindicais.
Também participaram da mobilização, que durou cinco horas e reuniu cerca de mil pessoas, dirigentes das Frentes Brasil Popular e do Povo sem Medo, além de parlamentares como o deputado estadual, Joseildo Ramos (PT-BA) e o deputado estadual Hilton Coelho (PSOL).
Os diretores dos Sindipetros de todo o Brasil denunciaram o desmonte do Sistema Petrobras, se colocaram contra a venda das refinarias da estatal e defenderam a soberania nacional. Os sindicatos da FUP também realizaram atos simultâneos em suas bases, em apoio à greve dos petroleiros da Bahia.
Para o presidente nacional da CUT, Sérgio Nobre, “é urgente que o movimento sindical se reúna para construir uma grande luta nacional em defesa do emprego e da vida. É uma vergonha que o país até agora só vacinou 5,5 milhões de brasileiros. O momento é grave e o caminho é esse, o caminho da luta que os petroleiros da Bahia estão apontando para a classe trabalhadora brasileira”.
Adilson Araújo, presidente nacional da CTB, ressaltou a importância da greve dos petroleiros e falou sobre o sucateamento da Petrobras. “O governo federal investe em uma política de desnacionalização da nossa economia e isso tem repercussão no processo de desindustrialização do país, mais ainda quando faz valer a sua agenda ultraliberal de entrega do patrimônio nacional”.
Já o metalúrgico Aroaldo Oliveira da Silva, presidente da IndustriALL Brasil falou sobre as consequências do desmonte da estatal para todo o país. “Quando a Petrobrás acabou com a sua política de conteúdo local no governo Temer a gente sentiu diretamente na nossa categoria, nos metalúrgicos, muitas empresas quebraram porque já não participavam mais desse sistema. Por isso a importância da Petrobrás e da luta para impedir esse desmonte que vem acontecendo e pode gerar milhões de desempregados pelo Brasil”.
O diretor de comunicação do Sindipetro, Radiovaldo Costa, acredita que “a greve dos petroleiros da Bahia e o ato que reuniu trabalhadores de todo o Brasil podem ser o pontapé para um grande e forte movimento nacional. O povo e a classe trabalhadora são a maioria nesse país. Temos de despertar para nossa força. A Petrobrás é nossa, esse país é dos brasileiros e não do “mercado” e nem das empresas multinacionais”.
Para o coordenador do Sindipetro Bahia, Jairo Batista, o ato em defesa da Rlam e da Petrobrás abriu a greve da categoria petroleira na Bahia, “mostrando a força da classe trabalhadora, que pode ditar outros rumos para o nosso país, para que voltemos aos trilhos na construção de uma nação justa, com igualdade social e respeito aos cidadãos e aos direitos trabalhistas”.
Sindipetro Bahia