Nov 26, 2024

Sindipetro participa do almoço de acolhida ao Frei Sérgio

 

Dirigentes do SINDIPETRO-RS fizeram parte de um pequeno grupo de convidados para o almoço com o Frei Sérgio, que deu um depoimento sobre estes 26 dias de greve de fome. O encontro aconteceu na manhã desta segunda, na FeteeSul.  Para Frei Sérgio, "as paredes frias do STF tornam pessoas, que antes tinham um pouco de humanidade, em pessoas indiferentes ao povo".

Os ativistas encerraram a greve no sábado, 25 de agosto. Sete militantes de movimentos populares (Jaime Amorim, Zonália Santos, Rafaela Alves, Gegê Gonzaga, Vilmar Pacífico, Leonardo Soares e Frei Sérgio Görgen), estavam em Brasília, desde o dia 31 de julho, na luta pela defesa da democracia, Lula Livre e Luta por Justiça no STF.

Para o frei Sérgio Gorgen, que tem vasta experiência nesse tipo de manifestação, já tendo feito outras quatro greves de fome, a lição deixada durante os 26 dias de jejum e luta se projeta no futuro.“A luta continua. A greve de fome é um instrumento tático e é principalmente uma demonstração do caráter, da resistência do povo brasileiro. É uma demonstração daquela percepção que Euclides da Cunha teve no final da Guerra de Canudos: o sertanejo é, antes de tudo, um forte. As brasileiras e os brasileiros são, antes de tudo, fortes”.

Carta de Lula

O encerramento da greve ocorre um dia após o ex-presidente ter enviado uma carta. Nela, Lula disse que tem acompanhado diariamente o ato extremo e recebido relatos por meio dos familiares, visitantes e advogados.

“Não tenho palavras para agradecer o gesto e a atitude de vocês em defesa da Democracia, da liberdade, da expressão em defesa dos direitos do povo trabalhador do campo e da cidade, e também pelo direito de eu ser candidato à Presidência da República”, escreveu Lula.

Leia, abaixo, a íntegra do manifesto de encerramento do movimento:

Manifesto da greve de fome por justiça no STF à militância popular e ao povo brasileiro 

No dia 31 de julho, iniciamos a Greve de Fome por Justiça no STF – Supremo Tribunal Federal, com um manifesto à sociedade que foi protocolado no próprio STF, num ato político que resultou em repressão absurda e descabida aos militantes grevistas. Mas não conseguiram calar as nossas vozes: resistimos e ainda mais fortes e indignados, deflagramos o processo da greve de fome. 

Nosso objetivo com a greve é contribuir na luta pelo enfrentamento ao golpe que sob o contexto de crise profunda do capital, amplia os processos de exploração do trabalho e dos nossos bens naturais, causando aumento da desigualdade, da fome, da miséria, do desemprego e da violência social. A greve de fome luta por soberania popular, pelo controle de nossos bens estratégicos do petróleo e da energia, pelo direito do povo de participar do poder e decidir os rumos do país. Por isso lutamos pela libertação do presidente Lula, que está encarcerado desde o dia 7 de abril, sem crime e sem prova. Portanto, Lula é inocente e sua prisão tem caráter político.

Denunciamos com a greve de fome a ditadura do judiciário, principalmente do STF que de forma arbitrária tomou o lugar do povo, rasgando a Constituição brasileira e fragilizando ainda mais a democracia, construída na dura disputa da luta de classes.

Sabemos que a greve de fome é um ato extremo, mas o praticamos de forma consciente, inspirados na revolucionária resistência ativa, historicamente forjada pelos povos que não baixaram a cabeça diante das elites dominantes.

E após 26 dias de Greve de Fome, decidimos por sua suspensão, por entender que ela cumpriu com seu sentido provocador dos objetivos que propusemos desde o início desta ação política. Nos sentimos vitoriosos, pois assim se sentem os povos que lutam e tivemos acúmulos importantes para o conjunto da luta popular.

Conhecemos melhor quem são os chamados operadores do direito, ministros e asseclas do poder judiciário. Vimos como se movem por um teatro fantasioso, guiados pela mídia burguesa, com pouca sensibilidade pelo povo, e nenhum respeito pela constituição. Como opera o governo dos golpistas, seus interesses explícitos de estar a serviço do capital estrangeiro, das empresas transnacionais, dos bancos e do seu próprio bolso.

Conhecemos melhor como funciona a mídia burguesa, mentirosa, que se pauta apenas pelos interesses de seus patrões e da manutenção do poder aos privilegiados. Como age o poder legislativo, peça fundamental do golpe e seu total distanciamento dos problemas reais do povo.

Nestes 26 dias de greve, ocupamos o STF com nossos atos políticos e inter-religiosos, através de audiências com diversos ministros, pautando a necessidade de votar as ADCs – Ações Declaratórias de Constitucionalidade, assegurando a presunção de inocência.

Denunciamos o não cumprimento da Resolução da Comissão de Direitos Humanos da ONU pelo Brasil, que determina o direito de Lula ser candidato nas eleições de 2018.

Seguimos firmes na luta e dispostos a contribuir com as tarefas históricas e os desafios que estão colocados para os movimentos e organizações do campo popular. Lutaremos de forma incansável pelo respeito à justiça, garantindo Lula Livre e pelo seu direito de disputar as eleições. Pela construção soberana de um Projeto Popular para o Brasil.

Nossas principais tarefas políticas são trabalho de base, formação política e retomada das lutas da massa. Precisamos ouvir o povo, estar inserido na sua luta cotidiana de resistência e provocar processos de lutas contundentes. As formas de trabalho de base são variadas, e devem envolver as visitas nas casas, as reuniões de pequenos grupos, assembleias populares, a construção dos Congressos do Povo e da Frente Brasil Popular.

Devemos travar a batalha das ideias na disputa da comunicação popular, enfrentando o poder ideológico da grande mídia.

Teremos ainda muitas batalhas coletivas pela frente, mas temos a certeza que “se calarmos, as pedras gritarão!”. Nosso desafio é que a luta atual se transforme em força social capaz de virar o mundo e destruir privilégios. Não pagaremos a conta do fracasso desse modelo de sociedade. Por isso a luta vale a pena e a vida vale a luta! Essa luta é nossa! Essa luta é do povo!!

Brasília, 25 de agosto de 2018.

Jaime Amorim, Zonália Santos, Rafaela Alves, Frei Sergio Gorgen, Luiz Gonzaga Silva – Gegê, Vilmar Pacífico e Leonardo Nunes Soares. 

 

 

Facebook