Em assembleia realizada no início da tarde da quinta-feira (31), em frente à Refap, os petroleiros do RS deliberaram por suspender a greve de advertência de 72 horas, iniciada a zero hora da quarta-feira (30) e retornar imediatamente ao trabalho.
A decisão foi tomada depois de um intenso debate e avaliação do movimento e vai ao encontro da orientação da Federação Única dos Petroleiros (FUP) e o mesmo vem ocorrendo nas demais bases dos sindicatos Fupistas.
Durante as falas, tanto das lideranças sindicais como dos trabalhadores, foram feitas intensas críticas ao Judiciário, que usando de um brutal poder econômico aumentou a já absurda multa de R$ 500 mil para R$ 2 milhões por dia. Para a categoria, a decisão reflete o estado de exceção que vive o país e é um claro apoio ao governo golpista do Temer que, entre outras iniciativas, tem se empenhado em desmontar os sindicatos e fragilizar a organização dos trabalhadores.
Avaliação positiva
Apesar da pressão do Judiciário e da suspensão da greve, a grande maioria dos trabalhadores avaliou como positivo o resultado do movimento paredista. “Um dos principais objetivos da nossa greve foi atingido. Queríamos estabelecer um diálogo com a sociedade para colocar na pauta o debate sobre a política de preços dos combustíveis e do gás de cozinha adotado por Temer e Pedro Parente na Petrobrás”, esclareceu a diretora do SINDIPETRO-RS, Miriam Cabrera. A sindicalista fez questão de lembrar que a greve não tinha um caráter corporativo e que todas as reivindicações têm relação com a política de desmonte que vem sendo promovida por Parente na Petrobrás e fundamentalmente contra a privatização da empresa. É importante ressaltar que a categoria petroleira já havia aprovado a greve contra a política de preços e a privatização, mas, com a greve dos caminhoneiros, o preço dos combustíveis virou pauta nacional, e os petroleiros, melhor do que ninguém, sabem que a solução é mudar a política de preços e diante do caos nacional não poderia se calar.
Já sobre a multa definida pela Justiça, Miriam destacou que é evidente o objetivo de tentar calar a categoria. “Agora temos que colher os frutos desta mobilização e manter vivo o debate sobre esta política de preços, sobre o modelo de gestão para a Petrobrás, que atende apenas aos interesses do mercado e se volta contra a população e ampliar nossa luta contra a privatização da empresa”.
Em sua fala, a também diretora Élida Maich, destacou o momento de exceção que passa o país e lembrou que a Advocacia Geral da União pautou a greve dos petroleiros diretamente no Tribunal Superior do Trabalho, não dando alternativas de contestação aos trabalhadores. “O recado foi claro, e é de acabar com os sindicatos e com a organização dos trabalhadores”, pontuou ela, reiterando que os temas que foram motivo e pautados pela greve, devem ser mantidos por cada petroleiro, de forma a esclarecer os verdadeiros motivos da política de preços adotada pela Petrobrás.
De acordo com a decisão da assembleia, a categoria continua as mobilizações de acordo com a agenda de lutas aprovada no último Conselho Deliberativo da FUP.