A saúde dos trabalhadores em meio a pandemia foi tema da Live do Sindipetro-RS desta sexta-feira, 24. A doutora Maria Juliana Mouro Corrêa possui um extenso currículo. Graduada em Serviço Social pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul - PUCRS, especialista em Epidemiologia pela Universidade Federal de Pelotas -UFPEL; Mestre em Serviço Social pela PUCRS. Doutora em Saúde Coletiva, área de concentração em Epidemiologia, pelo Instituto de Saúde Coletiva da Universidade Federal da Bahia - ISC/UFBA. Pesquisadora Associada da ENSP/FIOCRUZ.
A conversa foi mediada pelo dirigente Dary Beck Filho. O vídeo na íntegra está disponível no Facebook do Sindipetro-RS.
Leia abaixo alguns pontos levantados pela Dra. Juliana Corrêa
A importância da saúde pública
"A importância da saúde pública para toda a população. Todos dependem da saúde pública e uma pandemia como essa deixa claro porque se precisa de política pública. Não tem como combater uma pandemia sem uma visão sanitarista e o conceito de igualdade entre a população. Não é aceitável o que esta sendo debatido nesse momento, da escolha de quem vive e de quem morre. E no Brasil, assim como nos EUA vive um desfinanciamento da saúde pública e isso compromete nesse momento".
Acredito que vamos viver período de isolamentos e flexibilização. O que seria mais adequado era manter o isolamento ate a certeza de que a curva está diminuindo. Estamos num momento em que os trabalhadores estão adoecendo e muitos não estão sendo testados".
Sindicato exigiu testes
Dary: "Na Petrobrás uma das primeiras que coisas que cobramos era que tivesse o teste para os trabalhadores, mas a gestão local segue o governo federal. Uma coisa causou indignação foi quando a gestão da Petrobrás determinou que só pagaria o trabalhador das empresas contratadas se o tivesse o trabalho via medição. Os donos das terceirizadas mandaram todos trabalhadores para dentro da empresa, mesmo aqueles que não estavam em serviços essenciais, como corte de grama, por exemplo, aumentando a quantidade de circulação de gente na refinaria e consequentemente aumentando o risco da contaminação das pessoas".
Trabalhadores dos serviços essenciais estão em risco
Dra. Juliana: "No primeiro momento a epidemia centrou muito no isolamento da população de risco, e mesmo quando a gente trata essa população, falamos em pessoas com comorbidade. Esquecemos de colocar que no grupo de risco estão os trabalhadores nos serviços essenciais, pela presença que a transmissão se da pelos indivíduos. O presenteísmo é um grande problema, em que traz uma pauta dos trabalhadores que os traballhadores sempre tiveram, que é a redução da jornada de trabalho. Isso esta sendo conceituado nessa interpretação, precisamos mudar o nosso modo de viver e de trabalhar depois da pandemia. O presenteísmo é emblemático, estar presente uma exposição contínua e o vírus nos traz essa representação.
Os petroleiros, trabalhadores da saúde, gari, dos transporte coletivos, cada um com seus processos de trabalho e de risco. Os petroleiros de forma em geral são mobilizados e saíram na frente, exigindo a testagem e segurança, mas outras categorias que não conseguiram garantir o mínimo. Não temos uma fiscalização imediata se estão sendo cumpridos".
Dary: o sindicatos estão denunciando essas ocultação de números, queremos garantir que as pessoas possam pelo menos saber se estão contaminadas.
Trabalhadores essenciais mas sem o essencial
Dra. Juliana: "Eu acredito que o mais importante nesse momento é refletirmos que não existe vida sem coletivo e que dependemos dos outros para a nossa sobrevivência. Essa pandemia nos traz de lição o valor dos trabalhadores e o desrespeito pelo processo produtivo e a proteção dessas pessoas que produzem a riqueza, que estão sendo chamados de essenciais, mas sem o essencial para que eles possam sobreviver. Não podemos deixar em risco os trabalhadores, eles são prioridades na nossa sociedade".