Nov 26, 2024

Primeira de uma série de audiências públicas destaca luta dos petroleiros contra a privatização

 

Dirigentes do SINDIPETRO-RS participaram no dia 24, da primeira de uma série de audiências públicas que serão realizadas na região metropolitana para denunciar à sociedade o desmonte da Petrobrás, com vistas a privatização bem como o impacto desta política dos golpistas Temer e Pedro Parente para os brasileiros.

A audiência aconteceu na Câmara de Vereadores de Esteio e contou com a presença da categoria, de representantes da comunidade, do vereador Leo Dhamer (PT) e do deputado federal Henrique Fontana (PT-RS). Além de Esteio, já estão agendadas mais duas ainda em maio. Dia 29, na Câmara de Vereadores de Porto Alegre e dia 30, o uso da Tribunal Livre, no legislativo de Canoas. Outras agendas estão sendo buscadas pelo Sindicato. 

Abrindo os trabalhos, o vereador Leo Dhamer, solicitante da audiência a pedido dos petroleiros, destacou que o Brasil é um dos poucos países onde se entrega o petróleo sem “dar um tiro”, referindo-se a outros países onde há guerras por causa do produto. “Não por acaso o país passou por um golpe parlamentar-jurídico-midiático, que está se espalhando pela América Latina, especialmente a Venezuela. Estes são dois países que têm importantes reservas de petróleo”, lembrou.

E, para o vereador, todos os espaços de debates e de alertas a sociedade são bem vindos e devem ser utilizados. “O momento é decisivo e temos que encontrar formas de dialogar e alertar a população”, frisou.

Já em sua fala, o presidente do SINDIPETRO-RS, Fernando Maia, apresentou o jingle da campanha da categoria para denunciar publicamente a privatização da Petrobrás e informou que outras peças, como outdoors, panfletos, busdoor também integram a campanha. “O objetivo é mostrar à sociedade o que vem acontecendo com a Petrobrás, que é uma das maiores empresas do povo brasileiro”, pontuou.

Em seguida, o dirigente fez uma avaliação do momento político, com a greve dos caminhoneiros, e frisou que o movimento, com todas as suas nuances, atesta, acima de tudo, a falência da política do governo golpista para a Petrobrás com foco no mercado e não na sociedade e no desenvolvimento do País. Lembrou que este cenário de caos, será ainda pior com a privatização da Petrobrás e das refinarias. “A Petrobrás e o seu fortalecimento é a principal esperança do povo brasileiro de ter desenvolvimento e uma vida mais digna”, acrescentou.

Maia destacou que o que os gestores e o governo vem fazendo não é vender ativos para criar “competição e oxigenar”, como discursam, mas está entregando o mercado para empresas privadas, que decidirão suas estratégias de acordo com suas conveniência e ganância por lucro. “Para quem vender, quando vender e a que preço, tudo será definido pela empresa, sem levar em conta as questões sociais ou as necessidades do povo”.

Demissões em massa

Segundo ele, está explícito na proposta que vende 60% de quatro refinarias, entre elas a REFAP, que a empresa poderá escolher os trabalhadores que permanecerão. Mas seguramente não serão todos, a exemplo do que ocorreu em outras privatizações, como no Polo Petroquímico e outros setores. Também não há garantias quanto a direitos e outras questões, até mesmo salários. “A experiência nos mostra que quando a empresa privada assume, ela enxuga os quadros, com redução de pessoal, substituição de mão de obra por pessoal com salários menores e retira direitos”.

Maia lembrou que estas demissões terão forte impacto também para as comunidades, que terão a renda geral reduzida, lembrando que desemprego e salários menores contribuem para a estagnação da economia nos municípios, além da questão dos impostos, como o ICMS que segurante terá alterações, com perdas de arrecadação. “Haverá fortes impactos econômicos e sociais por uma única ação da Petrobrás”.

Menos segurança para os trabalhadores e para o meio ambiente

O dirigente lembrou, ainda, a questão da segurança, cujo desmonte vem sendo denunciado pelo Sindicato, e que irá se acentuar com a privatização. A tendência de terceirização deste setor compromete fundamentalmente a segurança da planta, o que se torna uma “bomba relógio” para os trabalhadores e para a comunidade próxima a refinaria.

