Na segunda-feira, 25, os trabalhadores do EDISP (sede administrativa da Petrobrás em São Paulo) foram surpreendidos por uma reunião de última hora, convocada para o final do expediente (entre 17h e 18h), com o novo Gerente Executivo de Gestão de Pessoas, Cláudio Costa. O gerente confirmou o fechamento da unidade e revoltou os petroleiros ao afirmar que haverá demissões e privatização em todo o sistema e que muitos dos trabalhadores do EDISP e de outras unidades não serão aproveitados pela companhia.
Além do tom terrorista, a conversa com os trabalhadores foi feita a portas fechadas, sem a presença de representantes do Sindipetro, cujos dirigentes participavam no mesmo dia de uma reunião com o RH na sede da Petrobrás, no Rio de Janeiro, justamente para discutir a situação dos petroleiros do EDISP.
Vários áudios com as declarações de Cláudio Costa foram divulgados nas listas de WhatsApp, deixando a categoria indignada e atônita com a frieza com que se referiu ao futuro dos trabalhadores e da própria Petrobrás. Gestor especializado em reestruturação, ele não faz parte dos quadros da empresa e foi importado do mercado para tentar colocar em prática o projeto do atual governo de privatização.
Para o coordenador da FUP, José Maria Rangel, as ameaças feitas pelo gerente de RH não causam surpresa. “Quem indica o presidente da Petrobrás e a maioria dos seus representantes no Conselho de Administração da empresa é o governo de Jair Bolsonaro, presidente que o povo brasileiro elegeu e que tem em seu DNA a privatização e a retirada de direitos da classe trabalhadora”, afirmou.
Para José Maria, também não há surpresa alguma na tática do presidente da Petrobrás, Roberto Castello Branco, que tentou atenuar as declarações de Cláudio Costa, divulgando nesta quarta-feira, 27, um vídeo tentando acalmar a categoria, ao afirmar que não haverá demissões no EDISP. “Tanto a fala do gerente executivo, quanto do Castello Branco foram muito bem combinadas. É assim que eles agem. Eles estão na companhia para cumprir o programa de governo que foi eleito pelo povo brasileiro, que é privatizar e retirar direitos”, destacou.
O coordenador lembra que a Federação Única dos Petroleiros sempre esteve à frente das lutas em defesa da defesa do Sistema Petrobrás e dos direitos da categoria, denunciando os riscos desse projeto entreguista, que hoje comanda o país. “Denunciamos o golpe, lutamos contra a quebra da Lei de Patilha do Pré-Sal, estivemos à frente do processo para tentar eleger um projeto de governo democrático e que visasse o desenvolvimento da nossa nação”, lembra José Maria, ressaltando que a FUP continuará nas trincheiras de luta em defesa da classe trabalhadora e das empresas estatais.
“O que eles querem é privatizar a nossa empresa para transferir recursos para o capital internacional e isso nós não vamos permitir. E não é com bravatas que vamos barrar esse processo. É Com luta, que é a marca da FUP”, avisa o coordenador, alertando os trabalhadores para que não caiam no engodo das declarações de Castello Branco. “Ele já afirmou em entrevistas que defende a privatização de todos os ativos da Petrobrás, à exceção do Pré-Sal. Não vão vender refinarias, terminais, fábricas de fertilizantes e manter os trabalhadores nos prédios. Isso é uma falácia. Só a luta vai garantir a nossa empresa forte e nossos direitos”, afirma José Maria Rangel.
Em assembleia setorial realizada nesta quarta-feira, 27, os trabalhadores do EDISP aprovaram a realização de um ato de repúdio às declarações de Cláudio Costa, que será realizado na sexta-feira, 01/03, pela manhã.