Nov 25, 2024

Origens do patriarcado e das opressões sobre as mulheres foi tema de debate entre as entidades sindicais

As dirigentes do Sindipetro-RS participaram,  na última segunda-feira, 14, de uma reunião/debate, online, com o tema “A origem do Patriarcado e das opressões sobre as mulheres”. A atividade faz parte da Jornada Feminista Plurissindical, organizada conjuntamente por Sintrajufe/RS, Semapi/RS, Sindbancários/POA, Sindiágua/RS, Sindipetro-RS e Federação Democrática dos Sapateiros do RS.

As painelistas convidadas foram a socióloga, integrante Guaíy e da coordenação nacional da Rede de Economia Solidária Feminista, Helena Bonumá, e a colega aposentada Lourdes Helena da Rosa, que fez um resgate de trajetórias sindicalistas históricas, apagadas pelo sexismo. Diversas colegas participaram do encontro via Google Meet.

Helena destacou a importância de mergulhar na história para buscar as raízes das opressões das mulheres. Essas opressões, destacou, serviram de suporte para toda a desigualdade social que construiu a nossa sociedade, como a diferenciação de classes e as diversas formas de violência racial. Ela lembrou que a discriminação contra as mulheres está na raiz de todo esse processo e tem sido um elemento de sustentação da exploração do trabalho. Lourdes, por sua vez, apresentou um resgate da vida e da história sindical de mulheres que são invisibilizadas no movimento sindical, sublinhando a trajetória de Laudelina Campos Melo, mulher negra, filha de escravos, semianalfabeta, mas com uma visão política, social e do racismo além do seu tempo. Em 1961, Laudelina fundou Associação das Empregadas Domésticas, em Campinas, depois transformada em Sindicato das Empregadas Domésticas, em 1983, um marco na luta das mulheres negras no Brasil.

A diretora do Sintrajufe/RS Alessandra de Andrade destaca a importância de “aprender sobre a origem histórica das nossas opressões para derrubar mais uma falácia, que nos foi ensinada inclusive para nos manter ‘conformadas’. Ouvimos de nossas mães e avós que no tempo delas era muito mais difícil e a nos sentirmos vitoriosas a cada nova ‘conquista’. Na verdade, não são novas conquistas, mas sim a recuperação de um lugar que foi nosso durante séculos e que há poucas centenas de anos foi tomado pelo patriarcado e pela cultura machista. No maior período da história, tivemos autonomia sobre nossos corpos e nossas vidas. Tanto a cultura machista, como a cultura do estupro, foi ensinada. E, agora, é preciso muita luta e educação para retomarmos aquele tempo de igualdade e respeito”.

Para Lourdes Helena da Rosa, “o evento foi ótimo para o aprendizado e conhecimento sobre o feminismo, as origens e motivações do movimento. Como participei na condição de palestrante, me senti gratificada pelos mimos que recebi das ouvintes. Foi tão bom que terminou 30 minutos depois da hora prevista e ninguém arredou o pé”, comemora.

Já Helena Bonumá sublinhou que a atividade mostrou “nossas mulheres sindicalistas se integrando em um processo de reflexão coletiva sobre a condição da mulher, tendo como pano de fundo essa situação em que a gente vive, de crise do trabalho, crise econômica, crise moral, ética, política, e de coronavírus. A gente poder parar, no meio da correria, pra pensar um pouco nessa realidade, como ela se constituiu e como ela se estabelece hoje, é muito importante. Pensar sobre como essas normas que colocam as mulheres em uma situação de inferioridade aos homens, seja no trabalho, na vida, na família, nos espaços de participação. E a gente enxergar em toda a sua extensão e pensar que a luta por uma sociedade democrática, a construção de alternativas, passa por vermos essa discriminação e entendermos que a luta contra ela e a alternativa a ela fazem parte da construção de uma nova sociedade”.

As atividades da Jornada Feminista Plurissindical são abertas a todas as mulheres sindicalistas que queiram participar e acontecem sempre uma vez por mês, no dia 13. A próxima está marcada para o dia 13 de outubro, com o tema “Feminismo Negro”.

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