Novamente, a mídia divulgou o que a direção dos Correios não tem coragem de debater abertamente com os próprios trabalhadores e com a sociedade. Em um ato dito discricionário (que tem como significado, no próprio dicionário, arbitrário, ilimitado, relativo à discrição), o novo presidente da estatal, Carlos Fortner – aliado de Guilherme Campos, amigo de partido, o PSD -, confirmou a possibilidade de fechar até mais de 500 agências próprias, em todo o Brasil, e demitir mais de 5 mil funcionários. Ele normaliza a situação e ainda destaca que a medida, totalmente cruel com a sociedade e os empregados, visa modernizar e atualizar os Correios.
Para a FENTECT e os sindicatos filiados, essa é mais uma proposta de desmantelamento dos Correios como empresa pública. Trata-se do sucateamento proposital da empresa, que tem feito decair a qualidade dos serviços, gerando a insatisfação dos clientes, agregada à violência contra os trabalhadores, que estão sendo acusados e ridicularizados, tanto nas redes sociais, quanto nas ruas.
O que a direção dos Correios quer é substituir as agências próprias por franqueadas, o que impacta negativamente a população. Além das últimas reestruturações bilionárias, realizadas em menos de um ano, um novo estudo está sendo feito com o intuito, apenas, de terceirizar, vender a estatal, que é do povo, para terceiros, e privatizar. Assim, não haverá também o subsídio cruzado, que faz com que a empresa se mantenha financeiramente a nível internacional, e complementa áreas que não dão muito lucro, relativamente.
Dessa maneira, muitas populações serão prejudicadas, principalmente nas periferias, já que as empresas privadas que assumirem o papel dos Correios não terão como foco as áreas menos favorecidas do país. Além disso, os preços dos serviços tendem a subir ainda mais com a privatização, tornando o acesso dificultado e a escolha ainda mais limitada aos interesses dos empresários.
Crise patrocinada
Apostando em um déficit duvidoso, os Correios aceleram os cortes, retirando direitos dos trabalhadores e ameaçando a categoria com demissões. Uma empresa sempre tida como pública e eficiente, agora, justifica uma suposta crise financeira com a entrega do patrimônio e o desfalque interno, enquanto deveria apostar nos próprios trabalhadores, realizando mais concursos, contratações e investimentos na capacidade de atender a sociedade.
A prova de que os problemas não são tão reais quanto a ECT alega está na falta de transparência com a sociedade; também comprovada pelos órgãos de fiscalização, que reafirmam as dificuldades da gestão da estatal; no processo continuado de contratações exorbitantes dos Correios, com altos cargos e salários, e na política de patrocínios, inclusive a esportes pouco ou nada populares no Brasil.
Vai ter luta sim!
Para buscar soluções, ainda que mais enérgicas, para frear as medidas da ECT, a FENTECT já entrou em contato com a direção dos Correios para marcar uma reunião, ainda esta semana. A categoria vai lutar pela valorização dos trabalhadores dos Correios e a manutenção dos serviços no território brasileiro, com efetiva qualidade.
Todos os setores, operacional e administrativo, precisam estar envolvidos no processo de defesa dos direitos. Os trabalhadores devem se unir para que mais benefícios, como o plano de saúde, não sejam duramente atacados.
O prenúncio da direção da empresa já antecipa a luta da campanha salarial deste ano contra a privatização da estatal, o sucateamento e o esvaziamento dos Correios no Brasil.
Fonte: Fentect