Nov 25, 2024

Lançado o Fórum Petrobrás para Todos!

 

Aconteceu na quarta-feira (05), o lançamento do Fórum Petrobrás para Todos. Promovido pelo Sindipetro-RS, a atividade reuniu, no auditório do SindBancários, em Porto Alegre, o Deputado Estadual Pepe Vargas (presidente da Frente Parlamentar em Defesa da Petrobrás), representantes de diversos parlamentares, movimentos sociais, sindicais e centrais, que se uniram à categoria petroleira com o objetivo de envolver a sociedade na defesa de uma Petrobrás estatal, que cumpra o papel estratégico de promover o desenvolvimento do país e a soberania nacional. No ato, foi lançado, ainda, a plataforma de ativismo inteligente, que integrará os militantes, tanto presencialmente, quanto pela WEB, por meio de um aplicativo gameficado que fornecerá orientações, missões diárias, desafios semanais, formação política e qualificação militante.

O dirigente do Sindipetro-RS, Dary Beck Filho, abriu as falas apontando os objetivos do Fórum Petrobrás para Todos: "a ideia é que a partir de hoje possamos desenvolver outras atividades de reflexão e mobilização com a sociedade gaúcha em defesa da Refap. Passamos por um momento difícil no país, estamos sofrendo os mais diversos ataques, mas a Petrobrás vem sofrendo o mais cruel deles. Nesse momento de crise, a Petrobrás poderia ser usada como geradora de empregos e desenvolvimento, mas o governo prioriza a destruição do Brasil", reforça o dirigente.

Um dos palestrantes da noite foi o economista e coordenador técnico do Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep), Zé Eduardo Dutra Rodrigo Leão, que falou sobre a geopolítica do petróleo, os movimentos internacionais de exploração no refino e a inserção brasileira nesse processo.

Reservas recentes de petróleo foram descobertas em países da costa do Oceano Atlântico, entre eles o Brasil. Atualmente as reservas brasileiras ocupam a décima quinta colocação, comprovadamente com 12 bilhões de barris. Com o pré-sal, a estimativa será de 80 bilhões de barris, pulando para as dez maiores potências petrolíferas: "viramos alvos por conta disso. Os países que consomem muito petróleo precisam repor suas reservas e eles precisam acessar esses lugares o mais rápido possível. E esses países preferem investir aqui no Brasil que no Irã", exemplifica Rodrigo.

De acordo com o economista, o Brasil está fazendo um movimento contrário aos grandes produtores e consumidores de petróleo, como a Europa, EUA, China e Oriente Médio: "os países consumidores, como no caso dos EUA, estão em busca de novas reservas de petróleo, pois em breve o consumo ultrapassará a produção. No caso da China, eles estão investindo cada vez mais na exploração de petróleo, duplicando a sua capacidade de refino, resultando no crescimento equivalente a três parques de refino brasileiro em 15 anos. O Brasil vai na contramão dessa estratégia, vendendo refinarias e reservas de petróleo, sem investir na área de exploração e produção. O Brasil caminha para importar mais gasolina, ficando refém dos preços internacionais e atrelados a uma estratégia em que nada interessa para o desenvolvimento do Brasil, e sim aos estrangeiros. A China não só está comprando as reservas de petróleo brasileira, como está interessada nas refinarias. Ficaremos reféns da estratégia chinesa no parque de derivados de petróleo", diz.

O Deputado Estadual Pepe Vargas (PT), parabenizou o projeto fazendo uma analogia a data 7 de setembro, comemorada no próximo sábado: "nada mais adequado que fazer a defesa da Petrobrás e da soberania nacional na semana em que se comemora a independência do Brasil. O deputado, que preside a Frente Parlamentar Gaúcha em Defesa da Petrobrás, também falou sobre os encaminhamentos da Frente. Um deles, realizado no começo dessa semana, foi a audiência com o governador Eduardo Leite. Para o deputado, ficou claro que antes desse encontro, o governador não tinha dimensão do que a Refap representava para o Estado. Mas que a partir dos estudos técnicos entregues a ele, o governo iria tomar a sua posição. Pepe ainda informou que estão sendo convocadas Audiências Públicas nos municípios onde funcionam estruturas da Petrobrás no RS.

Maria do Carmo Bittencourt, representante da Marcha Mundial das Mulheres, relacionou a importância de uma Petrobrás 100% estatal com a luta da autonomia das mulheres: a luta pela defesa da Petrobrás é também a luta da possibilidade de autonomia das mulheres. À primeira vista parecem dois temas distantes, mas quando a gente pensa na privatização da Petrobrás a gente pensa na volta ao mapa da pobreza, a volta do uso de lenha para cozinhar. Defender a soberania do Brasil é defender o acesso das pessoas a nossa riqueza. Precisamos pensar em como fazer a ampliação dessa luta, desses impactos, para levar à população. Parece que é só o emprego dos outros, e não é isso. É a nossa capacidade inteira de produção que estará comprometida com essa privatização e a inserção social", defendeu.   

O presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil no RS (CTB), Guiomar Vidor, saudou a iniciativa do Sindipetro-RS pela realização do Fórum em uma fase de regressões tão avassaladoras que o Brasil está passando no campo econômico e social. "O nosso grande desafio é saber o que fazer para despertar a sociedade. A luta pela Petrobrás é de todos e a CTB está junto nessa briga, contribuindo para a que a Petrobrás seja uma empresa nacional e que possa contribuir para o desenvolvimento do país ".

