Nov 26, 2024

VII Plenafup: os desafios para mobilizar milhões de pessoas

 

A análise de conjuntura abriu os painéis da VII Plenafup dessa sexta- feira (03). A mesa intitulada "Mobilizar e ampliar o diálogo com a sociedade" foi composta pelo líder do MST, João Pedro Stédile; o historiador Paulo Fontes; o diretor da CUT, Julio Turra e pelo diretor da CTB, Divanilton Pereira. O modo como as lutas e as conquistas dos trabalhadores, no Brasil e América Latina, são desenvolvidas,conduziram a explanação.

De acordo com o historiador Paulo Fontes, entendimento global do trabalho (pensando a ação dos trabalhadores internacionalmente), a articulação entre as noções de classe social, raça e gênero, e a necessidade de formulação de novas sínteses (uma vez que os estudos atuais estão, segundo Fontes, muito centrados em casos específicos).

Na sequência, Stédile apresentou a analogia de fatos que ocasionou na atual dependência econômica do Brasil com o capital estrangeiro. No entanto, o cenário atual é de crise do capital internacional e do Estado Burguês e essa seria a oportunidade para os movimentos da classe trabalhadora na disputa ideológica com as elites:  "as forças de esquerda tem que pensar num novo estado, pode botar o Jesus Cristo de presidente, que ele não manda mais no capital". Stédile mostrou que essa conjuntura também passa por uma crise civilizatória, que segundo ele, valores, que ao longo do século serviram para "os enfrentamentos da barbárie", vem sendo ameaçadas pelo capitalismo e seu estímulo ao consumismo, como noções de solidariedade, de igualdade e de justiça."

Lula Presidente

Aclamado pela plenária, o líder do MST, defendeu a construção de um programa de reformas estruturantes a longo prazo, mas a curto prazo, a tarefa prioritária é eleger Lula para a presidência: "do ponto de vista estamos diante de luta de classe, e o centro dessa luta se chama Luiz Inácio Lula da Silva. O Lula é a classe trabalhadora. A nossa força é a luta de massas, é a mobilização de massa que expressa a força na sociedade. Se Lula não ganhar, o conflito só vai aumentar. Serão quatro anos de aprofundamento da crise", disse Stédile.

Júlio Turra, diretor da CUT, apresentou aos petroleiros a história da formação da organização da classe trabalhadora no Brasil, lembrando as origens do anarcosindicalismo no início do século XX, que tinha ênfase na ação direta, na ampla solidariedade (na ausência do Estado, promovia o socorro mútuo entre os trabalhadores), a criação de sindicatos e a realização da primeira greve brasileira, em julho de 1917. Além disso, ele apresentou o papel das greves do ABC, no final dos anos 70 e 80 do século XX, que romperam com o assistencialismo e com parte da influência estatal na organização dos trabalhadores, levando à criação da própria CUT e do PT, em um momento em que também nascia o MST. A Constituição de 1988, lembrou Turra, eliminou alguns aspectos do estatismo sindical (como a possibilidade de intervenção do Ministério do Trabalho nos sindicatos e o Estatuto Padrão) mas manteve outros (como a unicidade sindical e o imposto sindical).

Último a falar, o diretor da CTB, Divanilton Pereira, defendeu a leitura de que os grandes momentos de avanços sociais no Brasil foram feitos quando houve o envolvimento de amplos setores. "Compreendemos que a amplitude do diálogo define estratégias, e aqui existe um consenso, a CTB é parte desse consenso, a nossa estratégia é ganhar pela quinta vez a eleição que está em curso", argumenta o dirigente. em busca de consensos estratégicos, como a necessidade imediata de "ganharmos pela quinta vez a eleição presidencial".

Um dos exemplos lembrados pelo sindicalista para ilustrar a força de movimentos amplos é a Greve de Abril de 2017, que ultrapassou a organização dos sindicatos e obteve adesão em vários setores, como igrejas, escolas, entre outras instituições. O movimento, destacou, foi o responsável por evitar a Reforma da Previdência. "Defendemos a tática da amplitude, com diálogo, para envolver milhões de pessoas, organizadas ou não, porque todas as grandes mudanças brasileiras ocorreram assim. Estamos precisando de todos", afirma.

 

Facebook