Nov 25, 2024

Petroleiros realizam ato contra a demissão em massa no Sistema Petrobrás

Frente ao cenário devastador comandado pelo governo federal, os petroleiros da Refap realizaram, nessa sexta-feira (17), o ato contra as demissões em massa do Sistema Petrobrás e em defesa da Fafen-PR.  As mobilizações aconteceram também nas demais bases da FUP, em todo o Brasil, com maior intensificação na cidade de Araucária, no Paraná, onde fica localizada a fábrica de fertilizantes nitrogenados.  

No último dia 14, a gestão da Petrobrás anunciou o fechamento da Araucária Nitrogenados S.A (Ansa/Fafen-PR), uma subsidiária da Petrobrás que atende o setor agrícola - justamente o mais produtivo do Brasil. Isso representa a demissão de cerca de 1.000 trabalhadores da unidade, sendo aproximadamente 400 empregados próprios e 600 terceirizados. Sem nenhuma negociação com o sindicato, a categoria tomou conhecimento das demissões pela imprensa.

Com o falso argumento de que a Fafen-PR dá prejuízos, a gestão da Petrobrás abandona o setor  de fertilizantes nitrogenados no Brasil, favorecendo as multinacionais, os importadores e criando empregos em outros países.

A falácia utilizada pelos gestores da empresa é facilmente desmentida. Isso porque, com o fechamento da fábrica, o Brasil terá que importar 100% dos fertilizantes nitrogenados que consome. Além disso, o país ficará dependente da importação de ARLA 32, reagente químico usado para reduzir a poluição ambiental produzida por veículos automotores pesados. Fora que é a própria Petrobrás quem produz matéria prima que gera ureia e amônia na unidade, já que o RASF (resíduo asfáltico utilizado para produzir Ureia e Amônia) é derivado da Repar, refinaria da estatal e que fica exatamente ao lado da Ansa/Fafen-PR, em Araucária-PR. Somado a isso, os prejuízos que a desativação da Fafen-PR terá para o município de Araucária, que sofrerá uma redução de R$ 75 milhões anuais em arrecadação. Serão menos fertilizantes produzidos no Brasil e mais importação, com mais riscos à soberania alimentar e, provavelmente, aumento nos preços dos produtos agrícolas.

TEMOS QUE REAGIR E RESISTIR

É consenso entre as falas dos petroleiros e de outras categorias de trabalhadores, durante o ato na Refap, que a única maneira de tentar amenizar os prejuízos causados por este governo é com luta e resistência. Mais do que um grito de guerra, lutar, reagir e resistir é a única saída para o mal que se aproxima.

Para a dirigente Miriam Cabreira, um país que já sofre com a questão do desemprego, fechar uma indústria química é sinal de um antipatriotismo - contrariando tudo o que foi inflamando durante a campanha presidencial: " Esse não é o caminho para um país desenvolvido. Nós estamos revoltados com o que a gestão está fazendo conosco, tudo isso dentro do processo de desmonte para acabar com a empresa pública. 2020 já inicia com a importância de fazer esse ato, porque a luta vai ser grande contra a venda das refinarias e o desmonte da empresa".

Para o ex-presidente da CUT-RS, Claudir Nespolo, o que "é certo" para esse governo significa que é prejudicial à classe trabalhadora: "Não se trata de torcer contra o governo, se trata de denunciar o aparato entreguista instalado no Brasil, eleitos com fake news, e com essas mentiras eles vão entregando o patrimônio brasileiro".

Representantes de outras categorias também estiveram no ato, como Marcelo Carlini, dirigente do Sintrajufe e o presidente do SindiBancários, Everton Gimenis: " desde 2016 a gente anunciava que o golpe era para acabar direitos trabalhistas, previdenciários e para entrega das riquezas do Brasil. Também estão na mira deste governo a  privatização da Caixa Econômica e do Banco do Brasil", alerta o bancário.

As fotos do ato estão aqui 

FAFEN-PR

- Inaugurada em 1982, a Araucária Nitrogenados (Fafen-PR) tem capacidade de produção diária de 1.975 toneladas de ureia, 1.303 toneladas de amônia e 450 metros cúbicos de ARLA 32. A planta produz ainda 200 toneladas por dia de CO2, além de 75 toneladas de carbono peletizado e seis toneladas de enxofre.

- O Brasil é o quarto maior consumidor de fertilizantes do mundo e, com o desmonte da Petrobrás, tornou-se ainda mais dependente das importações, o que compromete a soberania alimentar. O país importa mais de 75% dos insumos nitrogenados, na direção contrária de outras grandes nações agrícolas, cujos mercados de fertilizantes estão em expansão.

Importância da amônia e ureia na agricultura

Amônia:

-Fertilizantes: sulfato de amônio, fosfato de amônio, nitrato de amônio e ureia;
-Produtos químicos: ácido nítrico (utilizado na preparação de explosivos);
-Fibras e plásticos: nylon e outras poliamidas;
-Produtos de limpeza: detergentes e amaciadores de roupa.

Ureia:

- Também utilizado como reforço alimentar para gado;
-Fertilizante sólido na adubação de um grande número de plantas;
-São grânulos brancos que contém 46% de Nitrogênio; é o fertilizante sólido de maior concentração de Nitrogênio e, por isso, é um tipo de composto que tem como principal função fornecer esse elemento para as plantas;
-O Nitrogênio garante plantas com vigor e saudáveis;
-A ureia é usada como repositor de Nitrogênio, para que a planta possa recuperar a vitalidade e continuar saudável;
- Também utilizado para reduzir a poluição de motores diesel.

 

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