Uma aula pública realizada na tarde da quinta-feira (31), em frente à Refap, que reuniu petroleiros, estudantes, sindicalistas, trabalhadores de diversas outras categorias, além de representações de movimentos sociais e a comunidade em geral, reafirmou a importância da Petrobrás para o Brasil e reiterou que a empresa é do povo brasileiro. A atividade, que iniciou com uma apresentação músico-teatral, integrou a agenda de lutas da categoria, que vem há semanas realizando manifestações e uma greve de advertência entre os dias 30 e 31.
Lutar de mãos dadas
Primeira a falar, a Secretária de Aposentados e Assuntos Previdenciários da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação, Selene Barboza Michielin, explicou o que os trabalhadores em educação estariam fazendo numa manifestação dos petroleiros. Segundo a professora, não é novidade a dívida que o país tem com a educação, com a escola pública de qualidade. “O país tem um Plano Nacional de Educação, construído com a sociedade através de conferências municipais, estaduais e nacional que não era o plano dos sonhos, mais que tinha muitos avanços. Buscava não ter mais analfabetos no país, trazer crianças e jovens para a escola, e a alternativa para garantir os recursos foi utilizar os royaltes do petróleo e neste sentido foi feita uma grande mobilização. E, nestas mobilizações, quando vimos que os petroleiros tinham pautas parecidas com as nossas, pensamos por que não lutamos juntos. E aí fizemos este “casamento”, que dura até hoje”, esclareceu ela.
Selene colocou que a luta dos petroleiros é a mesma dos professores, dos eletricitários e de toda a sociedade, “porque tudo está sendo colocado nas mãos dos grandes empresários e porque tudo está sendo vendido, e se lutarmos sozinhos já estamos derrotados. Precisamos fazer esta luta de mãos dadas”, disse.
Ela falou ainda da reforma trabalhista, da previdência e do governo ter extinto o Fundo Soberano (uma espécie de poupança do povo brasileiro). Lembrou também o congelamento por 20 ano das verbas para os programas sociais, para a educação, para a saúde e infraestrutura. “Com isso, de onde vamos tirar dinheiro para melhorar a educação, trazer as crianças para dentro da escola, para melhorar as escolas. O que estamos vendo é que a educação também está sendo privatizada”, concluiu.
A joia da coroa
“A Petrobrás, a joia da coroa, está de novo na berlinda”. A avaliação é do petroleiro aposentado, Geraldo Lúcio Góes Cruz, que ingressou na Petrobrás em 1963, nas obras de construção da REFAP e, em 1964, passou por concurso a ser efetivamente petroleiro e o segundo a falar durante a aula pública.
Tomado da emoção de quem viveu a história e participou literalmente de tudo que a Petrobrás representa hoje, ele lembrou que as lutas e as dificuldades existem desde que a empresa nasceu e lamentou que, infelizmente, hoje não se constata um posicionamento nacionalista, principalmente ao nosso país, e o que vivemos nos dias atuais ilustra muito bem este sentimento.
Frisou que a categoria petroleira tem uma longa e constante história de luta. “Somos uma categoria que manteve sempre encontros de dirigentes sindicais. Os petroleiros se reuniam todos os anos, realizando encontros para tratar de diversas reivindicações e até hoje continuamos reivindicando”, ponderou.
Pedro Parente na vitrine
Último a falar, o trabalhador a ativa da REFAP, Alexandre Chagas lembrou que a pauta dos petroleiros em relação aos preços dos combustíveis já existia antes do movimento dos caminhoneiros, e que o RS esteve entre os primeiros estados a antecipar as paralisações, fortalecendo o debate que estava sendo estabelecido com a sociedade sobre a situação dos combustíveis. “Conseguimos colocar o sr. Pedro Parente na vitrine, pautar o que a mídia não mostra sobre esta questão e mostrar que os petroleiros são a favor da redução dos preços dos combustíveis”, esclareceu.
Ele criticou a proposta do governo de reduzir o preço do diesel mexendo em impostos e frisou que os preços dos combustíveis estão atrelados aos preços internacionais do barril do petróleo. “É, portanto, uma política da gestão da Petrobrás” e estes 46 centavos serão ressarcidos à Petrobrás pelo governo Temer que vai retirar do bolso do povo brasileiro em forma de impostos. Segundo ele, “não existe o que justifique esta política de preços adotada pela Petrobrás”.
Durante as falas, os participantes se manifestaram fazendo perguntas, tirando dúvidas, colocando sua posição e fazendo sugestões.
O encontro teve a transmissão ao vivo das redes Soberania e Esquerda Online.