Por fim, lembrou que a Petrobrás ao longo do tempo tem feito importantes movimentos na preservação do meio ambiente que afeta as comunidades, para entregar um produto ambientalmente correto, mas qual garantia de que a empresa privada terá esta preocupação, questionou ele. “Estas empresas só enxergam o lucro e a política deste governo é entregar todas as riquezas, a água, o espaço aéreo e as estatais brasileiras para este capital privado”.

Fundamentalismo ultraliberal

O deputado Henrique Fontana frisou que a discussão que está em jogo é o modelo proposto pelo que chamou de “fundamentalismo ultraliberal” que está vigente na Petrobrás. “Dirigem a Petrobrás como se ela fosse uma empresa privada qualquer de mercado e está claro que este modelo faliu. É por culpa deste modelo que a gasolina, o gás de cozinha e o diesel tiveram mais de 50% de reajuste desde que este governo golpista assumiu”.

Fontana lembrou que nos 13 anos de governo Lula/Dilma os derivados do petróleo nunca subiram mais que o Índice Geral de Preços (IGP) e, no entanto, foi o momento que a Petrobrás mais investiu nas últimas décadas. “A Petrobrás é uma empresa fundamental para o país e para os brasileiros. Foi construída com o esforço de diferentes gerações, que estruturaram esta grande empresa para explorar o petróleo brasileiro e ser ferramenta de desenvolvimento científico, tecnológico e de indução do crescimento econômico do país”, esclareceu, lembrando que este não é o primeiro ataque sofrido pela Petrobrás, mas que em todos eles, desde sua criação, foi a mobilização dos trabalhadores e da sociedade que barrou o processo de privatização.

Sem novidades

Para o deputado gaúcho, não há novidade no que Temer e Pedro Parente estão fazendo. “Estão levando a cabo o modelo para privatizar a Petrobrás em fatias  e a explosão do preço dos combustíveis é para tornar a empresa mais atrativa para o mercado”.

Fontana acrescentou que é extremamente grave o Decreto assinado pelo ilegítimo presidente propondo a venda das refinarias sem certame público. “Imagine o que é entregar o controle deste refino para empresas que operam com a lógica do lucro máximo. A Petrobrás tem muitos papeis estratégicos e sempre contrariou esta lógica. Por isso temos que  fazer de tudo parar impedir a privatização das nossas refinarias – e a participação cidadã de cada um de nós será fundamental”,

Por fim, Fontana lembrou que 90% da população entende que a vida piorou depois que Temer assumiu. “Estamos num ambiente de golpe, num estado de exceção, que usa da força bruta e que prendeu o presidente Lula sem provas para impedi-lo de concorrer. Mas podemos derrotar o golpe e este projeto antinacional. Se o grupo que deu o golpe no país e que está fazendo todas as barbaridades vencer as eleições no voto, o atraso para a Nação será quase irreversível por gerações. A nossa luta é impedir a privatização das nossas refinarias e a partir de 30 de outubro (segundo turno das eleições) elegendo um projeto popular para o país. E como vamos vencer? Com a unidade da esquerda, a defesa das riquezas brasileiras para os brasileiros, a defesa de um projeto de nação, o fortalecimento da democracia, defendendo o direito do presidente Lula concorrer e elegendo um Congresso comprometido com a agenda dos trabalhadores e dos setores populares”.

Após as falas, alguns petroleiros presentes ao encontro se manifestaram, dando depoimentos de sua responsabilidade com uma vida dentro da REFAP, alguns com mais de 30 anos, atestando os laços fortes com a refinaria, com a comunidade e com questões como a segurança. Defenderam uma maior interação entre a categoria e a comunidade para colocar o que representará a privatização da Petrobrás e pedir o apoio a sua luta e os prejuízos de se entregar o patrimônio dos brasileiros. “Não interessa ao Brasil privatizar a Petrobrás”, destacaram.

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