O Rio Grande do Sul fechou o primeiro semestre com o corte de 94.490 empregos com carteira assinada, dos quais 23.387 em Porto Alegre, segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgado nesta terça-feira (28) pelo Ministério da Economia.
Com o saldo negativo entre contratações e demissões em junho, já são quatro meses consecutivos com perda de postos de trabalho no Estado.
O pior mês foi abril, com 77.927 empregos extintos. Em junho, a redução foi de 4.851 vagas. O RS teve o terceiro pior resultado do país, ficando atrás somente de São Paulo e Rio de Janeiro.
Comércio, serviços e indústria fecharam mais vagas
Conforme o Caged, cerca de metade dos empregos perdidos era ocupada por trabalhadores com Ensino Médio completo. Em relação às faixas etárias, os mais atingidos foram profissionais entre 30 e 39 anos, seguidos por pessoas com idade entre 50 e 64 anos.
O comércio foi o mais afetado pela extinção de vagas, seguido pelo setor de serviços. Ambos foram impactados pelas restrições impostas devido à pandemia. A indústria veio em seguida. Quem menos eliminou postos de trabalho foi a agropecuária.
Confira o desempenho negativo dos principais setores:
Comércio: -35.038 empregos
Serviços: -33.841 empregos
Indústria: -21.283
Construção: -4.134
Agropecuária: -194
Crise econômica agravada pela pandemia e descaso de Bolsonaro
Os números comprovam a continuidade da crise econômica, agravada pela pandemia do coronavírus, e acentuam o descaso com a vida, os empregos e a renda do povo brasileiro diante da política nefasta do ministro da Economia, o banqueiro Paulo Guedes, e do presidente Jair Bolsonaro. Também revelam a ineficácia da política do governador Eduardo Leite.
“Bolsonaro não está fazendo nada para contornar a crise e a pandemia pode impactar ainda mais o mercado de trabalho. Na realidade, ele não está preocupado com isso. A crise faz parte do projeto dele e do Guedes para retomar o projeto da carteira verde e amarela e o contrato por hora trabalhada para atender às pautas dos grandes empresários e empobrecer ainda mais a classe trabalhadora”, afirma o presidente da CUT-RS, Amarildo Cenci.
Segundo ele, o presidente quer que “mais pessoas percam postos de trabalho agora para ali na frente serem recontratadas ganhando menos e sem direitos”.
“Para enfrentar a crise econômica, sanitária e política, a saída é o afastamento do presidente, do seu vice e dos seus ministros”, destaca Amarildo, para quem “esse governo não tem condições de combater a pandemia e salvar vidas, muito menos de fazer o Brasil voltar a crescer”.
O pior ainda está por vir
Para o economista do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), Ricardo Franzoi, “o pior ainda está por vir. Se nada for feito, poderemos ter um aumento ainda maior no número de desempregados no final de 2020”.
“Não há saída a curto prazo”, enfatizou alertando que podemos estar frente a um período de crise de cinco a dez anos. Franzoi salienta que “é impossível segurar o auxílio-emergencial para o resto da vida e que o governo federal precisa articular alguma medida econômica para a retomada do emprego”.
Fonte: CUT-RS