Claudir Nespolo, presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT-RS), falou sobre as mentiras do governo e a onda de destruição: "estes criminosos que estão governando o Brasil com mentiras e fake news, estão destruindo tudo. Estão queimando o patrimônio público, a educação, a previdência. A queima é geral. A defesa da Petrobrás é a defesa da soberania e ninguém vai se salvar sozinho, temos que gritar todo mundo junto".  

Representando a União Nacional dos Estudantes (UNE), Regina Brunet, destacou os retrocessos brasileiros: "Lutar pela soberania é também lutar pela autonomia da ciência, por investimento na pesquisa brasileira, na produção, na educação, em bolsas de estudos e na produção estratégica. Que sejamos independentes desse imperialismo americano. Quem defende o Brasil é quem defende a autonomia do nosso povo", argumentou a estudante.

Abigail Pereira, representante do Senador Paulo Paim (PT), falou sobre a necessidade de informar a sociedade que, se a Refap for vendida, quem pagará por isso será a população: "é preciso organizar a nossa resistência e reafirmar a sociedade o que ela perde. Todos produtos derivados do petróleo ficarão mais caros, faltará desenvolvimento da inovação tecnológica no Estado, aumentará o desemprego, o preço dos combustíveis e a pobreza."

O ex-Ministro  Miguel Rossetto pediu a palavra e destacou que a única maneira de garantir abastecimento a todas as regiões brasileiras é com a Petrobrás 100% estatal: "nenhum país que tem projeto de futuro trata energia como oportunidade de negócio, como este governo faz. Energia trata-se de um valor comum e público e por essa razão que a Petrobrás não é uma oportunidade de negócio,  ela é um grande projeto de desenvolvimento de um país. Jamais esse Brasil nas últimas décadas teve qualquer crise de abastecimento de combustível. Todas as regiões tiveram suporte da energia desenvolvida pela Petrobrás. O pré-sal é do povo brasileiro e a Petrobrás deveria ser a única empresa exploradora do pré-sal. Todas as empresas de energia são base fundamental de desenvolvimento de um país e por essas razões é que esse governo busca destruir as possibilidades de desenvolvimento do Brasil.  Há muita luta a ser feita. Esse país precisa de uma Petrobrás pública para todos os brasileiros", disse Rossetto.  

No final foi exibido os vídeos institucionais da campanha Petróleo para Todos e lido o manifesto, aprovado por todos os convidados:

As oportunidades que o povo precisa, a Petrobrás pode gerar

É preciso dar três importantes passos para ajudar o País a sair da crise: reduzir os preços dos combustíveis, refinar o nosso petróleo aqui, nas refinarias brasileiras, e direcionar estrategicamente os investimentos da Petrobrás para fomentar o desenvolvimento nacional.

Reduzir os preços dos combustíveis. O Brasil pode e deve fazer.

Hoje, apesar de quase a totalidade do petróleo consumido no País ser produzido aqui, por decisão do governo federal, os preços dos combustíveis acompanham os preços internacionais. Esta política beneficia apenas os especuladores, a maioria dos EUA. Enquanto isso, o povo brasileiro paga mais caro o gás de cozinha, a gasolina, o diesel, a querosene de avião e praticamente tudo o que consome. Afinal, os preços dos combustíveis impactam quase tudo. Essa política faz sobrar menos dinheiro para as empresas investirem, deixando de gerar oportunidades para a população.   

Vender petróleo bruto e, depois, comprá-lo refinado é estupidez.

Hoje o Brasil vende o Petróleo bruto para países estrangeiros, a maior parte para os EUA e, depois, compra deles mesmos, já refinado. E nossas refinarias ficam 30% ociosas. Os brasileiros têm que pagar pelo transporte de ir e voltar, por taxas de exportação e importação e, ainda, pelo lucro de todos os atravessadores. Ao invés de fomentar o desenvolvimento e gerar oportunidades aqui, para todos, o governo federal só gera benefícios para alguns poderosos.

Precisamos investir de modo inteligente para fomentar o desenvolvimento do País

A Petrobrás está sendo dirigida como se não fosse uma estatal brasileira. Parou de investir no País. Só faz aumentar o lucro dos acionistas na bolsa de valores de Nova York. Vale lembrar que a Petrobrás só descobriu o Pré-Sal no Brasil por que fez investimentos  em tecnologia para localizar e extrair o petróleo onde jamais havia sido explorado. Se a forma de administrar fosse a mesma de hoje, com a lógica capitalista de obter lucro máximo em pouco tempo, o Brasil jamais teria descoberto.

Os investimentos da Petrobrás são fundamentais para o nosso Estado

Enquanto a legislação exigia investimentos e maior participação nacional na cadeia de suprimentos do setor de óleo e gás, surgiu uma potente indústria naval em Rio Grande que chegou a gerar 30 mil empregos e repercussões econômicas por todo o estado. A permanência das Unidades da empresa no RS é fundamental para gerar desenvolvimento, empregos e tributos.

A Refinaria Alberto Pasqualini, o terminal de armazenamento em Osório e Canoas, as estruturas para prover o recebimento de matérias primas em Tramandaí e Imbé, os oleodutos e gasodutos que atravessam nosso território, por sua vez, garantem suprimentos de gasolina, diesel, gás, nafta, querosene para aviação, massa asfáltica e outros derivados a custos menores do que se os importássemos de outros países ou de outros estados.

Portanto, a Petrobrás pode e deve gerar as oportunidades que a gente precisa

Basta o Brasil decidir que a Petrobrás se mantenha pública e mude seus rumos, voltando a assumir o seu relevante papel no desenvolvimento econômico e social do Rio Grande do Sul e do Brasil.

Queremos a Petrobrás para todos!

 

Imagens | Tiago Silveira

Facebook