O consórcio liderado pela Copagaz teve no dia 18 de novembro o aval do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE) para concluir a compra da Liquigás. O que já era ruim, ficou pior.
O mercado de gás liquefeito de petróleo (GLP), que engloba o nosso “gás de cozinha”, já tinha um mercado fortemente concentrado. Cinco distribuidoras detinham 92% do mercado, sendo elas: Ultragraz, Liquigás, Supergasbras, Nacional Gás e Copagaz. A Liquigás, como uma subsidiária da Petrobras, tem um importante papel em meio a este oligopólio, o de atuar como moderadora do mercado em meio as demais empresas, ou seja, a estatal balizava de certa forma o preço do gás no mercado.
O CADE em vez de promover a desconcentração de mercado acaba por aprovar uma maior concentração dele, na contramão do que o próprio Governo Bolsonaro apregoa para o setor. Em vez de aumentar a concorrência, ele vai reduzir. As ações mitigadoras previstas pelo órgão antimonopólio, como o repasse de parte dos ativos da Liquigás para a Nacional Gás e a Fogas, em alguns Estados, não altera o fato de que teremos agora quatro, em vez de cinco, empresas dominando 90% do mercado de gás.
O sócio do consórcio que adquiriu a Liquigás é a Itausa, braço de investimentos do Banco Itaú. Por óbvio, qualquer ganho advindo pelo aumento de escala que o negócio envolve, irá para o bolso dos acionistas da Copagaz e do Itaú. O consumidor de gás acaba de perder uma opção de compra. O preço do gás como ficará? Você já deve imaginar.
É o Estado bancando de Robin Hood às avessas. É inacreditável, mas é exatamente o que foi aprovado no dia 18 pelo CADE. E o Governo segue “passando a boiada”.